Cordel é um gênero literário popular escrito na forma rimada
e expostos à venda pendurado em barbantes.
Cordelteca possui títulos escritos por de 36 cordelistas
sergipanos e de outros estados.
O cordelista sergipano Ronaldo Dória
e a diretora do Clodomir Silva, Fátima Góes
Fotos: Ascom/Funcaju.
Publicado originalmente no site aracaju.se.gov.br, em
27/05/2013.
Cordelteca João Firmino Cabral completa dez anos (2013).
Há dez anos a cultura e o resgate popular vêm sendo
trabalhados através da cordelteca, setor da Biblioteca Pública Clodomir Silva,
unidade vinculada à Secretaria Especial de Cultura (SEC/Funcaju). Primeira
Biblioteca de Cordel do Brasil, a cordelteca homenageia o saudoso João Firmino
Cabral, natural do município de Itabaiana.
De acordo com a diretora da Clodomir Silva, Fátima Góes.
"O ambiente da biblioteca tem características da literatura de cordel e a
escolha do nome deve-se à carreira de sucesso do primeiro cordelista sergipano
a levar o nosso cordel para fora do estado, João Firmino Cabral".
O Nordeste brasileiro herdou a literatura de cordel, que
nasceu na terra de Pedro Álvares Cabral, um dos vestígios deixados pela
colonização portuguesa. É um gênero popular escrito na forma rimada, originado
em relatos orais e depois impressos em folhetos com figuras desenhadas em
xilogravuras e expostos para vendas penduradas em barbantes, o que deu origem
ao nome cordel.
Segundo o cordelista sergipano Ronaldo Dória, as rimas e
métricas nascem a qualquer hora e o dom de brincar com as palavras vêm desde a
infância. "Desde pequeno fazia poemas e poesias, mas nunca tive coragem de
mostrar. Os temas surgem a partir de uma história, de um sonho, de uma reportagem
na TV e assim vai, estou sempre com papel e caneta. Me dediquei mais ao cordel
quando me aposentei, há 12 anos, e agora possuo 155 histórias contadas em
cordel", comenta.
Sarau Poético
A Cordelteca João Firmino Cabral é palco do Sarau Poético
que reúne grandes autores ou cordelistas para recitarem versos de forma cantada
acompanhados de suas violas. "Destinamos esse encontro para conversar
sobre cultura, música e arte. Momento especial para a comunidade e estudante
aprenderem sobre cordel", completa a diretora Fátima Goés.
O trabalho educacional é intenso, professores e
coordenadores de escolas levam o livreto para a sala de aula com o objetivo de
trabalhar temas transversais através dos poemas rimados. "A biblioteca
recebe diariamente docentes de diversos bairros em busca de inserir no
cotidiano de seus alunos temas como geografia, cultura popular, histórias que
são encontrados nos livretos e esse espaço é de fácil acesso e está aqui para
toda a população", justifica a coordenadora de eventos, Maria José.
"Digo com muito orgulho que fui aluno de João Firmino.
Se hoje visito as escolas levando a cultura local para crianças e adolescentes
é porque aprendi tudo que sei sobre literatura de cordel com ele, que levava
meus versos para analisar em casa e no outro dia me explicava", afirma
Ronaldo Dória.
Cordelteca
A Cordelteca João Firmino Cabral abriga mais de 500 livretos
de cordelistas nacionais e locais, de variados temas. A Biblioteca Clodomir
Silva foi eternizada na literatura de cordel através da homenagem feita pelo
também sergipano Chiquinho Além Mar.
"Hoje a cordelteca possui títulos escritos por de 36
cordelistas sergipanos, mas aqui também há obras de autores de outros estados.
Você encontra nomes como Enoque Araújo, Gilmar Santana Ferreira, Zé Antônio e
de mulheres que fizeram e fazem história com as rimas, a exemplo de Antônia
Amorosa, Izabel Nascimento, Salete, entre outras", ressalta Fátima Góes.
João Firmino
Patrono da primeira cordelteca do país, João Firmino Cabral
despertou para a Literatura de Cordel ainda na adolescência, quando pedia à
irmã para ler os livretos comprados na feira de Itabaiana, município de
Sergipe. Seguiu os passos do poeta e mestre, Manoel D'Almeida Filho, produzindo
o seu primeiro livreto sobre as profecias de Padre Cícero, aos 17 anos.
Em 2002, João Firmino recebeu da Prefeitura Municipal de
Aracaju (PMA) a medalha de Mérito Cultural Serigy. Ao falecer, em fevereiro
deste ano, João Firmino deixou a banca que tinha instalada no Mercado Municipal
Antônio Franco, no Centro de Aracaju, e deixou vaga a cadeira de número 36, da
Academia Brasileira de Literatura de Cordel (ABLC), que ocupava desde 2008.
Texto e imagens reproduidos do site: aracaju.se.gov.br
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