Grupo Batalá
Gerônimo Santana
Grupo Dissonantes
Cássio Murilo
Pâmela acompanhada pelo marido e o filho
Fotos: André Moreira
Publicado originalmente no site da Agência Aracaju de Notícias, em 28/11/2019
Quinta Instrumental instiga reflexão em edição alusiva ao
mês da Consciência Negra
Do som doce da flauta à forte batida da percussão, passando
pelo momento reflexivo, o Quinta Instrumental deste dia 28 foi integração
popular unida à exaltação das raízes brasileiras, sobretudo um chamado a
enaltecer a história afrodescendente que constitui a trajetória do país. O
projeto desenvolvido pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Fundação Cultural
Cidade de Aracaju (Funcaju), trouxe ao palco Gerônimo e Banda Mont Serrat e o
grupo sergipano Dissonantes em mais um encontro na praça General Valadão, desta
vez, em alusão ao mês da Consciência Negra.
Antes mesmo das apresentações musicais, o projeto começou de
dentro do Centro Cultural de Aracaju, com uma mesa redonda para debater a
presença das comunidades afrodescendentes na mídia.
“A nossa meta é que esse Quinta Instrumental fosse um
momento de reflexão e celebração, por isso, realizamos a mesa redonda e, em
seguida, contamos com as apresentações musicais. A ideia é mostrar um pouco da
nossa identidade negra. A nossa cultura é formada por vários símbolos e aqui,
temos a presença muito forte da cultura afrodescendente que se consolidou como
elemento fundamental para a construção do nosso povo. Então, estamos celebrando
um tipo de sergipanidade, entre tantas, a partir desse corte étnico-racial. No
entanto, as reflexões devem continuar, as celebrações devem continuar, afinal,
este mês serve como catalisador de algo que é muito maior que é a importância de
combatermos os preconceitos, a intolerância constantemente”, ressaltou o
presidente da Funcaju, Cássio Murilo Costa.
Para abrir as apresentações musicais, o grupo Dissonantes
iniciou entoando “Palco”, música de uns dos maiores representantes da cultura
brasileira, Gilberto Gil. No repertório, uma passeio instrumental com
interpretações de clássicos do choro, baião, MPB, além de composições autorais.
Com formação iniciada em 2017, o grupo, integrado por Daniel
Melo (flauta transversal), Kelvin Cruz (bateria), Kelvin Farias (contrabaixo),
Erick Freitas (piano) e Rafael Freitas (violão/guitarra), começou no
conservatório de música e o desejo de explorar nossas possibilidades e
elementos musicais foi a motivação para dar os primeiros passos. Tendo com uma das
maiores inspirações o músico Hermeto Pascal, hoje, os jovens e já maduros
componentes do grupo fazem uma fusão entre suas composições e releituras com um
toque ímpar.
“A nossa caminhada pela música erudita nos amadureceu no
aspecto musical e nos possibilitou discernir o que queríamos experimentar. A
música é universal, então, seguimos na tentativa de experimentar e dar o nosso
toque em cada canção. Para nós, é uma alegria fazer parte do Quinta
Instrumental, sobretudo porque ele, assim como a música que fazemos, é
democrático”, destacou Daniel Melo.
Foi com um dos símbolos da cultura baiana que a noite de
Quinta Instrumental foi concluída. Porém, antes de subir ao palco, Gerônimo
Santana convidou o grupo sergipano de percussionistas femininas, Batalá, para
abrir seu show no ritmo intenso da percussão, uma apresentação que exemplificou
abundantemente a força e representatividade da mulher.
Vestido de axé, Gerônimo, acompanhado pela banda Mont
Serrat, marcou a noite com polirritmia, numa mistura composta por música
afro-baiana, ritmos latinos, lambada, igexá, aguerê, afoxé, adarrum, entre
outros.
“Eu estou muito feliz em participar de um evento que fala
sobre o instrumental. Eu tenho música popular, a minha formação é
afrodescendente e eu estou do lado das pessoas que mais sofrem com o
preconceito. Esse tipo de evento fortalece o povo e um povo com cultura é um
povo que pensa, que sabe escolher para não sofrer no futuro. Parabenizo e dou
meu apoio a iniciativas fortes como essa e me alegro por fazer parte”, afirmou
Gerônimo.
Público instigado
A noite foi coroada com a participação de um público massivo
e que foi instigado pelo contexto da edição do Quinta Instrumental.
Pela segunda vez marcando presença na plateia, a assessora
executiva Pâmela Santos ressaltou que o projeto é essencial por levar um estilo
de música não tão popularizado a uma praça pública. “Esta edição, em especial,
trouxe uma importante reflexão sobre o negro e isso aconteceu em um espaço
público, democrático. Essa iniciativa enriquece o debate que deve ser feito,
não somente no mês alusivo à consciência negra, mas, a todo tempo. Além disso,
o Quinta Instrumental tem como principal atrações grupos e bandas sergipanos, o
que contribui para a valorização do que é nosso. Recomendo e torço para que
siga por muito tempo”, considerou.
A gerente comercial Fabiana Tavares conferiu, pela primeira
vez, uma edição do projeto. “É música instrumental à disposição de todos. Nem
todo mundo por pagar para ir a um teatro, a um museu, por exemplo, e o Quinta
Instrumental leva música de qualidade de graça para as pessoas. Isso ajuda a
perpetuar a nossa cultura, sem contar que oferece mais uma opção de lazer
totalmente acessível. É, com certeza, um evento muito importante para o
estado”, completou.
Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário