ARACAJU
Terezinha Alves de Oliva
Cajueiro dos papagaios, Tempo dos cajus ou Lugar dos
cajueiros : divergem os estudiosos quanto à interpretação da palavra ARACAJU,
nome dado pelos indígenas ao lugar onde, um dia, seria erguida a nova capital
de Sergipe. O conquistador português cristianizou a denominação, consagrando “o
Aracaju” a Santo Antônio. O povoado de Santo Antônio do Aracaju, desmembrado da
povoação de Nossa Senhora do Socorro, foi escolhido para a execução do plano
mais ousado da vida sergipana até o século XIX: a mudança da capital, da velha
cidade de São Cristóvão para a praia quase deserta, região entrecortada de
mangues e charcos.
A decisão do Presidente Inácio Joaquim Barbosa, consagrada
pela Resolução de 17 de março de 1855, atendia aos interesses maiores da
Província, de buscar meios para a exportação direta do açúcar, sem a
intermediação da Bahia. Tratava-se, pois, da busca da independência econômica,
situando a capital próxima a um bom porto e na região economicamente mais
ativa, a da Cotinguiba.
O projeto do engenheiro Sebastião Basílio Pirro criou uma
cidade onde predominou a linha reta, em quadras matematicamente desenhadas,
como num tabuleiro de damas. Era a nova concepção, distante do perfil das
velhas cidades que o colonialismo português nos legara. Era também o sonho da
modernidade, do progresso, da novidade que a capital deveria representar.
Após o impulso das construções iniciais, Aracaju manteve-se
pequena e melancólica até fins do século XIX; com a República, o papel
conferido às capitais traz para ela vários melhoramentos urbanos. O movimento
fabril e comercial alimenta o sonho dos sergipanos do interior que buscam fugir
da pobreza e da falta de perspectivas. A cidade interpõe-se ao fluxo migratório
que exaure a população do Estado castigado pela crise econômica, dando nova
orientação à vida de uma comunidade que buscava alhures a rota da esperança.
Superando crises, ironizada pelo provincialismo, Aracaju
ganhou nova face, a partir das últimas décadas do século XX, como resultado da
exploração do petróleo e da industrialização. Hoje, abrigando quase a metade da
população de Sergipe, faz uma transição decisiva para a modernidade, sem perder
o traço e o jeito dos sergipanos, que se orgulham da capital sesquicentenária,
progressista e aberta às novidades do mundo que se globaliza.
Diretora do Museu do Homem Sergipano –UFS
Vice-Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de
Sergipe
Mestre em História (UFPE) e Doutora em Geografia (UNESP/Rio
Claro).
Artigo reproduzido do site: sociedadesemear.org.br
Imagem reproduzida do site: vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade
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