Silvio Vasconcelos da Silveira Ramos Romero
(Lagarto-SE, 21/04/1851 - Rio de Janeiro, 18/07/1914)
Sílvio Romero era crítico, ensaísta, folclorista, polemista,
professor e historiador da literatura. Era filho de André Ramos Romero e Maria
Joaquina Vasconcelos da Silveira. Na cidade natal iniciou os estudos primários,
cursando a escola mista do professor Badu. Em 1863, partiu para a corte, a fim
de fazer os preparatórios no Ateneu Fluminense. Em 68, regressou ao Norte e
matriculou-se na Faculdade de Direito do Recife. Formou, ao lado de Tobias
Barreto (que cursava o 4º. ano quando Sílvio se matriculou no primeiro) e junto
com outros moços de então, a Escola do Recife, em que se buscava uma renovação
da mentalidade brasileira. Sílvio Romero foi, no início, positivista.
Distinguiu-se, porém, dos que formavam o grupo do Rio, onde Miguel Lemos levava
o comtismo para o terreno religioso. Espírito mais crítico, Sílvio Romero se
afastaria das idéias de Comte para se aproximar da filosofia evolucionista de
Herbert Spencer, na busca de métodos objetivos de análise crítica e apreciação
do texto literário.
Estava no 2º. ano de Direito quando começou a sua atuação
jornalística na imprensa pernambucana, publicando a monografia "A poesia
contemporânea e a sua intuição naturalista". Desde então, manteve a
colaboração, ora como ensaísta e crítico, ora como poeta, nas folhas
recifenses, entre elas A Crença, que ele próprio dirigia juntamente com Celso
de Magalhães, o Americano, o Correio de Pernambucano, o Diário de Pernambuco, o
Movimento, o Jornal do Recife, a República e o Liberal.
Assim que se formou, exerceu a promotoria em Estância.
Atraído pela política, elegeu-se deputado à Assembléia provincial de Sergipe,
em 1874, mas renunciou, logo depois, à cadeira. Regressou a Recife para tentar
fazer-se professor de Filosofia no Colégio das Artes. Realizou-se o concurso no
ano seguinte e ele foi classificado em primeiro lugar, mas a Congregação
resolveu anular o concurso. A seguir, defendeu tese para conquistar o grau de
doutor. Nesse concurso Sílvio Romero se ergueu contra a Congregação da
Faculdade de Direito do Recife, afirmando que “a metafísica estava morta” e
discutindo, com grande vantagem, com professores como Tavares Belfort e Coelho
Rodrigues. Abandonou a sala da Faculdade; foi então submetido a processo pela
Congregação, atraindo para si a atenção dos intelectuais da época.
Em fins de 1875, transferiu-se para o Rio de Janeiro. Foi
para Parati, como juiz municipal, e ali demorou-se dois anos e meio. Em 1878,
publicou o livro de versos Cantos do fim do século, mal recebido pela crítica
da corte. Depois de publicar Últimos harpejos, em 1883, abandonou as tentativas
poéticas. Já fixado no Rio de Janeiro, começou a colaborar em O Repórter, de
Lopes Trovão. Ali publicou a sua famosa série de perfis políticos. Em 1880
prestou concurso para a cadeira de Filosofia no Colégio Pedro II, conseguindo-a
com a tese "Interpretação filosófica dos fatos históricos".
Jubilou-se como professor do Internato em 2 de junho de 1910. Fez parte também
do corpo docente da Faculdade Livre de Direito e da Faculdade de Ciências
Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro.
No governo de Campos Sales, foi deputado provincial e depois
federal pelo Estado de Sergipe. Nesse último mandato, foi escolhido relator da
Comissão dos 21 do Código Civil e defendeu, então, muitas de suas idéias
filosóficas.
Na imprensa do Rio de Janeiro Sílvio Romero tornou-se
literariamente poderoso. Admirador incondicional de Tobias Barreto, nunca
deixou de colocá-lo acima de Castro Alves; além disso, manteve, durante algum
tempo, uma certa má vontade para com a obra de Machado de Assis. Sua crítica
injusta motivou Lafayette Rodrigues Pereira a escrever a defesa de Machado de
Assis, sob o título Vindiciae. Como polemista deve-se mencionar ainda a sua
permanente luta com José Veríssimo, de quem o separavam fortes divergências de
doutrina, método, temperamento, e com quem discutiu violentamente. Nesse
âmbito, reuniu as suas polêmicas na obra Zeverissimações ineptas da crítica
(1909).
Sílvio Romero foi um pesquisador bibliográfico sério e
minucioso. Preocupou-se, sobretudo, com o levantamento sociológico em torno de
autor e obra. Sua força estava nas idéias de âmbito geral e no profundo sentido
de brasilidade que imprimia em tudo que escrevia. A sua contribuição à
historiografia literária brasileira é uma das mais importantes de seu tempo.
Era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,
sócio correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e de diversas outras
associações literárias.
Foto e texto reproduzidos do site: ihgs.com.br
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