Publicado originalmente no site F5 News, em 27/12/2014.
Catadoras de Mangaba conquistam registro da cooperativa
Fruto do trabalho de auto-organização das Catadoras de
Mangaba iniciado em 2011, as Mulheres extrativistas tiveram mais uma grande
conquista na luta pela preservação das comunidades tradicionais e das espécies:
o registro da Cooperativa de Economia Solidária das Mulheres Extrativistas de
Sergipe (Coopmese).
A organização cooperada era um sonho, mas também uma
necessidade real. As Catadoras de Mangaba precisavam de uma forma de
organização que pudesse gerar renda, a partir da valorização dos saberes das
Mulheres Extrativistas, das potencialidades e dos recursos de cada comunidade,
com uma perspectiva de distribuição de riqueza centrada na valorização do ser
humano. Todas essas demandas estão reunidas no estatuto da Coopmese, regidas
sob os princípios e valores da economia solidária, sustentabilidade e divisão justa
do trabalho.
Para a presidente da Associação das Catadoras de Mangaba E
Indiaroba (Ascamai), Alicia Morais, a conquista do registro da cooperativa é
mais um importante passo na organização das Mulheres Catadoras de Mangaba e
preservação das Mangabeiras. “Nossa sabedoria popular vem de geração para
geração. Cato mangaba desde que eu me conheço por gente, mas eu não sabia o
valor que uma Catadora de Mangaba tem. Hoje é diferente, por onde eu chego digo
com muito orgulho que sou uma Catadora de Mangaba, isso é a nossa cultura”,
afirma.
Josefa dos Passos, Catadora de Mangabado Povoado
Ribuleirinha, município de Estância, acredita que o trabalho cooperado
potencializará a produção nas comunidades. “A cooperativa vai possibilitar o
acesso à comercialização de forma mais organizada, como a participação em
programas de governo e outros mercados. Assim como, garantir a preservação da
mangabeira, árvore que nos dá alimento e vida”, afirma.
Já Silvana Corrêa dos Santos, Catadora de Mangaba do Povoado
Capuã, município da Barra dos Coqueiros, diz que a Coopmese deve estimular a
união entre as Mulheres Extrativistas. “É necessário termos união entre as
Catadoras, união para seguirmos na luta em defesa de nossos objetivos”.
O processo de discussão sobre a formalização da cooperativa
e construção do estatuto e regimento mobilizou Catadoras de Mangaba de Pirambu,
Japoatã, Pacatuba, Japaratuba, Barra dos Coqueiros, Itaporanga D’Ajuda,
Estância e Indiaroba - comunidades que fazem parte do Movimento das Catadoras
de Mangaba (MCM) – e toda a equipe técnica do Projeto Catadoras de Mangaba.
Foram aproximadamente dez seminários de formação e capacitação, envolvendo
discussões sobre preço justo, sustentabilidade, divisão social do trabalho e
meios de produção.
Segundo a professora Sônia Meire, coordenadora pedagógica do
Projeto Catadoras de Mangaba Gerando Renda e Tecendo Vida em Sergipe pela UFS,
o processo de construção da Cooperativa teve como objetivo o rompimento do
individualismo e a formulação de outro tipo de trabalho. “A cooperativa é uma
organização em que as mulheres produzem a cultura do pensar e agir juntas. Elas
organizam o trabalho respeitando o fazer e o saber de cada participante e tomam
decisões coletivas com a ampla participação, exercitando de forma democrática a
construção de projetos que tem por base o desenvolvimento humano”, explica.
A defesa das espécies e da cultura extrativista também fez
parte das discussões para a implantação da Coopmese. Todos os princípios que
dão base para o desenvolvimento do Projeto Catadoras de Mangaba Gerando Renda e
Tecendo Vida em Sergipe vão além da perspectiva da geração de renda e
comercialização, pois há em cada ação a preocupação com a preservação e o
respeito aos saberes das comunidades tradicionais. Exemplos disso são as
práticas de manejo florestal, de uso de tecnologia social a partir da energia
solar, e a valorização das espécies que podem contribuir para melhorar os
índices de segurança alimentar e nutricional.
Fonte: Assessoria de comunicação.
Texto e foto reproduzidos do site: f5news.com.br
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