Publicada pelo Jornal do Dia, em 04/12/2013.
População se despede de Déda com comoção.
O segundo dia de despedida ao governador Marcelo Déda
continuou intenso como no dia anterior: muitas lágrimas, emoção e uma multidão
do lado de dentro e de fora do Palácio-Museu Olímpio Campos.
Autoridades, como lideranças políticas, prefeitos e
ex-prefeitos da capital e do interior, deputados estaduais e federais,
secretários de Estado, aliados e adversários na vida pública, todos fizeram
questão de dar o último adeus ao governador, pai, esposo, e homem dedicado ao
povo e respeitado por sua dignidade, força, inteligência e competência. O
governador Jackson Barreto chegou ao local cedo, por volta das 8h e continuou
ali até o último minuto, por volta das 14h30, quando o corpo de Marcelo Déda
seguiu em cortejo fúnebre até o aeroporto onde partiu em direção a Salvador
para ser cremado, já que Aracaju não possui crematório.
Emocionado, Jackson, mais uma vez, falou sobre o amigo e
recordou uma conversa que teve recentemente com Dom Henrique Soares, quando o
bispo lhe disse que visitou Déda em São Paulo e sentiu um homem preparado com a
decisão de Deus sobre a sua vida. "Ele teve tanta coragem que descreveu e
decidiu com sua família como seria sua despedida. Um homem preparado, resignado
com a decisão de Deus, isso nos deixa mais tranquilos, saber que ele foi em
paz", disse Jackson.
O governador em exercício ainda citou um trecho de João
11.25 para se confortar: "Como cristão, o que posso dizer é repetir aquilo
que está no Evangelho: 'Disse Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida.
Aqueles que creem em mim, mesmo morrendo, viverá', é nisto que creio e era
nisto que Déda sempre acreditou".
Entre os presentes cada um tinha uma lembrança de Déda, um
momento marcante, uma palavra para defini-lo: amigo, companheiro, guerreiro,
lutador, exemplo e é o seu exemplo de homem público e líder nato, aquilo que
ficará na memória de todos.
O presidente do TJ/SE e irmão de Marcelo Déda, desembargador
Cláudio Déda, contou um pouco sobre a relação dos dois e lembrou que a política
era a vocação do seu irmão. "Eu era muito dedicado a ele, porque ele era
mais novo aproximadamente 15 anos que eu e queria que ele tivesse sucesso na
vida não só como político, mas como magistrado. No entanto, ele sempre me
dizia: meu irmão está no meu sangue a política, eu não posso lhe atender por
isso, porque a política corre em minhas veias", recordou o desembargador,
tentando controlar a emoção pelo momento e pela saudade deixada.
"Meu irmão foi um homem muito ético é uma perda muito
grande para a família e para mim. Ele tinha um amor muito grande não só pela
família como também pelo povo de Sergipe. Era uma pessoa muito humana",
concluiu Cláudio Déda.
Para a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini
(DEM), que conheceu Déda enquanto ambos eram prefeitos, a adversidade
partidária nunca impediu que os dois lutassem juntos pelo melhor para o
Nordeste.
"Estivemos juntos em muitas lutas municipalistas,
depois, quando eu já senadora e ele governador, nos somamos também em lutas que
sempre tinham a visão maior de defender o nosso Nordeste, em busca de justiça
social, apesar de sermos de partidos tão opostos nos uníamos naquilo que era
mais importante, que era o bem do povo. Esse foi o Déda que conheci: dedicado,
um homem de coragem, determinado, que defendia Sergipe acima de qualquer coisa.
Que ele esteja, e com certeza está, ao lado de Deus, mandando muitas bênçãos
para Sergipe e para o povo Sergipano", disse a governadora potiguar.
Em passagens rápidas os governadores de Alagoas, Teotônio
Vilela, e de Pernambuco, Eduardo Campos, também vieram a Aracaju homenagear
Marcelo Déda. Humberto Costa, senador por Pernambuco, também destacou seus
sentimentos, mas ressaltou que as demonstrações de amor dos sergipanos aliviam
este momento de dor. "Um sentimento de perda muito grande, mas ao mesmo
tempo um sentimento de conforto, porque estamos vendo o quanto esse povo amava
o governador Marcelo Déda, então ele está tendo a despedida que certamente ele
gostaria de ter".
Sílvio Santos, secretário-chefe a Casa Civil destacou o
espírito de liderança do amigo partidário. "Déda foi um líder que todo
sergipano hoje reconhece, aliás, reconheceu a vida inteira, e hoje este é mais
um reconhecimento da liderança de Déda. Vai fazer muita falta, para a classe política,
mas ele deixa um legado fundamental, que é uma forma nova de fazer política
republicana, em respeito ao povo, com muita ética, e com muita social".
De acordo com o deputado federal Márcio Macedo, Déda entra
para história pelo conjunto da sua obra e pelo patrimônio político que deixou.
"Ele deixou uma obra na política e na gestão que mudou a face de Sergipe,
agora, o principal patrimônio que, por exemplo, é a minha referência, e que me
move na política, é a forma ética com que ele tratou a política de forma séria.
Déda é um homem que não tem patrimônio material, nunca esteve na política para
benefício pessoal, foi para servir ao povo na sua maior vocação que era a
política".
"Ele deixa um apartamento e um carro, mas não deixa
muitas riquezas para a família, o que significa esta parte ética, eu acho que
esse é o grande legado dele, é a ética, e realmente um homem que procurou
trabalhar pelo povo. Ele estava preparado para a sua partida e fez sua
preparação, se confessou, recebeu o sacramento da unção, recebeu Jesus vivo e a
sacristia, eu mesmo levei ao Hospital da Eucaristia", explicou o arcebispo
de Aracaju, Dom José Palmeira Lessa, que relatou também a última conversa entre
os dois.
"Eu tive com ele e me disse que só tinha que agradecer
a Deus pela sua vida, por tudo que aconteceu na sua vida, que não reclamou nem
da doença, nem dos sofrimentos em consequência da doença, pois ele só tinha a
louvar e agradecer a Deus, como homem, homem político e homem
político-cristão", declarou o religioso.
Fotos e texto reproduzidos do site: jornaldodiase.com.br
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