terça-feira, 3 de dezembro de 2019

A Cultura é uma Retaguarda Popular


Publicado originalmente no site EXPRESSÃO SERGIPANA, em 18/11/2019

A Cultura é uma Retaguarda Popular

De Redação

A cidade de São Cristóvão ofereceu com a realização do seu 36º Festival de Artes um exemplo de como a institucionalidade pode se vincular com a cultura popular e como o povo pode se fortalecer com a valorização da sua cultura. Estamos falando de uma cidade que há bem pouco tempo atrás não saía das coberturas jornalísticas de corrupção, onde uma sucessão de prefeitos se esmerava em superar seu antecessor na roubalheira e faziam da nossa mais antiga cidade uma terra fadada ao fracasso.

O festival que teve desde sua origem a marca da ousadia da juventude universitária estava esquecido, ainda que tivesse vivido lampejos de ressurgimento, tal qual estava o próprio município. A revitalização do FASC foi a oportunidade de Sergipe voltar a se familiarizar com os folguedos, com as caceteiras de coco da Ilha Grande, com as ruas de paralelepípedos, com o conhecer das nossas raízes.

Foi possível aproximar culturas eruditas como a orquestra sinfônica de Sergipe com a diversidade de grupos culturais, abraçamos escritores e cronistas dispostos a falar do assalto cultural que estamos vivenciando ou da literatura que os irmãos Palestinos cultivam. Vimos a cena cultural Sergipana sorrindo de orelha a orelha com a simples possibilidade de apresentar seu trabalho em um contexto favorável.

Não é pouca coisa! em tempos sombrios de retiradas de direitos e de negação da cultura plural, crítica e inclusiva, poder contar com um território que esteja aberto ao diálogo é uma grande vitória, ainda mais quando se trata de Sergipe que tem poucos exemplos iguais a esse seja em esfera municipal ou até mesmo estadual.

O povo gosta de festa, mas festeja principalmente onde se sente à vontade, nos locais em que tem certeza que não haverá repressão ou preconceito neopentecostal, tinha necessariamente que uma cidade cheia de casarões, igrejas e praças seculares ser a responsável por autorizar que o sagrado e o profano se irmanassem em resistência.

Texto e imagem reproduzidos do site: expressaosergipana.com.br

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