Imagem do Mercado Thales Ferraz em 1952
Publicado originalmente no site EXPRESSÃO SERGIPANA, em 27/08/2019
70 anos do Mercado Municipal Thales Ferraz
Por Osvaldo Ferreira Neto
Ir ao Mercado, “lá embaixo” é uma experiência de sabores,
cheiros, cores, pessoas e culturas, pois essa vivência é o melhor de
Aracaju. Esse espaço que completa hoje
70 primaveras é um lugar de muitas trocas, memórias e patrimônios do povo
sergipano. Por isso vou relatar um pouco desse pedacinho de Sergipe aqui na
Expressão Sergipana.
Porque necessita de um Mercado?
Desde de sua fundação Aracaju teve feira, pois o tamanho
dela sempre vai demandar de um espaço adequado e coberto para a comercialização
de inúmeros produtos e mercadorias, essa demanda sempre é por um Mercado em
razão do tamanho da feira. Em 1864 quando o então presidente da província o Cincinato Pinto da Silva, autorizou a
construção da Casa do Mercado na hoje Avenida Rio Branco, nas imediações da Rua
Laranjeiras, esse mercado existiu até a segunda década do século XX , quando o
então presidente de estado , Graccho Cardoso , mobiliza a iniciativa privada
junto com o poder público na construção de um grande Mercado para abrigar a
grande feira que passava da então Casa do Mercado e tomava a Rua da Frente
prejudicando a circulação na via e além de não oferecer condições de
salubridade . É quando o então empresário de uma família de latifundiários,
Antônio Franco participou financeiramente da construção do então Mercado Modelo
de Aracaju que mais receberia seu nome, o Mercado Municipal Antônio Franco que
foi inaugurado em 8 de fevereiro de 1926 em estilo eclético com belo relógio
inglês no centro da construção. Para lá foi mudada a velha feira que tomava a
Rua da Frente. Mudada não, empurrada. A cada semana os feirantes eram levados
para o novo Mercado.
A feira cresce e nos anos 40 necessita de outro mercado.
Lembrando que nesta época não existia as grandes redes de supermercados e
shoppings que temos hoje, então tudo que necessitava, se encontrava no Mercado
Municipal.
José Rolemberg Leite , governador que também apoiou a
construção do Mercado Thales Ferraz.
A partir de 1941 a feira já ultrapassava as portas do
Mercado Antônio Franco, além dos comerciantes de Aracaju, vinham feirantes de
todos os cantos do estado e dos estados vizinhos para comercializar, pois o
Mercado estava localizado na beira do cais do Porto de Aracaju, isso facilitava
a circulação de comerciantes e mercadorias. Quando em 1947 o Prefeito de
Aracaju, Marcos Ferreira de Jesus decide abrir uma parceria com o Governo
Estadual de José Rolemberg Leite para a construção do Mercado Auxiliar, que
seria inaugurado em 26 de agosto de 1949 em estilo neocolonial, padrão
arquitetônico que estava muito em alta na época. Para construir esse Mercado, a
Prefeitura sacrifica a Praça Inácio Barbosa, que ficava localizado o monumento
ao fundador da cidade, para a construção do novo espaço comercial que iria
abrigar feirantes, lojistas e negociadores de armazéns. O Mercado novo, recebeu
o nome do famoso industriário Thales Ferraz.
Não comporta mais a feira no Antônio Franco.
Marcos Ferreira de Jesus
Esse Mercado supriu a demanda de espaço para os feirantes
até 1962 quando é construído outros anexos no entorno dos Mercados. Só no final
do século XX, com o projeto de revitalização proposto pela Prefeitura Municipal
de Aracaju (PMA) em parceria com o Governo do Estado para o Centro da cidade,
foi construído o Mercado Albano Franco, já com uma arquitetura bastante
diferente dos outros dois.
Quem foi Thales Ferraz?
Thales Ferraz
Nasceu em Aracaju no ano de 1878. Filho de Anna Ferraz e José
Augusto Ferraz, ex-auxiliar e sócio da fábrica de tecidos “Sergipe Industrial”,
empresário e engenheiro têxtil, formado em Manchester -Reino Unido, foi Diretor
da Fábrica Sergipe Industrial, de 1906 a 1927. Thales Ferraz tentou repassar
seus conhecimentos técnicos e científicos aos mestres e contra-mestres da
fábrica e introduzir novas regras nas relações capital versus trabalho. Em 1913
foi aos Estados Unidos estudar o lazer entre os operários e quando retornou
criou o Parque Sergipe Industrial, complexo de arte e lazer cultural e
desportivo que funcionou até 1955.
Música: Mercado Thales Ferraz
Em 1981, o músico e compositor Alcides Mello cria a música
Mercado Thales Ferraz para o Primeiro Festival Sergipano da Música, que por
sinal a música ganha e faz o maior sucesso, pois era um retrato da época do
Mercado Thales Ferraz, vale a pena escutar.
Nosso septuagenário Mercado Thales Ferraz hoje:
Mesmo sem muitas homenagens na grande imprensa e nem nos
órgãos que gerencia esse espaço público. Mas nós da Expressão Sergipana viemos
festejar esses 70 anos de muita feira do Thales Ferraz. Como diria Luiz
Antônio: “O mais antigo, Antônio Franco, serve como um Centro comercial popular
para fins turísticos. Já o Thales Ferraz mantém a riqueza gastronômica da
cidade com a venda de mel, queijos, castanha, enquanto o Albano Franco é
dedicado ao ramo de hortifrutigranjeiros”.
O Thales Ferraz de muitos feirantes, comerciantes, do Espaço
do Beiju onde encontramos beijus, sarolhos, pés-de-moleques e entre outras
gostosuras; das ervas sagradas e medicinais; dos artesanatos; dos doces,
queijos e castanhas; dos potes, tigelas e panelas; de linhas e aviamentos.
Passe em Teca e Cícero do Beiju, na Galega das Ervas, nos Armarinhos que ainda
revestem botões, nos bares e nos Irmãos Santos dos Laticínios. Portanto demos
preservar esse magnífico patrimônio do povo de aracajuano.
Charmosa Passarela das Flores um dos principais acessos
do Mercado Thales Ferraz e também ligação com
Mercado Municipal Antônio Franco – 1926.
do Mercado Thales Ferraz e também ligação com
Mercado Municipal Antônio Franco – 1926.
Texto e imagens reproduzidos do site: expressaosergipana.com.br
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