Publicado em 10/09/2012 pelo Jornal da Cidade.Net
Segredos da cozinha do Calumbi
Bar e Restaurante São Miguel surgiu num boteco e hoje
emprega 40 pessoas no povoado.
É muito difícil ter uma pessoa em Aracaju que nunca tenha
ouvido falar ou já não tenha desbravado os 2,5 km de estrada de chão para
saborear as delícias a base de camarão servidas no Bar e Restaurante São
Miguel, no povoado Calumbi, no município de Nossa Senhora do Socorro. O povoado
tem um clima gostoso, é seguro, tranquilo para crianças, possui vários viveiros
de camarões, mas ficou conhecido mesmo pelo seu único atrativo turístico: o
restaurante que serve um delicioso pirão de camarão. Para quem não gosta do
crustáceo, ainda serve uma galinha de capoeira de dar água na boca.
Para chegar até o local, o acesso é pela BR-101ou pela
Rodovia das Indústrias. Antes, os moradores do Calumbi sofriam porque o ônibus
não chegava até o povoado. Quem queria pegar o transporte público tinha que ir
a pé até a BR- 101. Agora tem uma linha direta : Estiva/Osvaldo Aranha, que
surgiu por conta do sucesso do empreendimento. Mas,são os carros de luxo que
hoje cortam o caminho até o restaurante que serve uma refeição de qualidade,
generosa na quantidade e com preço acessível.
O segredo do sucesso está nas mãos de fada da matriarca da
família Paixão. Dona Marieta Vieira da Paixão, de 52 anos,começou seu negócio
com um boteco instalado numa casa de taipa, com os 90 cruzeiros emprestados
pelo tio Miguel, que deu nome ao estabelecimento. Tempos depois, passou de
boteco a mercearia e por conta dos seus dotes culinários, Dona Marieta começou
a servir refeições a moradores do povoado, tendo como carro chefe o pirão de
camarão. À época eram servidas uma média de 20 refeições.
As delícias de Dona Marieta foram ganhando fama e num
trabalho feito de boca a boca, a clientela cresceu. Amigos traziam amigos e daí
por diante. Hoje, seis anos depois, a mercearia deu espaço ao Bar e Restaurante
São Miguel,que é bem estruturado, com um anexo, que em breve será um sobrado
com capacidade para mais 130 lugares. O restaurante emprega 40 pessoas do
povoado, sendo sete delas filhos de proprietária. A maior parte das pessoas que
hoje trabalha no restaurante era catadora de sururu no mangue, atividade que
atualmente não dá para ser feita até por conta da degradação ou invasão do
manguezal.
O restaurante serve diariamente, durante a semana, uma média
de 200 almoços das 10 às 15 horas e no final de semana,a cozinha tem que
produzir mais que o dobro. O que não mudou foi a forma de preparar os pratos,
que é o segredo do sucesso. A história é contada porZileide Paixão, 31 anos,
filha de Marieta e gerente do São Miguel, já que a mãe não tem tempo para
conversa, pois é a cozinheira principal do restaurante.
O público hoje é seleto, classes A e B, na maior parte.
Mesmo com a clientela grande, Dona Marietanão perdeu o tempero. Para manter o
preço, a família produz seu próprio insumo, mais de 2 mil quilos de camarão que
saem dos viveiros que mantêm no povoado. O bom da história é que a produção da
família às vezes não é suficiente para atender a demanda e o camarão tem que
sair de um fornecedor de Aracaju, gerando mais emprego fora do povoado.
Roteiro turístico
Além dos empregos diretos, o restaurante também vem gerando
renda para os moradores do povoado. Pegando carona no sucesso do
empreendimento, meninos da comunidade vendem cocada branca, uma delícia. Outros
vendem água de coco e outros produtos que estão agregando renda e gerando uma
economia informal na região. Com tanto sucesso, até o momento o setor turístico
do Estado não se alertou para o potencial do Calumbi. Alguns guias turísticos
estão levando clientes para o local, mas o restaurante ainda não faz parte do
roteiro oficial do trade. A pavimentação dos 2,5 km de estrada de chão do
povoado que levam ao restaurante é um sonho acalentado por quem mora na
comunidade. Agora só basta os poderes públicos fazerem sua parte.
*Colaboração Andréa Moura – Equipe JC.
Foto e texto reproduzidos aqui do site: 2.jornaldacidade.net
Foto: Jorge Henrique
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