sábado, 10 de agosto de 2013

Peças do Artesão Véio, no Sítio SóArte, em Nossa Senhora da Glória

Foto: Verônica Almeida.

Peças do Artesão Véio, no Sítio SóArte,
em Nossa Senhora da Glória-SE
Por Jorge Henrique · Nossa Senhora da Glória, SE

Uma visita ao Sítio SóArte, no interior do Estado de Sergipe, é, sem dúvidas, uma experiência inesquecível e singular. O sítio, de propriedade do artesão Cícero Alves dos Santos, o Veio, localiza-se mais precisamente na BR 206, entre os municípios de Nossa Senhora da Glória e Feira Nova, na altura do Km 8.

Já da estrada, o visitante vislumbra um cenário insólito. Esculturas em madeira bruta expostas a céu aberto, dispostas nas laterais do acesso à residência do artesão, como a prepararem um corredor que envolve e acolhe aqueles que cruzam o estranho umbral.

Ao atravessar o caminho, o visitante sente-se como quem observa cenas de um mundo incomum, ao mesmo tempo em que é observado por seres bizarros. Contudo, à medida que o impacto inicial se dissipa, é possível perceber que as esculturas refletem a vida do sertanejo, em suas mais diversas manifestações sócio-culturais, construindo um universo que materializa o imaginário nordestino.

As peças, praticamente em estado bruto, são apenas readaptadas para sua nova existência, re-significadas para integrarem este mundo particular e único. O próprio artista afirma: “A inspiração nasce da visão. Então, numa árvore dessas, eu vejo todo tipo de escultura que eu posso aproveitar. Só de olhar, eu já sei o que eu vou fazer e qual a história de cada peça”.

É neste mundo que o artista vive: “Aqui eu converso com eles. Eles têm vida, têm alegria, têm tristeza. Cada peça dessas é uma pessoa, é um filho, é um irmão, é uma família”.

Com isso, Véio redimensiona o princípio de atemporalidade da arte, uma vez que suas peças não permanecerão para outras épocas. O próprio artista afirma: “Ninguém é eterno. Então aqui morre peça, se acaba peça e nasce peça. Então, enquanto tem uma se deteriorando, se acabando, ficando velhinha, eu vou chegando todos os dias com novas peças para irem substituindo. Não substitui a peça, mas coloca no elenco uma família que morre e que nasce também”.

Assim, suas peças, expostas a sol e chuva, têm vida curta, adoecem, envelhecem e morrem. E este mundo extraordinário só permanecerá existindo enquanto a mão do artista, tal qual uma mão divina, o mantiver em movimento.

Felizmente, há registros que guardarão para a posteridade esta obra magnífica. Um deles é o filme VEIO, de Adelina Pontual, produzido pela REC Produtores Associados e CHÁ Cinematográfico (PE), sob o patrocínio da PETROBRAS. O documentário retrata, de uma forma simples e sutil, todas as nuanças da obra desse artesão magnífico.

Imagem e texto reproduzidos do site: overmundo.com.br

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