quinta-feira, 9 de maio de 2019

Forró pode ser reconhecido como Patrimônio Cultural do Estado


Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 29 de abril de 2019

Forró pode ser reconhecido como Patrimônio Cultural do Estado

Pedido de reconhecimento foi feito ao Iphan em 2015 por uma associação.

A música “Sergipe é o país do forró”, do cantor Rogério, sem dúvida é um dos principais símbolos sergipanos quando pensamos na época junina, no ritmo, na dança e nos costumes. Muito presente em todo o Estado, o forró sergipano poderá ser registrado como patrimônio cultural pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Em conversa com o JORNAL DA CIDADE, o diretor do Departamento de Patrimônio do Iphan, Hermano Queiroz, explicou que desde 2015, através de uma solicitação de um grupo de forrozeiros da Associação Cultural Balaio do Nordeste, com sede em João Pessoa, feita à Superintendência do Iphan na Paraíba, iniciaram-se os estudos para o reconhecimento do forró como patrimônio cultural do Brasil.

“Eles entendem que a matriz passa por uma apropriação e por outras vertentes e essa ressignificação tem ganhado as mídias e as matrizes têm ficado inviabilizadas nesse processo. Quando se fala em forró, ele abrange outros gêneros, como o xote, o baião, o xaxado e o arrasta-pé. Ele é muito complexo, pois compreende ainda danças, músicas, vestimentas, instrumentos culturais”, revela.

Na prática, se o registro for confirmado, o poder público e a sociedade passam a ter o compromisso de realizar ações para preservar esse ícone nordestino e evitar que essa tradição morra. Por enquanto, o processo está entrando em fase de instrução técnica e, após a conclusão dessa etapa, que vai até o fim de 2020, um conselho consultivo do Iphan irá decidir se o forró se tornará mesmo patrimônio.

“Para ser registrado como patrimônio é preciso comprovar relevância para a memória nacional, ser uma manifestação cultural de constância histórica – que se mantém há, pelo menos, três gerações – e fazer parte das referências culturais de grupos formadores da sociedade brasileira”, explica.

Um dos passos importantes para o reconhecimento ocorrerá no Seminário Forró e Patrimônio Cultural, que vai reunir forrozeiros, artistas, músicos, artesãos e dançarinos, além de gestores públicos e culturais, produtores e pesquisadores do Nordeste e de unidades da federação onde o ritmo tem presença marcante, como o Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. O evento será realizado na casa de forró Sala de Reboco, em Recife, dos dias 8 a 10 de maio.

“Há preocupação em fortalecer esse bem cultural. Não é apenas declarar o seu valor cultural, não apenas dizer que é importante, mas principalmente em atuar e apoiar o fomento desta cultura tipicamente nordestina. Antes de ser submetido à aprovação do conselho, o processo passará pela etapa de pesquisa de campo. Os estudiosos irão mapear as áreas onde o forró está mais presente, levantar partituras, fotografias e outros registros que o envolvam. Há outro item importante, que é identificar as vulnerabilidades, ou seja, os riscos e ameaças à preservação do forró”, acrescenta Hermano.

Em pauta, serão debatidas ações de preservação da manifestação cultural, políticas públicas voltadas para a valorização e a sustentabilidade de projetos que fomentam o forró pelo país, além das formas de transmissão de saberes relacionados ao ritmo.

“Todo esse trabalho de salvaguarda é compartilhado. É como se fosse um pacto sociocultural entre sociedade, os detentores do forró e o poder público. Juntos, todos têm o papel de articular ações no sentido de intensificar as matrizes tradicionais e os nossos gêneros. Toda essa discussão não está sendo feita de cima para baixo, muito pelo contrário, os detentores do forró é que vão dizer o que é que tem que preservar, são eles que estão à frente do plano de preservação. O protagonismo é dos detentores, quem toca, quem pratica esse bem, quem dança, quem elabora as coreografias e músicas são eles. E a Superintendência do Iphan em Sergipe vai participar desse debate e levar toda a carga que Sergipe possui sobre este evento cultual”, finalizou diretor do Departamento de Patrimônio do Iphan, Hermano Queiroz.

Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net

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