Publicado pelo Jornal da Cidade.Net, em 18/02/2014.*
Biografia de Ismar Barreto...
Passados quase oito anos de sua morte, o poeta, boêmio,
cantor e compositor Ismar Barreto ganha uma biografia à sua altura, assinada
pelo escritor e médico Marcelo Ribeiro...
Amigo de longa data do artista galhofeiro, Marcelo Ribeiro
decidiu escrever esse livro justamente por encontrar pouquíssimos registros
referentes ao amigo. “Fui convidado pela Unicred, juntamente com a TV Sergipe,
para dar prosseguimento ao projeto “Memoráveis: sergipanos de ontem, hoje e
sempre”, iniciado por Luiz Antônio Barreto, cujo objetivo é homenagear grandes
personalidades do Estado. Um dos primeiros nomes que pensei foi o de Ismar
Barreto, que contribuiu muito para música sergipana. Só que, ao pesquisar sobre
a vida dele, deparei-me com uma escassez de material e, ao invés de
concentrar-me na feitura do opúsculo para a Unicred, decidi escrever uma
biografia”, diz o biógrafo.
O tom de escracho, tão facilmente observado em meia hora de
conversa com Ismar numa mesa de bar, é o mesmo que Ribeiro escolheu para
trilhar sua história. Convidou o jornalista Ivan Valença para escrever os
“Prolegômenos” (que já adianta um pouco da personalidade inquieta do
biografado) e a cantora Amorosa ficou com a incumbência de formatar o Prefácio.
A partir daí, somos convidados a conhecer muito do Ismar
Barreto companheiro, pai, aventureiro, impulsivo, delicado, arisco, ácido,
criativo, generoso e compositor versátil. Primogênito do casal Izidoro Doria e
Maria Barreto Doria, Ismar Barreto Doria ganharia depois mais quatro irmãos:
Marizi, Augusto, Marlene e Mary. A prole seguiria a carreira artística e Ismar
serviria de inspiração para os mais jovens.
Pouco afeito à carreira acadêmica, foi aprimorando o
currículo e desenvolvendo sua verve de compositor nos bares da vida. Ainda
adolescente, montou com os amigos Augusto Maynard, Luizinho, Otaviano Canuto
Filho, Ronaldo Carvalho e Lúcio Prado Dias o conjunto Os Bárbaros e
“abiscoitou” o 2º lugar no festival realizado no Charles Moritz, com a canção
“Ana Maria”, de Joãozinho Monteiro.
Em 1971, defendeu, com Alcides Melo, a canção “Retirante” no
Festival de Música Norte/Nordeste, ocorrido em Maceió, ficando também com a 2ª
colocação. Era só o início de uma série de participações em festivais de música
pelo país, culminando com a vitória, em 1993, do III Canta Nordeste, com “Coco
da Capsulana” (João Alberto/Ismar Barreto) defendida por Amorosa e do IV Canta
Nordeste, em que o próprio Ismar defendeu “Salada Tupiniquim”.
A vida amorosa não foi menos profícua. Com Lúcia Christina
Prata dos Santos Silva torna-se pai de Manoel dos Santos Silva Neto; com Egle
Rebello Moreira Dória, torna-se pai de Yana Rebello Moreira Dória e Yasmim
Rebello Moreira Dória e com Janaína Soares Correia, adotou Juninho (Jobson
Oliveira Costa Júnior)
Tanto quanto namorar, Ismar Barreto gostava de compor,
farrear e avacalhar. Tudo era motivo de troça e rendia letras engraçadíssimas.
Basta conferir “Propaganda Enganosa”, “Saí da Garantia” e “Rodolpho Shirley, o
Gay Macho”. Mas o desbocado também tinha seu lado romântico, poético e não
deixou de explorar essa verve, lançando lindas composições como “Canção Para
Janaína”, “Alma de Mulher”, “Canção de Acalanto”, entre outras.
“Faço questão de colocar as letras de muitas dessas canções
de Ismar Barreto no livro, porque ele só gravou um disco em vida –
“Tremendamente Sacana” – e muito dessa sua poesia poderia ficar esquecida, já
que não há registro fonográfico. Ismar era basicamente um humorista, mas também
um artista preocupado com as raízes nordestinas e que enaltecia Sergipe. Ele
tinha uma produção vastíssima e diversificada e, lendo o livro, é possível
constatar isso”, diz Marcelo Ribeiro.
Ismar Barreto que dividiu boa parte de seus 52 anos de vida
artística como técnico de montagem de plataformas e intérprete (tradutor),
faleceu no dia 2 de junho de 2006, vítima de câncer. Com o lançamento de “Ismar
Barreto – da Esbórnia ao Sublime” pretende-se prestar uma homenagem ao genial
criador de jingles e poeta do cotidiano, que certa vez, no programa “Provocações”,
afirmou: “Eu gosto de falar bobagens; a bobagem é que diverte”...
*Trecho de reportagem de Suyene Correia/Cultura/JC.
Texto e foto reproduzidos do site: jornaldacidade.net
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