sexta-feira, 17 de março de 2023

Aracaju comemora 168 anos com avanços em desenvolvimento urbano...

Foto: André Moreira

Publicação compartilhada do site da PMA, de 17 de março de 2023

Aracaju comemora 168 anos com avanços em desenvolvimento urbano e superação de desafios

Agência Aracaju de Notícias

Nesta sexta-feira, 17 de março, a cidade de Aracaju comemora 168 anos de fundação. A sua formação é fruto da superação de limitações geográficas e o processo de emancipação em relação à Bahia está no início de toda a sua história. Para o prefeito cidade, Edvaldo Nogueira, comemorar o aniversário de Aracaju "é sempre muito especial, não apenas pelo trabalho que realizamos para que a nossa capital cresça e se desenvolva, mas, sobretudo, pela sua rica história que foi construída com a participação de milhares de pessoas".

"É uma ocasião em que olhamos para o passado, para cada tijolo que foi colocado na cidade, garantindo o seu progresso, mas que também renovamos a nossa esperança por um futuro ainda melhor. Foi o ato heróico e visionário de Ignácio Barbosa, de transferir a capital para Aracaju, que a fez se tornar a locomotiva para o crescimento pujante do nosso estado, então é muito importante que a gente comemore os 168 anos de uma capital que foi planejada e que é resultado de um trabalho coletivo do seu povo. Celebraremos esta data com a grandiosidade que a nossa cidade merece”, comemora o prefeito.

De acordo com o professor e historiador Paulo Teles, após a emancipação política, Sergipe, cuja capital, à época, era o município de São Cristovão, ainda passou um tempo dependente economicamente da Bahia. Ele conta que a partir de 1853, o então primeiro-ministro Honório Hermeto de Carneiro Leão estabeleceu o Ministério da Conciliação, viabilizando a estabilidade política que o estado precisava para a realização de grandes obras de infraestrutura.

“Diante desse cenário, o presidente da província, Inácio Joaquim Barbosa, teve a iniciativa de buscar uma nova capital, de preferência que tivesse o acesso direto ao mar e que possibilitasse a construção de um porto. Para isso, ele teve que superar forças políticas tradicionais na província de Sergipe, que não tinham interesse de que a capital deixasse de ser São Cristóvão", explica.

A partir da sua aliança com João Gomes de Melo, conhecido como Barão de Maruim,  completa Paulo Teles, foi ratificada a mudança da capital para Aracaju, que à época era um vilarejo de pescadores. O simples fato de propor a mudança para Aracaju, na época, já era algo impensável. Aracaju era uma região marcada pela presença de manguezais, muitos charcos, áreas alagadiças e assolada por uma série de doenças”, detalha o historiador.

Fundação e crescimentoCom a transferência da capital da província para Aracaju, em 17 de março de 1855, a nova cidade foi projetada pelo arquiteto Sebastião José Basílio Pirro, em um formato semelhante a um tabuleiro de xadrez. O projeto tinha grande influência de uma arquitetura voltada para elementos neoclássicos.

“No início, foi construída uma capital que era voltada para receber apenas funcionários públicos. A maior evidência disso é que, nesse primeiro momento, as camadas mais populares acabaram sendo excluídas de dentro desse tabuleiro. Os trabalhadores que ajudaram a construir a cidade acabaram vivendo às margens, alguns no que futuramente seria o bairro Industrial, outros pela região do Aribé [atual bairro Siqueira Campos], outros se agruparam onde hoje é a Caixa D'água [no bairro Cirurgia]”, explica Paulo Teles.

A Colina do Santo Antônio, relembra o historiador, foi o ponto de partida da cidade, que teve como primeira igreja a de São Salvador do Aracaju, na rua Laranjeiras, no Centro. Em 1857 foi construída a praça Fausto Cardoso, e em seguida surgiram outros símbolos de poder. “Eu vejo Aracaju como uma cidade do impossível, capaz de se reinventar. Um lugar que recebe muitas pessoas que estão fugindo dos grandes centros e que oferece todo o conforto que uma capital pode oferecer. Quem vem para cá fala da tranquilidade, da possibilidade de se ter uma vida menos agitada, mas acima de tudo, fala de uma cidade em que tudo é possível se fazer”, conta Paulo Teles.

