Publicado originalmente no site do CINFORM, em 10 de outubro de 2019
Li & Recomendo: Pássaros do entardecer
Por: Edvar Freire Caetano
Autor: Antônio FJ Saracura
Editora: Infographics
Com meus escassos conhecimentos de literatura, permito-me
afirmar que Antônio Saracura atingiu a maturidade na arte de escrever. Não sei
por que essa leitura me fez associar “Pássaros do entardecer” ao romance de
reconhecimento mundial “Almas mortas”, do russo Nikolay Gogol um dos mais
consagrados de todos os tempos.
Reportei-me ao russo pela simplicidade em descrever, de
forma cinematográfica, lugares, cenas e personagens que quase conseguimos ver e
sentir. Vejo aí a maturidade do escritor itabaianense, debulhando na pena as
aventuras de um homem comum, Zé de Ulisses, que decidiu conhecer o mundo que
separava a sua Terra Vermelha do sonho de enricar em São Paulo, por décadas
agarrado ao seu inseparável “caixão de europas” (Sua mala).
Nesse livro, querida leitora ou caro leitor, você vai viajar
por dias e noites sem fim em pau-de-arara, por 4, 5, 6 dias de poeira, calor e
frio até chegar no Eldorado de quase todos os nordestinos, São Paulo dos idos
de 1950, 60, 70…
O casamento de Zé de Ulisses, com Zilda, companheira de
fortunas e infortúnios, seus 9 ou 10 filhos, o reencontro com um filho que não
conhecia, que apareceu décadas depois, fruto de uma aventura em uma viagem de
pau-de-arara de São Paulo para Sergipe, quando namorou uma alagoanazinha. Por
ela o nosso herói correu risco de morrer por vingança.
Devaneios, conquistas, perdas, riscos, tudo entranhado com
histórias de amor e amizade, acertos de contas, traições… O personagem Omerin,
poeta cordelista, sonhador incorrigível que encontra o amor de sua musa, a
inatingível Branca, por conta de uma novilha parida e endiabrada que,
estranhamente, permitiu que o poeta se aproximasse, acarinhasse e esvaziasse
seus peitos doloridos.
O retorno de Zé de Ulisses para sua querida Itabaiana, o
pioneirismo como primeiro plantador de batata inglesa em Sergipe, trazendo
sementes de Santa Catarina, depois do Rio Grande do Sul, em incontáveis viagens
de caminhão.
No crepúsculo dos seus anos, reencontros inimagináveis com
companheiros de mocidade, a entrega do velho “caixão de europas” para a Casa de
Cultura Nordestina, na Rua Sergipe, em São Paulo, criada por um pássaro de
migração, seu amigo dos tempos de aventura, quando plantava roças de mandioca
desbravando matas entre São Paulo e Paraná.
Pássaros do entardecer, um livro que você lê e fica com
saudades: Li & Recomendo
Texto e imagem reproduzidos do site: cinform.com.br
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