Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 29 de abril de 2019
Forró pode ser reconhecido como Patrimônio Cultural do
Estado
Pedido de reconhecimento foi feito ao Iphan em 2015 por uma
associação.
A música “Sergipe é o país do forró”, do cantor Rogério, sem
dúvida é um dos principais símbolos sergipanos quando pensamos na época junina,
no ritmo, na dança e nos costumes. Muito presente em todo o Estado, o forró
sergipano poderá ser registrado como patrimônio cultural pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Em conversa com o JORNAL DA CIDADE, o diretor do Departamento
de Patrimônio do Iphan, Hermano Queiroz, explicou que desde 2015, através de
uma solicitação de um grupo de forrozeiros da Associação Cultural Balaio do
Nordeste, com sede em João Pessoa, feita à Superintendência do Iphan na
Paraíba, iniciaram-se os estudos para o reconhecimento do forró como patrimônio
cultural do Brasil.
“Eles entendem que a matriz passa por uma apropriação e por
outras vertentes e essa ressignificação tem ganhado as mídias e as matrizes têm
ficado inviabilizadas nesse processo. Quando se fala em forró, ele abrange
outros gêneros, como o xote, o baião, o xaxado e o arrasta-pé. Ele é muito
complexo, pois compreende ainda danças, músicas, vestimentas, instrumentos
culturais”, revela.
Na prática, se o registro for confirmado, o poder público e
a sociedade passam a ter o compromisso de realizar ações para preservar esse
ícone nordestino e evitar que essa tradição morra. Por enquanto, o processo
está entrando em fase de instrução técnica e, após a conclusão dessa etapa, que
vai até o fim de 2020, um conselho consultivo do Iphan irá decidir se o forró
se tornará mesmo patrimônio.
“Para ser registrado como patrimônio é preciso comprovar
relevância para a memória nacional, ser uma manifestação cultural de constância
histórica – que se mantém há, pelo menos, três gerações – e fazer parte das
referências culturais de grupos formadores da sociedade brasileira”, explica.
Um dos passos importantes para o reconhecimento ocorrerá no
Seminário Forró e Patrimônio Cultural, que vai reunir forrozeiros, artistas,
músicos, artesãos e dançarinos, além de gestores públicos e culturais,
produtores e pesquisadores do Nordeste e de unidades da federação onde o ritmo
tem presença marcante, como o Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro e
Espírito Santo. O evento será realizado na casa de forró Sala de Reboco, em
Recife, dos dias 8 a 10 de maio.
“Há preocupação em fortalecer esse bem cultural. Não é
apenas declarar o seu valor cultural, não apenas dizer que é importante, mas
principalmente em atuar e apoiar o fomento desta cultura tipicamente
nordestina. Antes de ser submetido à aprovação do conselho, o processo passará
pela etapa de pesquisa de campo. Os estudiosos irão mapear as áreas onde o
forró está mais presente, levantar partituras, fotografias e outros registros
que o envolvam. Há outro item importante, que é identificar as vulnerabilidades,
ou seja, os riscos e ameaças à preservação do forró”, acrescenta Hermano.
Em pauta, serão debatidas ações de preservação da
manifestação cultural, políticas públicas voltadas para a valorização e a
sustentabilidade de projetos que fomentam o forró pelo país, além das formas de
transmissão de saberes relacionados ao ritmo.
“Todo esse trabalho de salvaguarda é compartilhado. É como
se fosse um pacto sociocultural entre sociedade, os detentores do forró e o
poder público. Juntos, todos têm o papel de articular ações no sentido de
intensificar as matrizes tradicionais e os nossos gêneros. Toda essa discussão
não está sendo feita de cima para baixo, muito pelo contrário, os detentores do
forró é que vão dizer o que é que tem que preservar, são eles que estão à
frente do plano de preservação. O protagonismo é dos detentores, quem toca,
quem pratica esse bem, quem dança, quem elabora as coreografias e músicas são
eles. E a Superintendência do Iphan em Sergipe vai participar desse debate e
levar toda a carga que Sergipe possui sobre este evento cultual”, finalizou
diretor do Departamento de Patrimônio do Iphan, Hermano Queiroz.
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net
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