segunda-feira, 13 de julho de 2015

A influência da cultura afro para formação sergipana

Foto: Ascom Secult.

Infonet > Cultura > Noticias > 10/07/2015.

A influência da cultura afro para formação sergipana
29 comunidades quilombolas remanescentes reconhecidas

O território sergipano possui inúmeras manifestações que garantem uma identidade chamada ‘Sergipanidade’. A cultura afro-brasileira é uma dessas manifestações e tem fortes influências para a formação dos cidadãos e comunidades na capital e interior do estado. São grupos folclóricos de origem africana e 29 comunidades quilombolas remanescentes reconhecidas pela Secretária de Estado da Inclusão Social.

Para o Mestre em Comunicação e Cultura e professor de história, Antônio Bitencourt, a indenidade cultural que forma a sergipanidade tem fortes aspectos na religião e folclore dos povos africanos.

“Como em todo Brasil, a presença da cultura africana tem forte aspecto na identidade cultural. Em Sergipe, as tradições que temos da origem negra são resultantes da presença dos africanos, que vieram para cá na condição de escravos, e fortemente marcada pela influência religiosa hoje tão presente na identidade sergipana”, afirma, dizendo a importância da sergipanidade para formação de cidadãos, “é preciso que conheçamos a cultura do nosso estado, folclore e comunidades que preservam manifestações características”.

As manifestações características presentes em Sergipe, representadas em diversas tradições, trazem o folclore como representante desses costumes. Tendo as mais variadas origens que formam a cultura popular e, colocam em evidência as influências afro-brasileiras para a formação da sergipanidade.

De acordo com o assessor Executivo da Secretaria Estadual de Cultura (Secult), Irineu Fontes, a formação da sergipanidade com expressão afro-brasileira corresponde à forma de pertencer a um ciclo social. “O sinônimo de pertencimento move a identidade de um povo. Por isso a necessidade de desvendar a cultura da nossa comunidade, bairro ou município. Somente em Laranjeiras, são mais de 20 grupos folclóricos de todas as origens, comunidades quilombolas, terreiros de candomblé, danças, artesanatos, música de qualidade, ou seja, a sergipanidade está aí, basta o interesse em disseminar”, afirma Irineu.

Folclore em Laranjeiras

A cidade histórica de Laranjeiras é palco de muitas manifestações da Sergipanidade. Preserva a cultura popular através de festivais de música e grupos folclóricos na maioria de origem africana, representada com a originalidade e expressão do nordestino. Alguns dos grupos são os Reisados, Taiera, Cacumbi, os Fogueteiros, Chegança, Samba de Coco, Samba de Parelha, São Gonçalo e, os Lambe-sujos, de origem quilombola que mostra a luta do negro pelo espaço conquistado.

O representante cultural de Laranjeiras e Mestre dos Lambes-sujos, Zé Rolinha, como é conhecido, está à frente de três grupos folclóricos de Laranjeiras e destaca o valor cultural dos Lambes-sujos para os sergipanos. “Somos o maior grupo folclórico, e talvez o mais conhecido do estado, tenho muito orgulho de falar da nossa cultura pelo fato de morar em um município que ela é tão viva, não só para os grupos que lidero, mas também pelos outros que disseminam o folclore local”, coloca.

Folclore em Lagarto

Já no centro-sul sergipano, o município de Lagarto também não deixa de preservar a tradição folclórica. De acordo com assessoria da prefeitura de Lagarto, no decorrer dos anos, alguns grupos foram extintos por conta da falta de interesse da população.

Um dos grupos tradicionais que mantém atividade em Lagarto são os Parafusos, também de origem africana, retrata a fuga dos escravos para quilombos. Ao passarem pelas vilas, eles roubavam anáguas de linho com babados das senhorinhas. Depois de serem libertados, desfilavam pelas ruas da cidade com as vestes.

Comunidades quilombolas

Das 29 comunidades quilombolas existentes em Sergipe, a Maloca, situada na região central de Aracaju, também preserva as manifestações locais. O líder comunitário da Maloca, Luiz Bonfim, diz ser de extrema importância tratar de assunto como este, no que diz respeito à identidade, e colocar como exemplo a Maloca pelo valor cultural para os moradores. “A nossa comunidade por ser o primeiro quilombo urbano de Sergipe e o segundo do Brasil, com todos os seus traços de africanidade, jamais poderia ficar fora de uma discussão como essa da sergipanidade, pela influência e contribuição cultural para Aracaju”, coloca.

Membro da pesquisa sobre comunidades quilombolas em Sergipe, José Pedro dos Santos Neto, diz que a memória cultural de uma sociedade não pode ser esquecida. “Tudo que o povo tem de bom é a história, e o cultivo dessas manifestações são importantes para mantê-la viva, os povos africanos sempre fizeram isso por meio dos levantes tracionais, como uma forma de ser notado e mostrar para os governantes que eles também precisam de atenção”, finaliza.

Fonte: Ascom Secult.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/cultura

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