A coordenadoria de Inclusão e Promoção de
Igualdade Racial será a responsável pelo trabalho
Foto: Márcio Garcez
Publicado originalmente no site do Portal Infonet, em 17 de janeiro de 2019
São Cristóvão inicia cadastramento de terreiros, quilombos e
aldeias
A Fundação de Cultura e Turismo João Bebe-Água (Fundact)
iniciou esta semana o cadastramento de todos os terreiros, quilombos e aldeias
indígenas do município, através do projeto (RE)Conhecendo. A coordenadoria de
Inclusão e Promoção de Igualdade Racial será a responsável pelo trabalho.
Segundo a coordenadora de Inclusão e Promoção de Igualdade
Racial, Acácia Maria Santos, o (RE)Conhecendo: Terreiros, Quilombos e Aldeias
Indígenas de São Cristóvão nasceu da necessidade de se identificar o
quantitativo relacionado a estes setores para que no futuro, a Prefeitura de
São Cristóvão possa realizar ações sociais específicas e também inserir estes
terreiros, quilombos e aldeias indígenas nos projetos federais e estaduais de
fomento à cultura, por exemplo.
“Nosso foco é levar políticas públicas a esses locais, pois
sabemos que existem vários benefícios para terreiros, aldeias indígenas e povos
quilombolas, mas que sem a documentação necessária esse público não tem acesso.
Assim, a nossa equipe da Fundact vem percorrendo a cidade para que o cadastro
possa ser feito, e na sequência possamos dar mais voz a essas populações”,
informou Acácia Maria Santos.
De acordo com o diretor de cultura e arte da Fundact, Thiago
Fragata, o trabalho deve se manter durante todo este ano, visto a extensão
geográfica de São Cristóvão, e a quantidade de lugares com características para
entrar no cadastramento. “Sabemos que ao longo dos anos, fruto da perseguição
social do passado, muitos terreiros, por exemplo, se mantém até hoje de forma
discreta, o que acaba refletindo em não termos políticas públicas para estas
pessoas. É preciso criarmos essa ponte e o (RE)Conhecendo tem foco também em
oportunizar personalidade jurídica a estes locais. Será um trabalho longo,
feito com cautela, onde estamos também registrando fotograficamente as
visitas”, explicou Fragata.
No cadastro do (RE)Conhecendo é possível saber detalhes que
vão da simples localização geográfica até questões relacionadas ao preconceito
racial. Ao final, a Prefeitura de São Cristóvão terá um catálogo com dados
geográficos e pontuações sociais que serão refletidas em ações diretamente
voltadas para cada público cadastrado. O (RE)Conhecendo: Terreiros, Quilombos e
Aldeias Indígenas de São Cristóvão começou o cadastramento visitando terreiros
de Umbanda e do Candomblé localizados no Grande Rosa Elze. Ao todo, a cidade
foi dividida em 11 regiões para melhor demarcar o território cadastral.
Para Arvanley Augusto Santos Wanderley (Pai Obáfanidê), o
(RE)Conhecendo servirá para clarear a visão da sociedade perante o ser de
religião de matriz africana. “Participamos do cadastramento para
desmistificarmos os assuntos sobre o candomblé, enquanto religião. Precisamos
de integração comunitária para manter os terreiros, e que este projeto possa
ser convertido em ação”, disse.
Segundo Helena Denise dos Santos (Mãe Denise de Oxum), a
visita dos técnicos da Fundact mostrou a preocupação para com todos os adeptos
das religiões de raízes africanas. “Creio ser muito importante este projeto
para que venha amenizar o sofrimento causado pelo preconceito. Em meu terreiro
nunca passamos por situações de abuso ou preconceito, mas em nossa religião
temos relatos de situações desses tipos e isso precisa acabar. As pessoas
precisam conhecer mais e nós precisamos de mais visibilidade e apoio”, pontuou.
Contextualizando o negro em São Cristóvão
São Cristóvão, primeira capital de Sergipe, recebeu
contingente de africanos escravizados entre os séculos XVII e XIX. Os escravos
trabalharam nos engenhos do Vaza-Barris, estuário do Rio Paramopama e
Mosqueiro, bem como, no centro burocrático da cidade, desenvolvendo atividades
domésticas. Sobre a origem destes escravos, Luis Mott (um dos mais esclarecidos
pesquisadores da formação étnica sergipana), explicou que a procedência dos
negros que chegaram à antiga capitania, no final do século XVIII, tem origem
de: Angola, Congo, Benguela, Costa do Ouro, Nagô, Golfo do Benin e Gêgê.
Fonte: Prefeitura de São Cristóvão
Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br
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