sábado, 8 de dezembro de 2018

“A casa da cultura muda de nome e endereço, mas a missão se amplia” (F.F.)

Francisco Ferreira: visão de conciliação com a transição

Publicado originalmente no site JL Política 07 de Dez de 2018

Francisco Ferreira: “A casa da cultura muda de nome e endereço, mas a missão se amplia”

O presidente da Fundação Aperipê, radialista Francisco Ferreira, está entre os sergipanos que acham que ampliação dos poderes da Fundação Aperipê, que deve ser chamada de Fundação Aperipê de Cultura e Arte, e assumir para si o espólio da finada Secretaria de Estado de Cultura, faz bem a todos.

“A casa da cultura muda de nome e endereço, mas a missão e as atribuições apenas se ampliam. A ideia do governador foi colocar a atividades da cultura mais próxima da Aperipê e vice versa”, diz Francisco Ferreira, acenando com uma tentativa de consolo em direção à Secretaria de Estado de Cultura.

“A Secretaria da Cultura, enquanto ponto administrativo, acaba. Mas não acabam as ações de cultura, sua importância para o estabelecimento da forma de dizer ao povo, sua forma de ser, com suas nuances, suas necessidades, seus poderes em todas as manifestações, enfim, sua forma de viver”, diz Ferreira. Leia a entrevista com ele.

Aparte - Como o senhor ver essa atribuição dada à Fundação Aperipê de cuidar dos temas de cultura e arte de Sergipe?
Francisco Ferreira - Vejo com satisfação. A Fundação Aperipê tem como missão o fomento à arte e à cultura, tendo como base o estabelecimento da nossa identidade cultural que chamamos de sergipanidade. Até então, esse fomento se ateve ao incentivo e à divulgação dos nossos bens culturais nas mais variadas vertentes. A missão da nova Fundação não vai mudar. Vai, sim, ser complementada com o fortalecimento desse fomento a partir da gestão direta desse importante setor. O papel fundamental da Aperipê é informar e formar a população a partir da fomentação dos nossos bens culturais.

Aparte - A estrutura física, material e humana atual da Fundação comporta as futuras demandas de uma quase Secretaria?
FF - Não. Mas obviamente, devemos passar por uma reestruturação e um ajuste, até porque estaremos em fusão com membros da atual Secretaria de Cultura.

Aparte - Foi feita alguma consulta na instituição para saber das suas capacidades para essas finalidades?
FF - Sim. Fomos contatados durante o processo por membros da comissão de reestruturação e passamos as informações necessárias relativas principalmente à lei de criação da Fundação e sua estrutura organizacional.  

Aparte - O senhor acha que classe artística e a que se relaciona com os aspectos da cultura vão receber com naturalidade o fim da Secretaria de Estado da Cultura?
FF - A ideia do governador foi colocar a atividades da cultura mais próxima da Aperipê e vice versa. A Aperipê já tem em sua essência o fomento, e que já exerce na prática, o abrigo aos nossos artistas que através dos nossos veículos fazem chegar aos ouvintes e telespectadores o talento e a realização dos seus eventos. A Secretaria da Cultura, enquanto ponto administrativo, acaba. Mas não acabam as ações de cultura, sua importância para o estabelecimento da forma de dizer ao povo, sua forma de ser, com suas nuances, suas necessidades, seus poderes em todas as manifestações, enfim, sua forma de viver. A casa da cultura muda de nome e endereço, mas a missão e as atribuições apenas se ampliam.

Aparte - Não lhe parece estranho que no âmbito federal os 11 parlamentares nunca tenham destinado à Fundação Aperipê recursos do Orçamento da União para atender às suas carências?
FF - Na verdade, o papel dos parlamentares é receber as demandas. A princípio, não é definição dos parlamentares. Cabe aos gestores apresentarem suas necessidades, seja o prefeito, o dirigente de órgão, o presidente de instituição, o representante de classe e sobretudo o governador, assim como fez Belivaldo Chagas ao propor à bancada uma emenda para a educação no valor de R$ 69 milhões. Sua proposta foi discutida de forma exaustiva até o ponto da sua definição, e o governador retornou ao Estado com a conquista do seu pleito.

Aparte – Mas o senhor, em nome da Fundação Aperipê, não fez esse movimento em busca de recursos do Orçamento da União?
FF - Seguindo orientação do governador pela captação de recursos, estivemos também em Brasília, onde, dos 11 parlamentares da nossa bancada, fomos recebidos por 10 - Laércio Oliveira, Fábio Reis, Fábio Mitidieri, Valadares Filho, João Daniel, André Moura, Jony Marcos, Maria do Carmo Alves, Antônio Carlos Valadares e Eduardo Amorim. Entregamos a todos eles um ofício da nossa solicitação no âmbito de equipamentos broadcasts, construção e reforma das nossas instalações. Juntamente, entregamos um documentário, apresentando a importância da Fundação Aperipê, com a existência dos três veículos - TV, AM e FM - e suas necessidades. Estamos confiantes na compreensão e no compromisso de cada parlamentar. Vamos melhorar os nossos veículos de comunicação, seja em sua parte física e tecnológica e, consequentemente, a nossa cultura, porque somos verdadeiramente o espaço dos nossos artistas. É na nossa programação que os sergipanos têm a oportunidade de conhecer os nossos talentos. A Aperipê é a casa onde o sergipano se vê.

