Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 24
DE setembro de 2019
Museu Bispo do Rosário abre exposição com peças inéditas do
artista
Exposição apresenta 50 obras do sergipano Bispo do Rosário
O Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, no Rio de
Janeiro, abre amanhã (25) a exposição Utopias: A Vida Para Todos os Tempos e
Glória, que apresenta 50 obras do sergipano Bispo do Rosário, entre as quais
duas inéditas.
Um deles é um objeto que remete a um relógio, antes nunca
exposto, e outro é uma uma capa que Bispo usava para proteger as vitrines onde
organizava os artefatos que construía, com materiais que trocava com outros
pacientes da antiga Colônia Juliano Moreira. Localizado em Jacarepaguá, zona
oeste do Rio de Janeiro, o antigo hospital psiquiátrico abrigou o artista por
mais de 50 anos. A capa traz um texto manuscrito que faz referência à ascensão
das virgens aos céus.
“Bispo criava suas próprias peças, em um trabalho de
artesão. As capas nunca foram mostradas. Ficaram guardadas e até esquecidas na
reserva técnica e, agora, com o trabalho de catalogação. Resende informou que
muitos trabalhos de Bispo do Rosário foram descobertos. Ele protegia as capas
com sacos de embalagens de plástico. Ele tinha a mania de acumular esses
objetos, como canecas de alumínio, sandálias havaianas, e depois organizar isso
chamando de vitrines. Cobria essas vitrines com as capas. Trocava os materiais
descartados com outros pacientes e levava para o trabalho dele”, explicou o
novo curador do museu, Ricardo Resende. Ricardo Resende.
O curador revelou que Bispo ouvia vozes que diziam para ele
organizar o caos do mundo. “Essa ideia de acúmulo que existe na obra dele
levava-o a organizar esses materiais todos, que nada mais é do que uma
catalogação dessas coisas”. Nos bordados que fazia, o artista dizia a função
daqueles objetos. Artistas plásticos foram convidados a pintar partes das
paredes da sala onde a exposição foi montada.
Catalogação
Mais de 900 obras de Bispo do Rosário que integram o acervo
do museu foram catalogadas. Elas foram tombadas no ano passado pelo Instituto
do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional (Iphan). De acordo com o curador
do museu, a medida dá mais visibilidade para o trabalho do artista e facilita a
obtenção de novos apoios e parcerias para a conservação. A cela onde Bispo
viveu por cerca de sete anos também foi tombada.
Começa este ano o trabalho de reforma do pavilhão que abriga
a cela e sua restauração. Está prevista a limpeza de várias camadas de pintura
nas paredes, que permitirão ver desenhos feitos pelo artista, bem como várias
inscrições. Depois de restaurada, a cela funcionará como espaço expositivo
permanente para as obras de Bispo do Rosário.
Alguns recursos foram gerados pela taxa de conservação,
cobrada pelo museu quando empresta obras para exposições em outros
equipamentos. “Essa taxa tem ajudado a gente a conservar a obra de Bispo. Já as
obras de restauração serão viabilizadas por financiamento da Fundação Marcos
Amaro, de São Paulo, no valor de R$ 350 mil”. Em 2018, a instituição ajudou na
reforma e restauração da sala expositiva e, no ano anterior, na readequação da
reserva técnica, para melhorar as condições de conservação da obra do artista.
A direção do Museu está buscando também recursos, por meio
de editais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e de
fomento do Imposto sobre Serviços (ISS), para a restauração do quadro O Grande
Veleiro e para construção de um laboratório de restauro.
Casa B
Na Colônia Juliano Moreira, começou a funcionar um programa
de residência denominado Casa B, que abriga educadores, curadores e artistas
para o desenvolvimento de pesquisas e produções por meio do diálogo com a
comunidade e com outros programas desenvolvidos pelo Museu Bispo do Rosário,
informou a assessoria de imprensa do equipamento cultural. “A Casa B continua a
pleno vapor”, comentou Resende.
A exposição funcionará para visitação gratuita da população
de 25 de setembro até 25 de janeiro de 2020, sempre no horário das 10h às 17h,
de terça a sexta-feira, e nos últimos sábados de cada mês.
Com informações da Agência Brasil
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net
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