Publicado originalmente no site JLPOLÍTICA, em 30 de maio de 2019
Vladimir Carvalho jogará novas luzes sobre o turvo Euclides
Paes Mendonça
Vladimir Carvalho: um apego especial à sua Macondo-Itabaiana
Por Jozailto Lima (jlpolitica)
O desembargador federal Vladimir Carvalho, presidente do Tribunal
Regional Federal da 5ª Região, com sede no Recife, está desenvolvendo um
projeto arrojado de jogar luzes, em seu 19º livro, sobre a vida e a obra
política de Euclides Paes Mendonça, seu conterrâneo itabaianense.
Euclides Paes Mendonça, na visão de Vladimir, foi o mais
poderoso dos políticos de Sergipe na década de 40 do século passado e acabou
assassinado “no dia 8 de agosto, numa quinta-feira, às 5h da tarde, no ano de
1963”, segundo a sua pesquisa.
O livro chamar-se-á “Euclides Paes Mendonça: um político do
passado, ensaios, crônicas e anedotas”, e nesta quarta-feira Vladmir Carvalho
falou com a Coluna Aparte sobre ele, meio que à queima-roupa, pelo telefone,
diretamente Recife.
“Eu estou mostrando o lado positivo dele, mas também o
negativo. O negativo são as arbitrariedades, os espancamentos e as mortes. Ele
era muito violento”, diz o desembargador. Para ser o 19º livro da carreira do
escritor Vladimir Carvalho, entram na conta um livro de poemas, cinco de
contos, três de folclore, cinco na esfera do Direito e, sobre a história de
Itabaiana, mais quatro. Há livros dele na esfera jurídica que já vão na oitava
edição. Veja o bate-papo com Vladimir Carvalho.
Aparte - Há algum livro novo vindo por aí, desembargador?
Vladimir Carvalho - Há. Chamar-se-á “Euclides Paes Mendonça:
um político do passado, ensaios, crônicas e anedotas”.
Aparte - Segundo a sua pesquisa, o que é que se distingue na
paisagem da biografia dele?
VC - Euclides Paes Mendonça foi um dos políticos mais
poderosos do Estado de Sergipe na época em que viveu, e creio que no interior
não tenha até hoje ninguém com o poder que ele teve. Foram assassinados no
mesmo dia ele e o filho.
Aparte - Euclides é o que de Mamede e Pedro Paes Mendonça?
VC - É irmão, e tio de João Carlos Paes Mendonça. Ele foi
derrotado como candidato a prefeito em 1947, foi prefeito eleito em 1950,
deputado estadual em 1954, prefeito em 1958, deputado federal em 1962, e em
agosto de 1963 é assassinado.
Aparte - O senhor acha que o seu livro ajuda a dissipar um
certo esquecimento que cobre a história de Euclides?
VC - Claro. Sim, sim. Eu estou mostrando o lado positivo
dele, mas também o negativo.
Aparte - Qual é o lado negativo de Euclides?
VC - O negativo são as arbitrariedades, os espancamentos e
as mortes. Ele era muito violento. Tem um capítulo com esse título: “As
arbitrariedades de 1947 a 1954 e de 1955 a 1963”. Ele nasceu no povoado Serra
do Machado. Hoje é Ribeirópolis, mas que na época era Itabaiana. É de 1916, ou
de 1917.
Aparte - Como assim?
VC - O pai dele quando fez o registro, certificou que ele
nasceu em 1917. Euclides, quando casou-se disse que nasceu em 1916 - veja que
acabamos de passar pelo centenário dele. O Luciano Bispo (presidente da Alese)
até fez uma homenagem a ele na Assembleia.
Aparte - Qual a data do assassinato dele?
VC - O assassinato de Euclides é no dia 8 de agosto, uma
quinta-feira, às 5h da tarde, no ano de 1963.
Aparte - O senhor acha que a trajetória dele é mal
compreendida em Sergipe? É uma personagem pouco divulgada?
VC - Eu diria que, por ora, tem muita coisa escrita sobre
ele. Eu estou citando, por exemplo, na introdução, mais de 60 livros que falam
no nome de Euclides. Biografia já tem uma, a de um rapaz de Itabaiana que escreve
muito, que é o Carlos Mendonça, e está fazendo a de Serapião Antonio de Gois,
que foi prefeito, e cujo lançamento está previsto para o dia 28.
Aparte - O senhor chegou a conviver com Euclides?
VC - Eu estou fazendo a biografia movido pelo fato de ter
sido uma pessoa que escreve e uma das poucas que conheceu Euclides vivo. Eu
vivi a época dele e fui à passeata quando ele foi assassinado. Na época, eu
tinha 13 anos e estou há dois anos fazendo esse livro.
Aparte - Qual é a impressão pessoal que o senhor tem dele?
VC - Depois que eu pesquisei muito e coletei todas as
críticas que a Gazeta fez, a impressão que eu tenho é de que Euclides foi muito
poderoso. É a de que ele tinha um lado bom e um lado negativo. O nosso Ibarê
Dantas, que é de uma precisão fabulosa, diz que Euclides foi de Leandro Maciel
um aliado poderoso, exigente e problemático. Eu uso esses conceitos no meu
livro.
Aparte - Há algum elo, algum link, entre ele e Chico de
Miguel?
VC - Eu diria que Chico de Miguel foi o herdeiro da cadeira
dele. Ocupou o lugar do Euclides líder da UDN. Mas eu diria que os estilos são
diferentíssimos.
Aparte - Itabaiana é sua Macondo?
VC – É, sem dúvida. É a minha aldeia. Não tenho dúvida
nenhuma de que ela é a capital do mundo - diria isso da Itabaiana do meu tempo.
Aparte – Mais algum outro livro pra breve?
VC – Eu tenho três livros de crônica que estão em andamento.
Só estão faltando tempo e dinheiro para eu tentar publicá-los: “Crônicas da
infância vivida”, “Crônicas da faculdade ao tribunal”, que são casos jurídicos,
e “Crônicas da vida e da morte corriqueira.
Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica.com.br
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