Publicado originalmente no Facebook/Lucio Prado Dias, em 27 de julho de 2016.
O adeus a um Mestre.
Por Lúcio Prado Dias.
Em 1977, no quinto ano de Medicina, resolvi abraçar a
gastroenterologia. Um nome despontava no cenário médico do estado nessa área:
Wellington Sabino Ribeiro Chaves, ou simplesmente Dr. Wellington, muito amigo
do meu irmão Marcos, não só ele, as famílias de ambos eram muito próximas.
Chegaram a ser vizinhos no Conjunto RIC, projeto ousado e arriscado de Rubens
Chaves, arquiteto irmão de Wellington, construído na zona sul de Aracaju, de
difícil acesso, ao lado de um enorme prédio em construção, que viria a ser o
Supermercado G.Barbosa da Francisco Porto. A cidade “terminava” quase no
Tramandaí. Seguindo pela beira-mar, bem longe, ficava a praia, praticamente uma
região de veraneio, a Atalaia.
Não era fácil chegar ali! Uma rua empiçarrada partindo da
beira-mar, que terminava praticamente naquele conjunto habitacional, sem outras
saídas. Quando chovia então era um horror! Atoleiros gigantescos formavam-se,
dificultando o acesso.
Marcos me apresenta a Wellington para que eu o acompanhasse
no Hospital Santa Isabel, onde juntos dividiam um pequeno ambulatório da
emergente endoscopia digestiva, algo inovador naquele momento. Pioneiro na
videoendoscopia digestiva alta em Sergipe, Wellington Ribeiro importou o
primeiro aparelho para a realização de exames para diagnostico e tratamento.
Consegui com a UFS a autorização para realizar com ele o meu
estágio opcional do último ano, acompanhando-o nas enfermarias, no ambulatório
e no atendimento aos pacientes. Foi um dos períodos mais ricos e intensos da
minha vida estudantil, ante a expectativa da formatura que se aproximava e os
desafios que se apresentavam.
Aprendi com o mestre Wellington não só a prática clínica
moderna, os conceitos médicos vigentes mas, sobretudo, os preceitos éticos e
morais que sempre nortearam a sua vida como profissional zeloso, estudioso e de
cidadão responsável.
Convivi intensamente com ele nesses dois anos, promovendo
cursos e participando de congressos. O 1º Curso de Atualização em
Gastroenterologia, em 1977, foi o meu primeiro desafio como organizador de um
evento, sugerido por ele para angariar recursos para a nossa formatura.
Wellington, com o seu prestigio, trazia palestrantes de
outros estados para abrilhantar os eventos. Com os colegas da faculdade,
fazíamos de tudo para que a coisa acontecesse com o menor custo possível. Até a
decoração era criada pela nossa turma e recordo o trabalho para fazer em isopor
a silhueta de um “estômago” com colagem de cartazes do evento. Um luxo!
No Congresso de Gastroenterologia, ocorrido em Recife no
mesmo ano, lá estávamos juntos ( ele “patrocinava” a nossa participação!),
apresentando-nos vultos da gastroenterologia brasileira, a maioria do seu
círculo de amizade.
Tinha prazer em ensinar, gostava de servir, uma figura
humana magnífica, uma personalidade invulgar! Fará muita falta!
Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Lucio Prado Dias.
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