Desenvolvimento da cidadePara que Aracaju se desenvolvesse, a cidade superou muitos obstáculos naturais. O “tabuleiro de Pirro”, com quarteirões retangulares, era considerado moderno para a época. Mas de acordo com o engenheiro Sérgio Ferrari, secretário municipal de Infraestrutura e presidente da Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), esse traçado retangular não foi uma boa ideia para uma cidade situada em região de mangue. “Esse tipo de traçado, se por um lado foi moderno para a época, por outro, fez com que o crescimento da cidade se desse por meio de aterros de manguezais”, observa.

Com o passar do tempo, a cidade expandiu os seus horizontes e passou a ser beneficiada pelo desenvolvimento industrial decorrente da chegada da estrada de ferro. Ferrari explica que a cidade começou a criar novos vetores de crescimento e foi se expandindo para todos os lados. “Hoje, Aracaju suplantou completamente o conceito original. Não é mais uma cidade com a estrutura quadriculada, mas ainda continua a ter grande parte do seu crescimento se dando em regiões baixas. É uma cidade moderna, praticamente não está mais restrita ao Centro, há várias centralidades, grandes áreas de expansão humana, com ruas mais largas. Aracaju está saindo daquele padrão quadriculado para um padrão em que a gente acompanha os acidentes naturais de rios e de praias, por exemplo”, diz.

Sérgio Ferrari destaca que a cidade, atualmente, se prepara para o futuro, para vencer demandas ambientais. Para ele, é preciso conjugar a expansão com a proteção do meio ambiente, pensando na drenagem da cidade e em tecnologias de construção que possam prevenir contra as possíveis alagamentos.

A capital sergipana tem também muitos desafios pela frente, a exemplo da mobilidade urbana, como salienta o gestor de Obras da capital. “Aracaju não tem grandes vias urbanas, a maioria das ruas e avenidas é estreita. Um grande diferencial é o bairro 17 de Março, que foi construído pela gestão do prefeito Edvaldo Nogueira com uma visão de que é preciso ter ruas largas. Na hora de planejar, tem que pensar no futuro, evitando os gargalos de escoamento. Além disso, a cidade também precisa ter mais arborização. Tudo isso ainda é um grande desafio para o futuro”, destaca Sérgio Ferrari.

Dinâmica territorialUma das características da dinâmica territorial de Aracaju é o avanço sobre as regiões de mangue. Segundo a professora doutora em Geografia Guta Mundim Vargas, desde o rio do Sal até o Vaza Barris, Aracaju é uma cidade tropical "envelopada por manguezais". "Acho um sítio muito singular, muito lindo”, ressalta. Ela explica que a capital teve um retardo na verticalização porque a cultura dos governos, sobretudo no início do século XX, era dos grandes conjuntos residenciais.

“Na minha visão, Aracaju tem essa marca de uma cidade que foi planejada no racionalismo passando por cima de mangues. Quando veio a verticalização, surgiu também outro segmento de ocupação que segrega a população, que foram os condomínios”, afirma. Para a professora Guta Mundim, a capital sergipana é singular também por outro motivo: é a única cidade do Brasil que tem uma reserva extrativista urbana, que é a Reserva das Mangabeiras, recém-criada pela atual gestão municipal.

A geógrafa destaca também que a dinâmica da ocupação territorial foi ruim, pois resolveu os problemas imediatos da época, mas não pensou nas demandas que poderiam surgir no futuro. “Estamos completando 168 anos da fundação da nossa cidade. A cada ano temos que nos lembrar das nossas feridas, mas também ressaltar as nossas singularidades. É por isso que eu amo Aracaju”, afirmou.

Texto e imagem reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário