Severo D'acelino é coordenador da Casa de Cultura Afro-sergipana.
João Mulungu, símbolo sergipano da luta negra.
Katiane Alves é coordenadora do Museu da Gente Sergipana.
Fotos: Portal Infonet.
Infonet - Cultura - Noticias - 20/01/2015.
SE não reconhece sua cultura negra, declara estudioso
Severo D’acelino diz que 87% da população de SE tem negros
Com mais de oitenta por cento de sua população composta por
negros, o estado de Sergipe não reconhece a sua cultura negra. É o que
explicita o coordenador da Casa de Cultura Afro-sergipana, Severo D’acelino.
Ele deu palestra na tarde desta terça-feira, 20, no Museu da Gente Sergipana,
como homenagem ao herói negro sergipano João Mulungu.
Segundo o Severo D’acelino, Sergipe tem aproximadamente 87%
de pessoas negras na composição de sua população. E que, apesar do forte
número, o estado ainda não se reconhece como negro. “Infelizmente, ainda não
existe o reconhecimento negro em Sergipe. Mas a gente vai lutando para que essa
resistência seja quebrada e os valores da cultura e da comunidade negra sejam
evidenciados”, declarou o coordenador.
Ainda que não haja reconhecimento, Severo comemora os jovens
como aliados que têm sido encontrados na quebra de barreiras contra o negro.
“Dentro da sociedade que resiste, também temos aliados fantásticos para o signo
da luta. A meninada hoje em dia está chegando junto e enfrentando os ‘velhos
conservadores’. O mais importante é que estamos sendo reconhecidos pela nova
geração”, explicou.
Para o estudioso da cultura negra, Sergipe só tem a ganhar
daqui para frente. “É nisso que o estado vai ganhar. Todo um processo com
consistência dentro da visibilidade, não só da cultura do negro, sobretudo da
cultura indígena, que estamos carentes”, disse. “Ações como essas (palestra)
que a gente busca para que o sergipano reconheça a cultura e se reconheça”,
completou Severo.
O coordenador da Casa de Cultura Afro-sergipana chamou
atenção para a ausência da cultura negra na educação brasileira. “Até hoje, não
temos a cultura negra, que é importantíssima, presente na educação no Brasil. A
gente precisa da cultura negra nas escolas justamente para diluir os
preconceitos e as desigualdades, a intolerância racial e religiosa”, falou
Severo.
A palestra ministrada por Severo D’acelino teve, além de
enaltecer e estimular a cultura negra em Sergipe, o intuito também de exaltar
João Mulungu, um dos maiores líderes da população negra do século XIX. Seu dia
é comemorado no dia 19 de janeiro, juntamente com a Consciência Negra no
estado. Severo destacou a existência e declara João Mulungu como “herói sergipano”.
A coordenadora do Museu da Gente Sergipana, Katiane Alves,
não escondeu a satisfação de expor a história do negro sergipano no espaço
cultural. “Ele é um símbolo da identidade cultural. Serve para fortalecer a
importância dos negros no estado. E, infelizmente, muitos negros e sergipanos
desconhecem a presença desse herói”, disse Katiane.
“Essa casa fala sobre a identidade de Sergipe. Isso tem a
ver com cidadania, reconhecimento de valores, raízes. Nossa identidade está
presente na herança dos negros, índios, europeus. Temos que trazer essas raízes
e falar sobre nossas heranças e identidades. Eventos como esse dizem à
sociedade que os nossos valores, nossas crença, nossa cor têm valor”, disse a
coordenadora do museu.
Por Helena Sader e Verlane Estácio.
Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/cultura
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