sexta-feira, 2 de agosto de 2019

‘Comissão da Verdade não é balela’, diz Bittencourt


Publicado originalmente no site FAN F1, em 01 de agosto de 2019

‘Comissão da Verdade não é balela’, diz Bittencourt

Por Célia Silva

Filho de preso político, o secretário municipal da Assistência Social de Aracaju, Antônio Bittencourt disse no Jornal da Fan desta quarta-feira, 1º, ao se referir às recentes falas do presidente Bolsonaro sobre à Comissão da Verdade e a morte do pai do presidente da OAB, que ele precisa ter uma postura mais equilibrada e respeitar a dor alheia.

Antônio Bittencourt foi secretário de Estado e coordenador de Direitos Humanos e membro da Comissão Estadual da Verdade, instalada em 2015 para apurar violações aos Direitos Humanos envolvendo sergipanos entre o período de 1946 a 1988. O pai dele foi o sindicalista Antônio Bittencourt, 93 anos, preso em 1953. “Participei da instalação da Comissão criada pelo então governador Jackson Barreto e o que as comissões de Verdade não são é balela”, reagiu o professor.

São falas desconexas”, “disse Bittencourt. 
Foto: Fan F1

“São falas desconexas que vindas de um presidente, acabam levando o povo a desdenhar da dor alheia, de um filho de um torturado e esse tipo de dor não deve ser tratada com desrespeito.  Ele, enquanto presidente, independentemente da tendência, seja de esquerda, direita, centro, liberal, precisa ter uma postura mais equilibrada e perceber que o respeito à vida há muito tempo, já vem instituído ao poder do Estado como elemento fundamental”, afirmou Bittencourt.

Na semana passada (29 e 30) o presidente Jair Bolsonaro atacou Felipe Santa Cruz, e disse: “Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, eu conto”. No dia seguinte, Bolsonaro , questionou a atuação da Comissão da Verdade e disse que aquilo tudo era uma balela.

Comissão da Verdade, instalada em 2015.
 Foto: Arquivo/Secom

Comissão da Verdade – A Comissão Estadual da Verdade foi instalada em junho de 2015, três anos após a instalação da Comissão Nacional da Verdade, e possui cerca de 30 mil documentos envolvendo graves violações aos Direitos Humanos a sergipanos no período de 1946 a 1988.

Membros da Comissão Estadual da Verdade: jornalista, pesquisador e professor Gilfrancisco; o doutor em Sociologia, pesquisador sobre a Ditadura Militar no Brasil e professor da Faculdade Sergipana, Hélder Teixeira; o pesquisador, doutor em História e professor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), José Vieira da Cruz ; a pesquisadora em Direitos Humanos, doutora em Sociologia e professora da UFS, Andréa Depieri; a doutora e professora do Mestrado em Direitos Humanos da Universidade Tiradentes (Unit), Gabriela Rebouças e o doutorando em Ciências Sociais e professor de Direito da UFS, José Afonso do Nascimento e  Antônio Bittencourt.

O acervo está à disposição para pesquisa no primeiro andar do prédio do Banese, na avenida Augusto Maynard, no bairro São José, em Aracaju (SE).

Texto e imagens reproduzidos do site: fanf1.com.br

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