quinta-feira, 14 de abril de 2016

Augusto Leite



Augusto César Leite, mais conhecido como Augusto Leite, cirurgião famoso, nasceu em 30 de junho de 1886, no Engenho Espírito Santo, município de Riachuelo, sendo seus pais Francisco Rabelo Leite e Maria Virgínia Acioli Leite.

Realizou os estudos iniciais em Riachuelo e em Salvador e, após a conclusão do curso secundário, embarcou, em 1903, para o Rio de Janeiro, onde ingressou na Faculdade de Medicina daquela capital.
Nas férias do curso médico ia para Riachuelo, onde ajudava o irmão, Sílvio Leite, nos afazeres de médico clínico daquela cidade. Sempre dedicado ao estudo, diplomou-se no dia 2 de janeiro de 1909, ocasião em que defendeu tese intitulada “Contraindicação renal do emprego do salicilato de sódio”.

Em maio de 1910, fixou-se em Capela, onde iniciou o exercício profissional. Três meses depois, mudou-se para Maroim, onde permaneceu durante curto período, até se fixar em Aracaju que era uma pequena cidade sem calçamento e sem transportes, com uma população de 30.000 habitantes.

“Não obstante as dificuldades – diz um de seus biógrafos-- Dr Augusto, de fraque, bengala e chapéu, percorria as ruas arenosas de Aracaju, atendendo chamados dos clientes. A clínica era feita através da mãos, dos olhos, e ouvidos, fazendo-se uso, também, do olfato, e até do gosto. Por diversas vezes, realizava intervenções até de grande porte para a época, como mastectomias, na residência do próprio doente, em casebres de palha, à luz de querosene. O médico dispunha apenas de termômetro, estetoscópio monoauricular e rudimentares instrumentos cirúrgicos e, na falta de laboratório, fazia ele mesmo os exames de urina, sangue e fezes dos pacientes”.

Recém chegado em Aracaju, dirigiu a Escola de Aprendizes Artífices. Depois, assumiu a cátedra de Higiene Geral e História Natural do Atheneu Sergipenses e tomou posse como membro do Conselho Superior de Instrução Pública.

Em 1917, foi eleito para o Conselho Municipal e em 1918 assumiu a cátedra de História Natural do Seminário Diocesano.

A convite do Dr. Simeão Sobral, ingressou, em janeiro de 1913, no corpo clínico do Hospital Santa Isabel, único hospital de Sergipe. Era um hospital com duas enfermarias, sem equipamento de raios X, laboratório de análises clínicas e outros recursos de diagnóstico. Possuia quase nenhum instrumental cirúrgico, algumas ventosas e um termocaltério primitivo. As operações eram realizadas na sala de curativos, com o paciente em cima de um lastro de madeira; Os médicos operavam com a mesma roupa que usavam na rua, com paletó e gravata, sem máscara, sem luvas ou qualquer outro recurso de assepsia, e eram ajudados pelas Irmãs de Caridade. Quando muito, dispunham de um auxiiiar leigo, completamente desqualificado. Dr. Pimentel, encarregado do Serviço de Mulheres, “visitava sua enfermaria acompanhado de um serviçal portando um fogareiro, o qual exalava incenso ou alcatrão defumado, para afastar o terrível odor”.

Em junho de 1913, Dr. Augusto Leite viajou para a Europa e passou seis meses na França, especializando-se em cirurgia. A voltar para Aracaju trouxe consigo o material cirúrgico adequado e, reiniciando sua atividade, criou o Serviço de Clínica Cirúrgica. Em 9 de novembro de 1914, realizou a primeira laparotomia em Sergipe, com a retirada total de um mioma, sob anestesia por clorofórmio. Este êxito, maravilhoso para a época, foi repetido muitas vezes.

Movido por um idealismo contagiante, construiu e inaugurou em 2 de maio de 1916, o Hospital de Cirurgia, marco da medicina sergipana.
A trajetória do Dr. Augusto Leite tornou-se brilhante. Ele passou a ser considerado o médico mais importantes do Estado. Presidiu a Sociedade de Medicina de Sergipe, dirigiu os Serviços Cirúrgicos do Hospital Santa Isabel e do Hospital das Clínicas, criou a Maternidade Francisco Melo (1930) e a Escola de Auxiliares de Enfermagem (1950) e foi um dos fundadores da Faculdade de Ciências Médicas, núcleo formador da Universidade Federal de Sergipe.

Foi o primeiro sergipano a integrar o Colégio Brasileiro de Cirurgiões. Recebeu vários títulos e honrarias, tais como o de Comendador da Santa Sé, Professor Emérito da Universidade Federal de Sergipe e “Bisturi de Ouro” do Estado. É considerado um dos maiores cirurgiões do país.

Faleceu em 9 de fevereiro de 1978. Por ocasião do seu falecimento Marcos Aurélio Prado Dias declarou: “Com a morte do Dr. Augusto Leite, Sergipe inteiro chorou a perda de um dos seus mais ilustres e queridos filhos”.

O poeta Freire Ribeiro, escreveu:

"Mãos que abençoam;
mãos que afagam;
mãos que dilaceram !
Morte em nome da vida !
Mãos que o Senhor abençoa todos os dias,
Mãos que são um presente dos céus para todos nós !
Mãos de AUGUSTO LEITE.
Mãos de paz, mãos de luz, mãos de amor !”

Texto e imagem reproduzidos do blog: bainosilustres.blogspot.com.br

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