sábado, 22 de novembro de 2014

Santana do São Francisco, a cidade ribeirinha que molda formas

Em Carrapicho, cada casa uma pequena olaria.


Claudionor Filho, 31, herdou do pai o dom de moldar formas.


Dona Carminha é a responsável pelo acabamento
das peças que o filho produz.

O forno a lenha fica no próprio quintal das olarias.

Após moldadas, as peças ficam secando por
24hrs, para só então ir ao forno.

Mercado onde também são comercializadas as
peças produzidas na cidade
Créditos das fotos: Roberto Miranda.
Imagens e Legendas reproduzidas do site: aquiacontece.com.br

Publicado originalmente no site Aqui Acontece, em 23/11/2012.

SE: Santana do São Francisco a cidade ribeirinha que molda formas
Por Roberto Miranda.

A aspereza do homem nordestino em Santana do São Francisco, pequena cidade sergipana banhada pelo Rio São Francisco, com 6.800 habitantes, não corresponde à práxis. Das olarias, surgem através das mãos de homens rudes, expressivas obras de arte, criadas com o barro retirado do leito e dos antigos arrozais das margens do rio, conhecida como cerâmica de Carrapicho.

Carrapicho ou Santana do São Francisco, tanto faz. A cidade é conhecida pelos dois nomes, localizada no Baixo São Francisco na margem sergipana do rio, é também o lugar das olarias. Quem empresta o nome à cidade é a padroeira do lugar, Nossa Senhora Santana. Carrapicho é como a cidade era chamada no tempo em que era comarca de Neópolis. O local tem um ar bucólico, de que parou no tempo. Onde carroças de burro e parelha de bois ainda dividem espaço nas ruas com automóveis.

As olarias estão presentes por toda a cidade e a negociação das peças são realizadas ali mesmo nas calçadas que servem de vitrine. Cada casa é um pequeno comércio, e quem chega pode conferir no mercado de artesanato todo o trabalho moldado com técnicas do passado que ainda usadas no presente.

O turista ainda pode acompanhar todo o processo artesanal da modelagem de silhuetas. Pois as olarias são abertas à visitação e a compras. Como é o caso da pequena olaria familiar, que fica na Rua Berlamino Gomes. Lá trabalham o pai, Claudionor, 74, e os filhos, José, 48 e Claudionor Filho, 31. Isso revela o ritual de transmissão de um ofício de pai para filho, fenômeno observado nas mais diversas manifestações culturais.

O homem cria as peças e a mulher se encarrega do acabamento final, que é a pintura. Esse é o caso de dona Carminha, 58 anos. Ela explica que o filho produz as peças de barro e ela se encarrega da pintura em sua casa, que também funciona como atelier.

O processo: da oleiro ao acabamento.

A técnica de criação da cerâmica se inicia com o oleiro fabricando a peça, depois é colocada para secar ao sol por 24 horas. Em seguida, vai ao forno à lenha até atingir o ponto de cardeação, o que significa dizer: o ponto mais quente do forno, daí então, não se coloca mais lenha. Espera-se que o fogo apague por si e retiram-se as peças, quando frias, para a última etapa, que é realizada pelas mulheres, o acabamento e a pintura...

Texto e imagens reproduzidos do site: aquiacontece.com.br/

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