Aparte – Mas nunca haviam sido formulados pedidos neste sentido?
FF - Não, nunca. Somamos a questão da orientação do governador na busca de recursos para um melhor funcionamento das nossas emissoras, levei em minha bagagem também um pouco da nossa experiência, fruto da nossa passagem profissional pela Câmara dos Deputados e pelo Senado. Nas duas casas, tive a oportunidade de vivenciar sempre ao final de cada ano a romaria de prefeitos e dirigentes de instituições na busca de recursos para seus munícipes ou suas instituições. E estando na Fundação Aperipê, não poderia perder a oportunidade de pleitear recursos através de emendas para a melhoria da nossa Fundação. Recentemente, a nossa TV saiu do sistema analógico para digital. Um grande avanço promovido pelo Governo do Estado. O que demanda a partir dessa evolução um acompanhamento tecnológico para nossa estrutura. Neste dezembro de 2018 a nossa FM completa 23 anos, a TV 34 anos em janeiro e a AM, que é a pioneira, completa em julho de 2019, 80 anos de bons serviços à comunidade sergipana.

Aparte - O senhor não teme que essas novas atribuições possam abortar a função de comunicação da Fundação Aperipê?
FF - Não, porque o principal ator das nossas missões e atribuições é o fomento e disseminação da cultura e da arte do nosso povo. Essa reestruturação só reforça esse compromisso.

Aparte - Como comunicador, o senhor se sente no perfil de permanecer na Presidência desta nova Fundação potencializada por cultura e arte?
FF -Sou movido pelos desafios. Ao longo dos meus quase 36 anos de profissão sempre procurei me preparar para enfrentá-los e entendo que a vida é uma excelente faculdade. Já passei por várias missões e dei conta delas. Ocupei vários cargos na Câmara, no Senado, por exemplo. Já estive à frente da comunicação de diversos órgãos do governo, a exemplo da Secretaria da Saúde, Detran, Secretaria de Comunicação do Município, Secretaria de Comunicação do Estado, na Comunicação da Secretaria de Educação, dentre outras situações e condições profissionais, e me sinto preparado a trabalhar esse desafio de forma confiante. Entendo que, como o governador Belivaldo Chagas está tendo essa visão de enxugamento da máquina administrativa, fazendo essa ampla reforma para que o Estado tenha uma vida financeira, administrativa e de atendimento às necessidades do povo em busca da melhoria contínua, criando para isso uma comissão para essa reforma, é o governador quem vai escolher os mais preparados e com perfis adequados para administrar as pastas dentro dessa reforma, criando novas, extinguindo outras, juntando algumas em uma só, a exemplo da nossa Fundação Aperipê que agora se junto à Cultura.

Aparte – Mas não vê nenhum senão nesta fusão?
FF – Não. Considero o casamento da Cultura com a Aperipê perfeito. Até então, a Cultura esteve como fomentadora e gestora de todas as ações culturais junto ao Governo do Estado e a Aperipê esteve como fomentadora, apoiadora e veiculadora dessas ações culturais para conhecimento do povo, tratando a arte, a cultura, os artistas e os promotores diretos dessas ações. Agora, esse ajuntamento nos torna em um amálgama da sustentabilidade da arte, da cultura e da sergipanidade. Então entendo que, quando o governador pensou dessa maneira, ele, além de estreitar caminho de estabelecimento desses pontos importantes da história de um povo, starta a fluidez dos processos culturais e artísticos da nossa comunidade. Um exemplo disso é a nossa incursão de parceria. Recentemente, a Aliança Francesa nos procurou para um apoio na realização da edição do Festival da Música Francesa, e tinham como opção de realização o Teatro Atheneu ou o Tobias Barreto. Sugerimos que o evento fosse realizado na Concha Acústica do Centro de Criatividade e ressaltamos as necessárias ações de resgate e inclusão social daquela tradicional comunidade do entorno do Centro. O diretor da Aliança acatou a ideia e contatou a Secretaria da Cultura. O pleito foi acatado e o festival um sucesso, e teve como expectadores quase 800 pessoas entre comunidade do entorno e convidados. Ele será exibido na grade de Especiais de Fim de Ano da TV Aperipê. A realização desse Festival foi um exemplo dessa necessária parceria, que agora, na condição da reestruturação, ficará ainda melhor e com ações mais efetivas. Fomos, inclusive, homenageados pela Aliança em evento que aconteceu no último dia 4, no Café da Gente.

Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica.com.br

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