Fotos: Victor Ribeiro/ASN.
ASN, Aracaju, 08 de Janeiro de 2014.
Governador descerrou placa e inaugurou busto em homenagem à
intelectual sergipana.
A história de Ofenísia Soares Freire inspira e orgulha
Sergipe, uma mulher de ideias e ações à frente do seu tempo, mestra, militante
política, escritora e acima de tudo um exemplo, que inspirou - e continua
inspirando - várias gerações sergipanas, sobretudo aqueles que foram alunos do
Colégio Atheneu Sergipense, onde a professora lecionou por muitos anos.
Por reconhecer a importância de Ofenísia Freire, seja como
educadora ou como expoente intelectual e político, o Governo do Estado realizou
na tarde desta quarta-feira, 8, uma programação voltada a homenagear o
centenário da mestra, que, caso estivesse viva, teria completado 100 anos no
último dia 6 de dezembro. O governador de Sergipe, Jackson Barreto, idealizador
das homenagens, e ex-aluno da professora, disse se sentir honrado em poder
prestar tais homenagens à intelectual.
“Quis o destino, com essas coisas que preparam para a vida
da gente, que eu fosse governador do Estado no ano do centenário de Ofenísia,
um ex-aluno, admirador e amigo daquela velha companheira da Rua de Boquim, nº
457. Ofenísia representa a história das mulheres sergipanas, das guerreiras
deste estado, como professora, intelectual e militante política. Era uma mulher
tão corajosa, que no processo de redemocratização do Brasil, após a ditadura de
Vargas, foi candidata a deputada estadual pelo Partido Comunista Brasileiro.
Uma mulher antenada, à frente do seu tempo”, afirmou Jackson, durante a
solenidade de descerramento de placa em homenagem a Ofenísia Freire, no Colégio
Atheneu, acompanhado de ex e atuais alunos da instituição de ensino, antigos
colegas de profissão e familiares da professora, autoridades do Estado e
admiradores de Ofenísia.
O governador salientou ainda, que as homenagens não
ocorreram na data adequada, 6 de dezembro de 2013, devido ao falecimento de
Marcelo Déda à época.
Emocionado, o filho da homenageada, Ivan Freire, mal
conseguia expressar por palavras a felicidade em presenciar a dedicação do
Estado em reconhecer e homenagear sua mãe. “Quero agradecer esse presente
maravilhoso ao comemorarmos o centenário da minha mãe. Meu coração está
emocionado, porque tem 7 anos que minha mãe faleceu e vocês não esqueceram dela
nesta data e trazem estas belas lembranças em forma de homenagens”.
Após a homenagem no Atheneu, todos se dirigiram à Academia
Sergipana de Letras, para a solenidade de inauguração do busto em homenagem à
professora. A iniciativa da confecção da placa e busto homenageando a Ofenísia
Freire foi do Governo do Estado de Sergipe. A placa foi confeccionada pelo
artista Leonardo Leal Santana e mede 70 cm (altura) por 80 cm (largura). Também
confeccionado pelo mesmo artista, o busto conta com 65 cm de altura por 40 cm
de largura e fica sobre pedestal em granito com 1,05 cm de altura.
Academia Sergipana
Ofenísia Freire ocupou a cadeira nº 16 da Academia Sergipana
de Letras. Ana Medina, sucessora da cadeira destacou a postura vanguardista da
professora. “A intelectual, a literata, integrante dos conselhos de Educação e
Cultura, jornalista, pianista, oradora, acadêmica, mestra de tantas gerações,
mulher engajada nos movimentos políticos, qual o melhor poder para
distingui-la?”, indagou a acadêmica ao listar as multifacetas de Ofenísia.
Para a secretária de Estado da Cultura, Eloísa Galdino, o
que mais lhe tocou, como mulher, ao pesquisar um pouco da biografia da
professora Ofenísia, foi o fato da intelectual ter sido uma precursora em um
contexto extremamente adverso para as mulheres.
