sábado, 15 de junho de 2013

Segredos da cozinha do Calumbi


Publicado em 10/09/2012 pelo Jornal da Cidade.Net

Segredos da cozinha do Calumbi
Bar e Restaurante São Miguel surgiu num boteco e hoje emprega 40 pessoas no povoado.

É muito difícil ter uma pessoa em Aracaju que nunca tenha ouvido falar ou já não tenha desbravado os 2,5 km de estrada de chão para saborear as delícias a base de camarão servidas no Bar e Restaurante São Miguel, no povoado Calumbi, no município de Nossa Senhora do Socorro. O povoado tem um clima gostoso, é seguro, tranquilo para crianças, possui vários viveiros de camarões, mas ficou conhecido mesmo pelo seu único atrativo turístico: o restaurante que serve um delicioso pirão de camarão. Para quem não gosta do crustáceo, ainda serve uma galinha de capoeira de dar água na boca.

Para chegar até o local, o acesso é pela BR-101ou pela Rodovia das Indústrias. Antes, os moradores do Calumbi sofriam porque o ônibus não chegava até o povoado. Quem queria pegar o transporte público tinha que ir a pé até a BR- 101. Agora tem uma linha direta : Estiva/Osvaldo Aranha, que surgiu por conta do sucesso do empreendimento. Mas,são os carros de luxo que hoje cortam o caminho até o restaurante que serve uma refeição de qualidade, generosa na quantidade e com preço acessível.

O segredo do sucesso está nas mãos de fada da matriarca da família Paixão. Dona Marieta Vieira da Paixão, de 52 anos,começou seu negócio com um boteco instalado numa casa de taipa, com os 90 cruzeiros emprestados pelo tio Miguel, que deu nome ao estabelecimento. Tempos depois, passou de boteco a mercearia e por conta dos seus dotes culinários, Dona Marieta começou a servir refeições a moradores do povoado, tendo como carro chefe o pirão de camarão. À época eram servidas uma média de 20 refeições.

As delícias de Dona Marieta foram ganhando fama e num trabalho feito de boca a boca, a clientela cresceu. Amigos traziam amigos e daí por diante. Hoje, seis anos depois, a mercearia deu espaço ao Bar e Restaurante São Miguel,que é bem estruturado, com um anexo, que em breve será um sobrado com capacidade para mais 130 lugares. O restaurante emprega 40 pessoas do povoado, sendo sete delas filhos de proprietária. A maior parte das pessoas que hoje trabalha no restaurante era catadora de sururu no mangue, atividade que atualmente não dá para ser feita até por conta da degradação ou invasão do manguezal.

O restaurante serve diariamente, durante a semana, uma média de 200 almoços das 10 às 15 horas e no final de semana,a cozinha tem que produzir mais que o dobro. O que não mudou foi a forma de preparar os pratos, que é o segredo do sucesso. A história é contada porZileide Paixão, 31 anos, filha de Marieta e gerente do São Miguel, já que a mãe não tem tempo para conversa, pois é a cozinheira principal do restaurante.

O público hoje é seleto, classes A e B, na maior parte. Mesmo com a clientela grande, Dona Marietanão perdeu o tempero. Para manter o preço, a família produz seu próprio insumo, mais de 2 mil quilos de camarão que saem dos viveiros que mantêm no povoado. O bom da história é que a produção da família às vezes não é suficiente para atender a demanda e o camarão tem que sair de um fornecedor de Aracaju, gerando mais emprego fora do povoado.

Roteiro turístico

Além dos empregos diretos, o restaurante também vem gerando renda para os moradores do povoado. Pegando carona no sucesso do empreendimento, meninos da comunidade vendem cocada branca, uma delícia. Outros vendem água de coco e outros produtos que estão agregando renda e gerando uma economia informal na região. Com tanto sucesso, até o momento o setor turístico do Estado não se alertou para o potencial do Calumbi. Alguns guias turísticos estão levando clientes para o local, mas o restaurante ainda não faz parte do roteiro oficial do trade. A pavimentação dos 2,5 km de estrada de chão do povoado que levam ao restaurante é um sonho acalentado por quem mora na comunidade. Agora só basta os poderes públicos fazerem sua parte.

*Colaboração Andréa Moura – Equipe JC.

Foto e texto reproduzidos aqui do site: 2.jornaldacidade.net

Foto: Jorge Henrique

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