Publicado originalmente no blog Em Pauta UFS, em 03/12/2009.
Monsenhor José Carvalho de Souza: 50 anos de compromisso com
a educação
Monsenhor José Carvalho de Souza
Por Catarina Schneider
Monsenhor José Carvalho de Souza, 83 anos, é um nome de
referência em Aracaju. Conhecido por fundar o Colégio Arquidiocesano desde 1º
de março de 1960 e pela sua visão cristã moderna, é tido como um grande
educador. Nascido em 24 de novembro de 1926, é bem humorado e bastante
acessível, dando-se muito bem com os adolescentes e as crianças. Nascido na
cidade de Lagarto, órfão de mãe desde o seu nascimento, foi criado pelos avós e
tios. Desde a sua infância já pensava em ser padre. Estudou em uma escola católica,
“Dona Maria Teles”, e gostava bastante de prestar atenção nas pregações que os
padres faziam e de ajudar as missas como coroinha, o que demonstra sua vocação
para o sacerdócio. Porém, seus tios fizeram uma pressão muito grande e ele
acabou desistindo da idéia. Quando completou 17 anos, teria que vir para
Aracaju cursar o ginásio no colégio Tobias Barreto em regime de internato, já
que não existia segundo grau na sua cidade. Como não queria, sua avó o mandou
pra fazenda. Lá ele tomou gosto pelos animais e tornou-se muito apto naquilo.
“Tinha 36 cabeças de gado e sempre trocava animais com meu tio”, conta todo
orgulhoso. Em uma venda de ferreiro onde levava o material da fazenda para o
conserto, perto da casa onde morava em Lagarto, tinham dois adventistas
(religiosos que guardam o sábado ao invés do domingo) que ficavam criticando a
igreja católica. Como tinha princípios religiosos, Monsenhor Carvalho,
objetivava-os discordando do que falavam. Então, uma pergunta trouxe à tona o
que estava adormecido. “Eles me perguntaram se eu já havia lido a Bíblia e eu
disse que não, aí eles falaram que foi por isso que eu acreditava na igreja
católica, pois ela deixou de pregar a língua de Deus para pregar a língua dos
homens. Naquele mesmo dia eu comprei o Novo Testamento e comparei o que tinha
aprendido na escola e na igreja”, relembra. Assim, foi se apegando à igreja, ao
Evangelho e voltando a freqüentar as missas. No dia 8 de setembro de 1945, na
hora do jantar, seu tio o interperou: “Eu pedi a preferência da fazenda pra
você e você não disse se quer ou não comprá-la, então se decida porque venderá
para outra pessoa”. Então, ele disse : “Se meu avô, Zacarias da Silva Junior,
em vez de me dar a fazenda, quiser custiar a despesa no seminário, prefiro ir
para lá”. Sua avó não apoiou muito, pois dizia que nunca gostara de estudar e
nunca havia perseverado com nada.
Porém, aquilo era o que ele realmente queria e prometeu
estudar e prosperar. Assim, seu avô cedeu para ele ir ao seminário. Foi uma bomba
na cidade. Filho de fazendeiro, um menino novo como outro qualquer, abandonar
tudo isso e ingressar no seminário aos 19 anos. No dia 20 de fevereiro de 1946
começou uma vida de estudo e dedicação que toda a sua vontade o fez chegar ao
nível dos outros em um só semestre, terminando o seminário em apenas cinco
anos. Em seguida, fez um curso de Filosofia na Universidade Católica de
Pernambuco em dois anos. Logo depois, o bispo escreveu dizendo que queria que
ele fizesse teologia em outro lugar para o sacerdócio, e o indicou para o Rio
Grande do Sul para o Seminário Maior de São Leopoldo, para onde foi. Tendo
ainda uma passagem pela Faculdade de Ciências e Letras de São João Del Rei
(MG), onde recebera o Diploma de Administração Escolar (outra vocação latente
que lhe serviria de base para mais tarde implantar uma das mais renomadas
escolas de Sergipe – O Arquidiocesano). No dia dois de dezembro de 1956, o
bispo o nomeou para ser vice-reitor do seminário que assumiu aqui em Aracaju.
No dia 12 de março ele o transferiu para reitor do seminário e logo depois
fundou o colégio Arquidiocesano com a intenção de trazer uma formação para
jovens que também não se destinavam ao sacerdócio. O objetivo geral do seu
trabalho é estimular os alunos para que e eles se tornem felizes, capazes e
iluminados, para que prosperem aqui e na eternidade. “Ser uma pessoa justa, com
fé, que queira bem ao trabalho, tenha o suficiente para viver, seja solidário e
atenda as necessidades dos outros: isso é o que tento passar para eles”, conta.
Coordenador e diretor do colégio mais antigo de Aracaju que completa no próximo
ano 50 anos, tem sua história relatada num enorme acervo de placas, medalhas,
prêmios e reconhecimento do excelente trabalho que vem exercendo para o Arqui e
famílias que depositam sua confiança na educação que o Monsenhor Carvalho se
propõe dar todos os dias.
Texto e imagem reproduzidos do blog: empautaufs.wordpress.com/2009/12/03
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