“Ela marcou época exatamente por ser uma mulher que se
posicionou no meio dos homens e conseguiu se destacar, só por isso ela já
mereceria todas as homenagens. Mas, esta foi uma solicitação direta do
governador Jackson Barreto que nos permitiu promover uma verdadeira imersão de
parte do Governo na história de uma mulher que tem um significado muito grande
para intelectualidade, para a formação política de uma geração de sergipanos. O
que vimos aqui, durante esta programação, foi uma aula, na qual as pessoas se
emocionaram, e passaram para gente, ao se emocionarem, momentos da história
recente e da história política e acadêmica do nosso estado”, explicou a gestora
da pasta responsável pela coordenação das homenagens pelo Centenário de
Nascimento da professora Ofenísia Freire.
O ex-aluno do Atheneu, e ex-secretário da Educação do município
de Nossa Senhora do Socorro, Welligton Mangueira, recordou das orientações da
professora aos estudantes do Atheneu, membros do grêmio estudantil e militantes
políticos. “A professora Ofenísia sempre foi o orgulho de todas as gerações do
Atheneu. Foi ela quem nos apresentou a beleza da filosofia e de ler “O
Manifesto Comunista”, de Friedrich Engels e Karl Marx, e muito antes de
qualquer um defini-lo como uma obra,também, literária, era já o definia, em
1963”, destacou Mangueira.
A homenageada
Ofenísia Soares Freire nasceu em 06 de dezembro de 1913, em
Estância. Mudou-se para Aracaju nos anos 1930 e, a partir daí construiu uma
biografia como professora, militante política e intelectual. Lecionou Língua
Portuguesa e Literatura em colégios públicos e particulares, a exemplo do
Atheneu e do Tobias Barreto.
Casada com Filemon Franco Freire, funcionário público,
Diretor do Tesouro do Estado no Governo de Seixas Dória, Ofenísia Freire
alternou as atividades do magistério com a militância política. Filiada ao PCB,
engajada no processo de redemocratização do País, candidatou-se em 1947 a
deputado estadual. Com o PCB proscrito e seus militantes na clandestinidade,
Ofenísia Freire voltou-se à cátedra.
À época do movimento militar de 1964, Ofenísia integrava o
Conselho Estadual de Educação, quando teve seu mandato extinto e foi afastada
do magistério do Atheneu.
Já aposentada e viúva, passou a dedicar-se a atividades
intelectuais, tomando parte em conferências e debates e integrando instituições
culturais, como a Academia Sergipana de Letras, para a qual foi eleita em 1980,
na vaga do poeta Abelardo Romero. Também em 1980 publicou seu livro A Presença
feminina em Os Lusíadas (reeditado pela Edise/Segrase em 2013). Foi membro do
Conselho Estadual de Cultura, Secretária Municipal de Cultura, na gestão José
Carlos Teixeira (1985), e Vice Presidente da Academia Sergipana de Letras.
Faleceu em 24 de julho de 2007.
Presenças
Participaram das solenidades os secretários de Estado da
Cultura, Eloísa Galdino, da Infraestrutura, Valmor Barbosa, da Educação,
Belivaldo Chagas, da Comunicação, Carlos Cauê, do Trabalho, Fábio Mitidieri, do
Esporte e Lazer, Maurício Pimentel, da Fazenda, Jeferson Passos, do Meio
Ambiente, Genival Nunes, da Segurança Pública, João Eloy e da Controladoria
Geral do Estado, Adinelson Alves; os subsecretários de Estado de Articulação
com os Municípios, Jorge Araújo, de Articulação com os Movimentos Sociais e
Sindicais, Francisco dos Santos e de Desenvolvimento Energético Sustentável,
Oliveira Júnior.
Assim como, a deputada estadual, Ana Lúcia; o conselheiro do
Tribunal de Contas do Estado, Clóvis Barbosa; a superintendente da Polícia
Civil, Catarina Feitosa; os secretários adjuntos de Estado da Segurança
Pública, João Batista, e da Comunicação, Sales Neto; os presidentes da Cohidro,
Mardoqueu Bodano, da Fundação Aperipê, Luciano Correia e da Academia Sergipana
de Letras, José Anderson Nascimento; o diretor do Atheneu, professor Genaldo
Lima; familiares, ex-colegas e ex-alunos da professora Ofenísia Freire.
Fotos e texto reproduzidos do site: agencia.se.gov.br
Ela era prima de minha avó paterna. Muito orgulho dela!
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