sexta-feira, 17 de abril de 2020

A morte de um homem bom, por Edvar Freire

Estácio Bahia, esposa Aurélia, a filha Sílvia e o
 genro Marco. Imagem reproduzida de arquivo 
de Diego Bittencourt, postada pelo blog,
 para ilustrar o presente artigo.

Texto publicado no site do jornal CINFORM, em abril e 2020

A morte de um homem bom
Por Edvar Freire

Alguém falou, acho que foi Ernest Reminguay “A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.

Então, conheci Dr. Estácio, era assim que as pessoas o tratavam, há algumas décadas. Era um entre os grandes empresários das outrora exuberantes indústrias têxteis e de malharia.

Surpreendentemente, deparei-me com um homem de postura e vocabulário requintados, homem de fino trato e de sorriso espontâneo, e que tratava a todos com muita atenção e até com ternura. Eu era do Banco do Brasil e ele era cliente.

Visitei uma ou duas vezes o seu empreendimento, e ele esteve outras tantas vezes no banco. Na Guimatex, sua malharia, montada com o que havia de mais moderno no mundo, todos os equipamentos importados da Alemanha, percebia-se a forma como os empregados o respeitavam e como nutriam admiração por ele.

Naqueles dias, descobri que Dr. Estácio cultivava orquídeas, e fiquei encantado pela forma com que um sujeito se dedica ao mundo competitivo, árido, dos negócios, sem abrir mão da convivência com a beleza e o com o perfume das flores.

Com a decadência do ramo de têxteis e malharias pelo Brasil afora, vítimas indefesas das importações de tecidos asiáticos, perdi o contato direto com o nobre amigo, mas nunca deixei de acompanhar, de longe, as incursões de Dr. Estácio.

Foi quando me deparei com o lançamento do seu primeiro livro e descobri que, além de amante das flores, o surpreendente Dr. Estácio era nada mais nada menos que um fino poeta, um escritor, um artista.

Há pessoas que por onde passam, no decorrer da vida, deixam impressões positivas, tanto isso é verdade que, mesmo com o relacionamento mínimo que mantive com o Dr. Estácio, senti o desejo de escrever essa modesta homenagem póstuma.

Homem de sonhos, homem de família, homem que sugou a essência da vida e deixa muitas saudades entre os seus familiares e amigos. Portanto, no momento das últimas despedidas, não perguntem por quem os sinos dobram, eles dobram de tristeza, porque se vai com Dr. Estácio um pouco de cada um de nós. 
  
Texto reproduzido do site: cinform.com.br

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