Banho em Saramém e na Resina sob as bênçãos de São Francisco
Existem dois pedaços de paraíso no município de Brejo Grande
(no extremo litoral norte sergipano a 137 km da capital Aracaju). Todos dois
abençoados pelas águas do São Francisco. Saramém e Resina são comunidades
localizadas a poucos quilômetros da foz do Velho Chico.
Se o período for de chuvas, na região do médio e alto São
Francisco, as águas do rio se tornam ainda mais doces. Independente disso, um
banho nelas renova qualquer alma cansada. Para chegar em Saramém é preciso
utilizar a estrada que vai ao Povoado de Brejão dos Negros e seguir em frente
até alcançar as margens do Rio São Francisco. A entrada do povoado situa-se
alguns quilômetros antes da sede de Brejo Grande.
A região de Saramém é composta por um pequeno povoado e vai
até a beira do rio. Ao seguir pela direita nas margens do São Francisco
chega-se a uma pequena vila de pescadores tradicionais, conhecida como Resina.
A comunidade por lá resiste e sobrevive tirando o seu sustento do rio, através
da pesca de camarões em lagoas naturais e cultivando pequenas hortas.
A beleza da beira de rio ao amanhecer na Resina compõe uma
obra-prima da natureza. Difícil de descrever, fácil de apaixonar-se quando
apreciada com atenção. O rio hipnotiza pelo seu azul e parece ter um canto
próprio (diferente do canto das sereias) que chama para um bom banho. Os
banhistas mais afoitos, no entanto, devem tomar os devidos cuidados. Não ir
muito ao fundo, reconhecer que valentia não é igual à resistência ou à
perspicácia de nadar grandes distâncias. Mas com segurança, as águas calmas do
São Francisco sabem também acariciar qualquer pessoa.
“Aqui embaixo tinha uma rua, igreja e casas”
Dita em cima de uma canoa e na metade do São Francisco
depois de sair de Saramém, essa frase é do pescador Zinho. Seu parceiro de
barco e companheiro de pesca, Marreta, confirma com a cabeça.
Da prainha Saramém pode-se partir em pequenas canoas na
direção da Foz do São Francisco até o povoado do Cabeço ou, ao menos, o que
sobrou dele. Maior parte do povoado está hoje submersa nas águas do mar. Uma
das causas foi o forte impacto do represamento do Velho Chico com a construção
da Hidrelétrica de Xingó a muitos quilômetros dali. As águas perderam a força
na foz e o mar avançou cobrindo ruas, casas e igreja. Hoje alguns moradores
resistem na parte não atingida e outros migraram para o povoado de Saramém.
Para um observador atento, as canoas são uma atração.
Algumas pintadas com detalhes de sereias, santos e cores fortes que contrastam
com o azul do rio. Os nomes são os mais diversos. Na minha ida segui pela
embarcação “Boca Juniors” (sorte que não foi nenhum time brasileiro que afundou
para uma série abaixo) que pertence a Zinho. Marreta me informa que já teve uma
chamada “Banda Mel” e hoje pilota a “Pele Morena”. No caminho pode-se avistar
ainda “Filho Único”; “Espaço Fama” ; “Bonde do Maluco” e outras variadas.
O passeio de barco, vale pela cinematográfica imagem do
antigo Farol do Cabeço. Antes utilizado para guiar as embarcações em alto mar,
hoje ele vela a cidade submersa. Sua inclinação lembra a Torre de Pisa e é o
que restou de boa parte do povoado do Cabeço. Uma beleza surreal, mas também símbolo
da reação da natureza a uma ação humana.
Fonte: Overmundo
Foto e texto reproduzidos do site:
tribunadapraiaonline.com/news
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