quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Exposição sobre Dona Zil já está disponível à visitação













 Coordenadora da Casa do Folclore, Maria Glória

 Magna Lúcia, filha de Dona Zil

Diretor-presidente da Fundact, Gaspeu Fontes
Fotos: Heitor Xavier

Publicado originalmente no site da Prefeitura de São Cristóvão, em 26/02/2019

Exposição sobre Dona Zil já está disponível à visitação

A Prefeitura de São Cristóvão, por meio da Fundação de Cultura e Turismo João Bebe-Água (Fundact), deu início nesta terça-feira (26), na Casa do Folclore Zeca de Noberto, a exposição ‘Dos caretas ao carvão: Dona Zil do bloco dos sujos’. Através da mostra, moradores de São Cristóvão e visitantes de todas as partes do mundo poderão agora conhecer a história de Dona Zil, que é considerada uma das figuras mais icônicas do carnaval no município.

A exposição conta com um boneco gigante de Dona Zil que sairá no Carnaval dos Carnavais, indumentárias, uma réplica pequena da roupa que ela usava na festa do momo, estandartes, dentre outros adereços. Dona Zil também será a homenageada neste carnaval, que terá como tema ‘Mulheres de Luta’.

“Já em 1940 quando não havia tantos direitos para as mulheres, Dona Zil se destacava como uma liderança na comunidade. A luta das mulheres está expressa aqui, então nada melhor do que homenagear Dona Zil, que é uma das mulheres sancristovenses que orgulha a todos que são da Cidade Mãe”, destacou o diretor-presidente da Fundact, Gaspeu Fontes.

Para a coordenadora da Casa do Folclore, Maria Glória, a exposição dá oportunidade das novas gerações conhecerem a história da homenageada. “Aqui no município ela representa a força da mulher, solteira, trabalhadora, da mulher negra. Ainda na época que não se falava em feminismo, ela já trazia isso, é uma precursora da batalha da mulher que representa todas nós”, afirmou.

Quem fez questão de prestigiar a abertura da exposição foi a própria Dona Zil, que esteve acompanhada da sua filha Magna Lúcia. “Gostei muito da exposição, dessa homenagem das pessoas amigas que sabem levantar o estandarte. Vejo as peças e me recordo do carnaval da minha época”, declarou Dona Zil.

“Sinto bastante orgulho da minha mãe que foi uma mulher lutadora, de família pobre, que foi a frente do seu tempo. Ela quebrou paradigmas em uma época em que a mulher só podia ficar dentro de casa. Agradeço ao prefeito Marcos Santana por mais essa lembrança e fico muito feliz por ela estar aqui entre nós, lúcida e alegre por essa homenagem”, relatou a Magna Lúcia, filha de Dona Zil.

Visitação

A exposição ‘Dos caretas ao carvão: Dona Zil do bloco dos sujos’, assim como o restante do acervo está disponível na Casa do Folclore Zeca de Noberto, que funciona de terça-feira a sexta, das 8h às 16h, e nos domingos e feriados das 9h às 13h.

Biografia

Maria Gizelda Cardoso, a popular Dona Zil ou Zil Costureira, nascida na Costa do Pau d’Arco, povoado de Itaporanga/SE, no dia 27 de outubro de 1927, é filha de José Serafim Araujo (Seu Zezé da Farinha) e Alice Cardoso de Souza (Dona Menininha), ambos falecidos.

Nos anos 40, seus pais migraram para São Cristóvão em busca de oportunidade de emprego nas fábricas de tecidos do município. Nesse período Dona Zil passou a ser funcionária da Fábrica de Tecidos São Gonçalo assumindo a função de urdideirista, operária que controla os fios do tear. A jovem Maria Gizelda foi aprendiz do alfaiate Codolino e assim notabilizou-se fazendo roupas masculinas. Este ofício realizava após o trabalho na fábrica, também nos finais de semana.

Mulher à frente do seu tempo, Zil Costureira lutou pelos direitos dos trabalhadores, participando ativamente do Sindicato dos Operários, junto com Jaime de Danga, um grande amigo e defensor dos operários. Nessa militância sindical, tornou-se uma das primeiras vereadoras da cidade.

Zil Costureira, como também era conhecida, gostava bastante de pular Carnaval. Muito antes do Bloco dos Sujos, em 1959, criou o Bloco de Caretas. Composto, em sua maior parte, de foliões de baixa renda, pescadores e desempregados o bloco era formado por homens se fantasiavam de mulheres e vice-versa, todos com os rostos encobertos por caretas (máscaras) de papelão ou tecido. Quem não tinha dinheiro ou criatividade para fazer máscara pintava o rosto de carvão, esse o motivo da mudança para Bloco dos Sujos.

A folia comandada por Dona Zil alegrou São Cristóvão até 1989, quando o Bloco dos Sujos saiu pela última vez. O bloco retorna no Carnaval dos Carnavais de 2019, ano que o município homenageia a ilustre personagem carnavalesca.

Texto e imagens reproduzidos do site: saocristovao.se.gov.br

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