Agosto/2012.
Juventude e tradição dividem espaço no folclore sergipano.
Por Carla Sousa, da Ascom/Secult
O grupo das Caceteiras é uma manifestação folclórica única
em Sergipe que já conquistou seguidores das novas gerações.
Aos cinco anos de idade, Maria Clara Santos da Luz já mostra
que tem energia e compasso para a brincadeira. A pequena é uma das mais
animadas integrantes do grupo das Caceteiras de Rindu, do município de São
Cristóvão. A manifestação folclórica única em Sergipe já conquistou seguidores
das novas gerações, a exemplo de Clara, e com isso vem garantindo a preservação
do grupo e das tradições folclóricas do Estado.
Essa é a grande preocupação de José Gonçalo Oliveira, o ‘Seu
Rindu’, que aos 72 anos comanda o grupo com a energia de um menino. “Ainda
estou com todo gás para brincar”, afirma. No entanto, ele sabe que um dia esse
gás acaba e para não ver sua brincadeira morrer, ele tem incentivado a
participação de jovens e crianças no grupo. Ele e sua esposa, Dona Maria
Acácia, estão empenhados em formar o grupo mirim das Caceteiras.
“Vou montar o grupo das meninas para quando as velhas não
aguentarem mais já vamos ter outro grupo formado. Por mim a cultura nunca vai
acabar. Eu tenho muito gosto pelo que faço”, destaca o mestre. Rindu conta que
começou a brincar aos oito anos de idade. “Eu via meus pais, avós, tias todo
mundo indo brincar e pedia pra ir também. Se não me levassem eu começava a
chorar”, relembra.
José George dos Santos, 12 anos, é neto do Seu Rindu e vem
seguindo os passos do avô. O pequeno comanda o tambor das Caceteiras, do Samba
de Coco e do Reisado de São Cristóvão. Ele conta que desde pequeno ia para os
ensaios e apresentações dos grupos e naturalmente aprendeu a tocar. “Eu gosto
muito. Meus amigos ficam rindo de mim, mas eu não ligo. Faço porque gosto”,
afirma o pequeno tocador que não perde o ritmo um só segundo.
Assim como ele, o Seu Milton Bispo, 59 anos, também começou
cedo a sua trajetória no folclore e sabe a importância de inserir os mais
jovens nos grupos, que hoje são formados em sua maioria por idosos. “Nós temos
que colocar essa nova geração para brincar também. Só da minha família tem
cinco pessoas, minha esposa filhos e netos”, ressalta o pai da pequena Clara.
A cultura não pode morrer
Hoje, as crianças e os jovens integram a maioria dos grupos.
Ao lado dos mais velhos, eles compartilham o mesmo encantamento e a mesma
história dentro da cultura popular. O tamanho não os diferencia dos adultos ou
idosos dos grupos. A diferença de geração só torna a brincadeira ainda mais
bonita e mostra como o Folclore é uma manifestação que encanta diferentes
gerações, que se unem para não deixar morrer a tradição.
“Essas crianças crescem vivenciando o folclore no seu dia a
dia, no seio da família. Para elas é muito natural, elas dançam porque gostam e
dançam com muita desenvoltura e empolgação. Toda criança tem no pai a figura de
um herói e acompanhar o que eles fazem e reproduzir, é uma satisfação muito
grande para elas”, explica a assessora cultural da Secult, Maurelina Santos,
que trabalha há 27 com os grupos folclóricos do Estado.
Segundo a historiadora e folclorista Aglaé Fontes de
Alencar, é ótimo quando surgem grupos formados também por crianças. “Acho bom
que as crianças tenham esse interesse porque quando o mestre morre é muito
difícil conseguir outro para substituí-lo.
No entanto, Aglaé afirma que esses líderes precisam estar
abertos para receber os mais jovens no grupo. Para Rindu, essa tarefa não é
nada fácil, mas o retorno é gratificante. “Dá um pouco de trabalho, mas vale à
pena. Amanhã ou depois esses meninos vão saber as cantigas, as danças, e não
vão deixar a tradição morrer”, destaca Seu Rindu.
Fotos: Denisson Alves/Secult.
Imagens e texto reproduzidos do site: agencia.se.gov.br
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