Morre aos 76 anos o prefeito de Japaratuba, padre Gerard.
Ele estava internado no Hospital São Lucas vítima de câncer
Acabou de falecer em um apartamento do Hospital São Lucas,
aonde estava internado desde a última sexta-feira, 31, o prefeito de
Japaratuba, Padre Gerard Lothaire Jules Olivier (PT), o padre Geraldo Oliveira,
76.
Ele sofria de um câncer que foi detectado no pulmão, mas
desencadeou uma metástase óssea. O estado de saúde do administrador se agravou
na manhã desta segunda-feira, 3.
A prefeitura de Japaratuba informa que o velório do líder
Gerard Lothaire Jules Olivier, o padre Geraldo, será às 17h de hoje, 3, na
Igreja Nossa Senhora da Saúde, localizada em Japaratuba. O enterro do prefeito
acontece amanhã, 4, às 9h no cemitério da cidade. A Prefeitura decretou luto
oficial de três dias.
Histórico
Nascido em 10 de outubro de 1936 em Tournai, na Bélgica,
Gerard Lothaire Jules Olivier, mais conhecido como padre Geraldo, é um dos
maiores políticos que já existiu na história de Japaratuba. Estando atualmente
em seu quarto mandato como prefeito do município, o filho de Richard Olivier e
Elizabeth Cardon, aprendeu ainda na infância – quando viu membros de sua
família serem prisioneiros na Segunda Guerra Mundial – a persistir em seus
objetivos, com garra e determinação, sem esmorecer diante das dificuldades.
Descobriu sua vocação para padre ao se envolver em
movimentos de juventude, através de uma caminhada de engajamento pelos
trabalhos desenvolvidos pela Ação Católica, coordenada pelo famoso Cardeal
Cardin, que aplicava o método do ver, julgar e do agir. Decidiu, então, entrar
para o seminário na Bélgica, ao passo que investia nos estudos, sendo aluno
livre de Medicina Tropical e Sociologia, pelas Universidades de Lyon, na França
e Louvain, na Bélgica.
Ordenou-se em 19 de março de 1964, transformando-se em um
dos primeiros sacerdotes da Bélgica. Depois de ordenado, passou um ano
estudando a língua portuguesa na Universidade de Louviana. Foi justamente nesta
época que Gerard passou a conhecer um pouco da realidade latino-americana.
Parecia que o caminho do atual prefeito de Japaratuba já se direcionava para o
Brasil.
Foi quando o bispo da cidade de Propriá, Sergipe, na época,
Dom José Brandão de Castro, precisou viajar à Bélgica para resolver um problema
enfrentado por ti, em sua diocese: havia apenas dois padres para conduzir os
fiéis. Uma realidade contrastada com a do país de Gerard, em que 1000 padres se
dividiam por nove dioceses. A diferença considerada absurda pelo então
recém-ordenado, o fez se entusiasmar com a perspectiva de desenvolver seu
trabalho no Brasil.
Foi designado para o menor estado do país para trabalhar na
paróquia da cidade de Japaratuba. Chegou no período da revolução militar, para
desenvolver um novo trabalho na Igreja, voltado para o social. Encontrou certa
resistência por parte dos habitantes nos primeiros meses, mas com seu jeito
simples, conquistou a população. Em pouco tempo, Gerard já conhecia o modo de
viver, pensar e até mesmo, rezar de seus paroquianos. Mesmo residindo em
Japaratuba desde 1965, Padre Geraldo teve ainda a oportunidade de trabalhar nos
municípios de Canhoba e Ilha das Flores.
Empenhado em suas funções, ajudou a população de Japaratuba
em grandes conquistas, sobretudo em posses de terras. Segundo o próprio padre
Geraldo, com o apoio do Estado, conseguiu angariar oito mil tarefas de terra.
Dentre as benfeitorias que realizou, Gerard também colaborou para a fundação da
Cooperativa Agrícola Mista de Colonização Jardim Ltda, foi presidente da
Associação de Caridade de Japaratuba, e esteve à frente das bandas de músicas
Euterpe Japaratubense e Santa Terezinha.
Por ser uma pessoa bem quista pelos moradores de Japaratuba,
o ingresso na política não demorou acontecer. Atendendo a um pedido dos
japaratubenses, resolveu iniciar sua carreira. Começou entrando em contato com
todos os partidos, inclusive os de esquerda. Optou pelo PMDB “pois naquela
época era o partido que acolhia, praticamente, toda a esquerda, todos que não
tinham espaço, pois só existiam no Brasil, dois partidos. Quando o PT foi
formado, nosso relacionamento foi o mais válido possível”, lembra Gerard.
Uma vez inserido na política, continuou com a mesma proposta
revolucionária, aplicada em Japaratuba no período em que fez parte da pastoral
de Dom José Brandão de Castro. Em 1982 resolveu, finalmente, se lançar
candidato a prefeito, mas foi cassado pelas “forças conservadoras”, um mês
antes da eleição. Neste mesmo ano, após dois anos de luta, conseguiu se
naturalizar brasileiro, após uma análise minuciosa das autoridades federais.
Apesar de não ter conseguido se eleger na primeira
tentativa, Gerard não desistiu. Em 1988 voltou a se candidatar e venceu a
eleição para prefeito de Japaratuba, com a coligação ‘Força Popular’. Nascia
naquele momento, uma forma de governo diferente, voltava para a participação
popular e para a democracia. Era a maneira “Gerard de governar”.
Nove anos após seu primeiro mandato, padre Geraldo voltou a
vencer uma disputa eleitoral no município que lhe acolheu. Em janeiro de 2001,
iniciava-se a gestão “Dignidade e Esperança”. No ano de 2004 disputou a reeleição
logrando êxito e vencendo nas urnas. Passou a dar continuidade ao seu trabalho
na administração “Com Paz, Dignidade e Esperança”.
Texto e foto reproduzidos do site: infonet.com.br/politica
Por Aldaci de Souza com informações da Ascom Japaratuba.
Foto: Aline Acioli
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