quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Juventude e tradição dividem espaço no folclore sergipano.


Agosto/2012.

Juventude e tradição dividem espaço no folclore sergipano.
Por Carla Sousa, da Ascom/Secult

O grupo das Caceteiras é uma manifestação folclórica única em Sergipe que já conquistou seguidores das novas gerações.

Aos cinco anos de idade, Maria Clara Santos da Luz já mostra que tem energia e compasso para a brincadeira. A pequena é uma das mais animadas integrantes do grupo das Caceteiras de Rindu, do município de São Cristóvão. A manifestação folclórica única em Sergipe já conquistou seguidores das novas gerações, a exemplo de Clara, e com isso vem garantindo a preservação do grupo e das tradições folclóricas do Estado.

Essa é a grande preocupação de José Gonçalo Oliveira, o ‘Seu Rindu’, que aos 72 anos comanda o grupo com a energia de um menino. “Ainda estou com todo gás para brincar”, afirma. No entanto, ele sabe que um dia esse gás acaba e para não ver sua brincadeira morrer, ele tem incentivado a participação de jovens e crianças no grupo. Ele e sua esposa, Dona Maria Acácia, estão empenhados em formar o grupo mirim das Caceteiras.

“Vou montar o grupo das meninas para quando as velhas não aguentarem mais já vamos ter outro grupo formado. Por mim a cultura nunca vai acabar. Eu tenho muito gosto pelo que faço”, destaca o mestre. Rindu conta que começou a brincar aos oito anos de idade. “Eu via meus pais, avós, tias todo mundo indo brincar e pedia pra ir também. Se não me levassem eu começava a chorar”, relembra.

José George dos Santos, 12 anos, é neto do Seu Rindu e vem seguindo os passos do avô. O pequeno comanda o tambor das Caceteiras, do Samba de Coco e do Reisado de São Cristóvão. Ele conta que desde pequeno ia para os ensaios e apresentações dos grupos e naturalmente aprendeu a tocar. “Eu gosto muito. Meus amigos ficam rindo de mim, mas eu não ligo. Faço porque gosto”, afirma o pequeno tocador que não perde o ritmo um só segundo.
Assim como ele, o Seu Milton Bispo, 59 anos, também começou cedo a sua trajetória no folclore e sabe a importância de inserir os mais jovens nos grupos, que hoje são formados em sua maioria por idosos. “Nós temos que colocar essa nova geração para brincar também. Só da minha família tem cinco pessoas, minha esposa filhos e netos”, ressalta o pai da pequena Clara.

A cultura não pode morrer

Hoje, as crianças e os jovens integram a maioria dos grupos. Ao lado dos mais velhos, eles compartilham o mesmo encantamento e a mesma história dentro da cultura popular. O tamanho não os diferencia dos adultos ou idosos dos grupos. A diferença de geração só torna a brincadeira ainda mais bonita e mostra como o Folclore é uma manifestação que encanta diferentes gerações, que se unem para não deixar morrer a tradição.

“Essas crianças crescem vivenciando o folclore no seu dia a dia, no seio da família. Para elas é muito natural, elas dançam porque gostam e dançam com muita desenvoltura e empolgação. Toda criança tem no pai a figura de um herói e acompanhar o que eles fazem e reproduzir, é uma satisfação muito grande para elas”, explica a assessora cultural da Secult, Maurelina Santos, que trabalha há 27 com os grupos folclóricos do Estado.

Segundo a historiadora e folclorista Aglaé Fontes de Alencar, é ótimo quando surgem grupos formados também por crianças. “Acho bom que as crianças tenham esse interesse porque quando o mestre morre é muito difícil conseguir outro para substituí-lo.

No entanto, Aglaé afirma que esses líderes precisam estar abertos para receber os mais jovens no grupo. Para Rindu, essa tarefa não é nada fácil, mas o retorno é gratificante. “Dá um pouco de trabalho, mas vale à pena. Amanhã ou depois esses meninos vão saber as cantigas, as danças, e não vão deixar a tradição morrer”, destaca Seu Rindu.

Fotos: Denisson Alves/Secult.

Imagens e texto reproduzidos do site: agencia.se.gov.br

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