Augusto César Leite, mais conhecido como Augusto Leite,
cirurgião famoso, nasceu em 30 de junho de 1886, no Engenho Espírito Santo,
município de Riachuelo, sendo seus pais Francisco Rabelo Leite e Maria Virgínia
Acioli Leite.
Realizou os estudos iniciais em Riachuelo e em Salvador e,
após a conclusão do curso secundário, embarcou, em 1903, para o Rio de Janeiro,
onde ingressou na Faculdade de Medicina daquela capital.
Nas férias do curso médico ia para Riachuelo, onde ajudava o
irmão, Sílvio Leite, nos afazeres de médico clínico daquela cidade. Sempre
dedicado ao estudo, diplomou-se no dia 2 de janeiro de 1909, ocasião em que
defendeu tese intitulada “Contraindicação renal do emprego do salicilato de
sódio”.
Em maio de 1910, fixou-se em Capela, onde iniciou o
exercício profissional. Três meses depois, mudou-se para Maroim, onde
permaneceu durante curto período, até se fixar em Aracaju que era uma pequena
cidade sem calçamento e sem transportes, com uma população de 30.000
habitantes.
“Não obstante as dificuldades – diz um de seus biógrafos--
Dr Augusto, de fraque, bengala e chapéu, percorria as ruas arenosas de Aracaju,
atendendo chamados dos clientes. A clínica era feita através da mãos, dos
olhos, e ouvidos, fazendo-se uso, também, do olfato, e até do gosto. Por
diversas vezes, realizava intervenções até de grande porte para a época, como
mastectomias, na residência do próprio doente, em casebres de palha, à luz de
querosene. O médico dispunha apenas de termômetro, estetoscópio monoauricular e
rudimentares instrumentos cirúrgicos e, na falta de laboratório, fazia ele
mesmo os exames de urina, sangue e fezes dos pacientes”.
Recém chegado em Aracaju, dirigiu a Escola de Aprendizes
Artífices. Depois, assumiu a cátedra de Higiene Geral e História Natural do
Atheneu Sergipenses e tomou posse como membro do Conselho Superior de Instrução
Pública.
Em 1917, foi eleito para o Conselho Municipal e em 1918
assumiu a cátedra de História Natural do Seminário Diocesano.
A convite do Dr. Simeão Sobral, ingressou, em janeiro de
1913, no corpo clínico do Hospital Santa Isabel, único hospital de Sergipe. Era
um hospital com duas enfermarias, sem equipamento de raios X, laboratório de
análises clínicas e outros recursos de diagnóstico. Possuia quase nenhum
instrumental cirúrgico, algumas ventosas e um termocaltério primitivo. As
operações eram realizadas na sala de curativos, com o paciente em cima de um
lastro de madeira; Os médicos operavam com a mesma roupa que usavam na rua, com
paletó e gravata, sem máscara, sem luvas ou qualquer outro recurso de assepsia,
e eram ajudados pelas Irmãs de Caridade. Quando muito, dispunham de um auxiiiar
leigo, completamente desqualificado. Dr. Pimentel, encarregado do Serviço de
Mulheres, “visitava sua enfermaria acompanhado de um serviçal portando um
fogareiro, o qual exalava incenso ou alcatrão defumado, para afastar o terrível
odor”.
Em junho de 1913, Dr. Augusto Leite viajou para a Europa e
passou seis meses na França, especializando-se em cirurgia. A voltar para
Aracaju trouxe consigo o material cirúrgico adequado e, reiniciando sua
atividade, criou o Serviço de Clínica Cirúrgica. Em 9 de novembro de 1914,
realizou a primeira laparotomia em Sergipe, com a retirada total de um mioma,
sob anestesia por clorofórmio. Este êxito, maravilhoso para a época, foi
repetido muitas vezes.
Movido por um idealismo contagiante, construiu e inaugurou
em 2 de maio de 1916, o Hospital de Cirurgia, marco da medicina sergipana.
A trajetória do Dr. Augusto Leite tornou-se brilhante. Ele
passou a ser considerado o médico mais importantes do Estado. Presidiu a
Sociedade de Medicina de Sergipe, dirigiu os Serviços Cirúrgicos do Hospital
Santa Isabel e do Hospital das Clínicas, criou a Maternidade Francisco Melo
(1930) e a Escola de Auxiliares de Enfermagem (1950) e foi um dos fundadores da
Faculdade de Ciências Médicas, núcleo formador da Universidade Federal de
Sergipe.
Foi o primeiro sergipano a integrar o Colégio Brasileiro de
Cirurgiões. Recebeu vários títulos e honrarias, tais como o de Comendador da
Santa Sé, Professor Emérito da Universidade Federal de Sergipe e “Bisturi de
Ouro” do Estado. É considerado um dos maiores cirurgiões do país.
Faleceu em 9 de fevereiro de 1978. Por ocasião do seu
falecimento Marcos Aurélio Prado Dias declarou: “Com a morte do Dr. Augusto
Leite, Sergipe inteiro chorou a perda de um dos seus mais ilustres e queridos
filhos”.
O poeta Freire Ribeiro, escreveu:
"Mãos que abençoam;
mãos que afagam;
mãos que dilaceram !
Morte em nome da vida !
Mãos que o Senhor abençoa todos os dias,
Mãos que são um presente dos céus para todos nós !
Mãos de AUGUSTO LEITE.
Mãos de paz, mãos de luz, mãos de amor !”
Texto e imagem reproduzidos do blog:
bainosilustres.blogspot.com.br
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