Infonet - Blog Luíz A. Barreto - 11/10/2005.
Paulo Barreto de Menezes
Por Luíz Antônio Barreto.
Paulo Barreto de
Menezes, aos 80 anos, teve lembrada a sua passagem pelo Governo do Estado, numa
publicação de iniciativa familiar – filhos e netos – despojada de qualquer
avaliação política, mas que chama a atenção pela contribuição dada ao Estado,
através de um acervo de obras públicas, ainda hoje significativas, como a
duplicação da avenida Beira Mar, que liga a cidade ao balneário de Atalaia e
que foi obra decisiva para a valorização da zona de praia, encostando Aracaju
na margem do Poxim e, por conseqüência, do mítico Vaza-barris.
Visto pelo volume e pela importância das obras, o governo
Paulo Barreto de Menezes (1971-1975) foi dos mais pródigos, porque aproveitou
todo o acesso do Estado aos governos militares – Médici e Geisel – para carrear
recursos que foram substanciais e justificaram diversas outras obras. A
construção da duplicação da estrada de Atalaia decorreu de empréstimo
internacional, levando o governo a postar na resposta econômica, à época pouco
convincente. Hoje, 30 anos depois, a obra pode ser vista como essencial e
responsável pelo crescimento da cidade na direção sul, dando a Aracaju o mar,
além do rio, o que já não era pouco.
Estradas, prédios públicos, escolas foram marcas registradas
da administração de Paulo Barreto de Menezes, cujo perfil de técnico bem
sucedido aflorou na gestão Lourival Baptista, quando teve a oportunidade de
tocar obras como da construção do Estádio Estadual Lourival Baptista, o
‘Batistão’, que além da parte desportiva contava, então, com uma Escola de
muitas salas de aula, depois desativada no local, para ressurgir, por sua
iniciativa, na rua de Vila Cristina, com o nome de 8 de Julho, local que hoje
serve de sede à Secretaria de Estado da Administração. Como diretor de obras de
Lourival Baptista, Paulo Barreto mostrou serviço e ligou seu nome a prédios que
estão ai, hoje, fazendo figura e servindo aos sergipanos, como o Edifício
Estado de Sergipe, popularmente conhecido como Maria Feliciana, em homenagem à
grandalhona que, pelo seu tamanho pouco comum, se transformou em artista de
circo e de outros espetáculos.
Uma obra, dentre tantas, merece citação especial e que
valoriza o governo Paulo Barreto de Meneses: a construção do edifício da
Biblioteca Pública Epiphânio Dória, inaugurado em 1974, quando o secretário da
Educação e da Cultura era o médico e ex-reitor João Cardoso do Nascimento
Júnior. Obra monumental de arquitetura e de engenharia, à altura das suas
funções culturais. A construção do novo prédio para abrigar os livros, que
desde 1848 começaram a ser organizados para a leitura pública, serviu, ainda,
para que o governo, na gestão seguinte, a do governador José Rollemberg Leite,
aproveitasse o velho edifício, construído na década de 1930, para que fosse ocupado
pelo Arquivo Público do Estado de Sergipe, até então sem local próprio para ser
organizado.
O governo Paulo Barreto de Menezes não foi apenas de obras,
mas foi também sensível ao drama das estiagens prolongadas, que ciclicamente
aterrorizavam as populações sertanejas. Foi com ele que se iniciou o programa
de Adutoras, captando água no rio São Francisco e distribuindo pelos municípios
secos. O programa de Adutoras, continuado até os dias atuais, tem sido a melhor
intervenção hídrica, de convivência com a adversidade climática que, por
séculos, marcou a região nordestina. Ampliado e diversificado, de modo a
atender melhor a quem precisa de água – gente, animais e terra – o programa
estadual de Adutoras salvou Aracaju do colapso do abastecimento, através da
construção da Adutora do São Francisco, pensada no governo José Rollemberg
Leite e construída no governo Augusto Franco, como grande obra, captando água
em Propriá, trazendo em tubulação especial por cerca de 90 quilômetros até a
Estação de Tratamento e de lá distribuída para a maioria da população da
capital sergipana.
Foi Paulo Barreto quem criou a Empresa Sergipana de Turismo
(Emsetur), em 1972, como ferramenta de promoção turística, para atrair
visitantes e vender as belezas naturais e a cultura do Estado. Muitas outras
obras e providências adornam o perfil realizador do governante, visto no curso
do tempo e no contexto da história. Paulo Barreto de Menezes teve seu nome
pinçado, de uma lista de 8 nomes, quase todos políticos: Júlio Leite, Passos
Porto, Augusto Franco, Raimundo Diniz, Djenal Queiroz, Murilo Dantas, e Manoel
Conde Sobral, afora o seu, introduzido e defendido por Lourival Baptista. O que
pesou no julgamento do seu governo foi o fato da sua escolha, indireta, como um
técnico e não diretamente, pelo voto popular, como político, numa fase de
regime fechado, distante ainda dos bons ventos da abertura política e da
anistia que reconciliou, de algum modo, o país. No seu período os governadores
eram “Delegados da Revolução”, título que pareceu afrontar o país e a sociedade
brasileira, que em 1974 impôs ao governo dos generais uma derrota homérica para
a eleição do Senado, tendo Sergipe concorrido com a eleição do médico e
professor Gilvan Rocha. Tal fato levou à lei Falcão e à criação da figura do
senador indireto, chamado de biônico, refreando a normalização da vida
democrática. Sergipe foi agraciado com um mandato de senador, dado a Lourival
Baptista, o que significava, claramente, que os sergipanos estavam divididos.
Fonte
"Pesquise - Pesquisa de Sergipe/InfoNet".
institutotobiasbarreto@infonet.com.br.
Texto e fotos reproduzidos do site: infonet.com.br/luisantoniobarreto
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