quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

SE não reconhece sua cultura negra, declara estudioso

 Severo D'acelino é coordenador da Casa de Cultura Afro-sergipana.


 João Mulungu, símbolo sergipano da luta negra.

Katiane Alves é coordenadora do Museu da Gente Sergipana.
Fotos: Portal Infonet.

Infonet - Cultura - Noticias - 20/01/2015.

SE não reconhece sua cultura negra, declara estudioso

Severo D’acelino diz que 87% da população de SE tem negros

Com mais de oitenta por cento de sua população composta por negros, o estado de Sergipe não reconhece a sua cultura negra. É o que explicita o coordenador da Casa de Cultura Afro-sergipana, Severo D’acelino. Ele deu palestra na tarde desta terça-feira, 20, no Museu da Gente Sergipana, como homenagem ao herói negro sergipano João Mulungu.

Segundo o Severo D’acelino, Sergipe tem aproximadamente 87% de pessoas negras na composição de sua população. E que, apesar do forte número, o estado ainda não se reconhece como negro. “Infelizmente, ainda não existe o reconhecimento negro em Sergipe. Mas a gente vai lutando para que essa resistência seja quebrada e os valores da cultura e da comunidade negra sejam evidenciados”, declarou o coordenador.

Ainda que não haja reconhecimento, Severo comemora os jovens como aliados que têm sido encontrados na quebra de barreiras contra o negro. “Dentro da sociedade que resiste, também temos aliados fantásticos para o signo da luta. A meninada hoje em dia está chegando junto e enfrentando os ‘velhos conservadores’. O mais importante é que estamos sendo reconhecidos pela nova geração”, explicou.

Para o estudioso da cultura negra, Sergipe só tem a ganhar daqui para frente. “É nisso que o estado vai ganhar. Todo um processo com consistência dentro da visibilidade, não só da cultura do negro, sobretudo da cultura indígena, que estamos carentes”, disse. “Ações como essas (palestra) que a gente busca para que o sergipano reconheça a cultura e se reconheça”, completou Severo.

O coordenador da Casa de Cultura Afro-sergipana chamou atenção para a ausência da cultura negra na educação brasileira. “Até hoje, não temos a cultura negra, que é importantíssima, presente na educação no Brasil. A gente precisa da cultura negra nas escolas justamente para diluir os preconceitos e as desigualdades, a intolerância racial e religiosa”, falou Severo.

A palestra ministrada por Severo D’acelino teve, além de enaltecer e estimular a cultura negra em Sergipe, o intuito também de exaltar João Mulungu, um dos maiores líderes da população negra do século XIX. Seu dia é comemorado no dia 19 de janeiro, juntamente com a Consciência Negra no estado. Severo destacou a existência e declara João Mulungu como “herói sergipano”.

A coordenadora do Museu da Gente Sergipana, Katiane Alves, não escondeu a satisfação de expor a história do negro sergipano no espaço cultural. “Ele é um símbolo da identidade cultural. Serve para fortalecer a importância dos negros no estado. E, infelizmente, muitos negros e sergipanos desconhecem a presença desse herói”, disse Katiane.

“Essa casa fala sobre a identidade de Sergipe. Isso tem a ver com cidadania, reconhecimento de valores, raízes. Nossa identidade está presente na herança dos negros, índios, europeus. Temos que trazer essas raízes e falar sobre nossas heranças e identidades. Eventos como esse dizem à sociedade que os nossos valores, nossas crença, nossa cor têm valor”, disse a coordenadora do museu.

Por Helena Sader e Verlane Estácio.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/cultura

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