Francisco Ferreira: visão de conciliação com a transição
Publicado originalmente no site JL Política 07 de Dez de 2018
Francisco Ferreira: “A casa da cultura muda de nome e
endereço, mas a missão se amplia”
O presidente da Fundação Aperipê, radialista Francisco
Ferreira, está entre os sergipanos que acham que ampliação dos poderes da
Fundação Aperipê, que deve ser chamada de Fundação Aperipê de Cultura e Arte, e
assumir para si o espólio da finada Secretaria de Estado de Cultura, faz bem a
todos.
“A casa da cultura muda de nome e endereço, mas a missão e
as atribuições apenas se ampliam. A ideia do governador foi colocar a
atividades da cultura mais próxima da Aperipê e vice versa”, diz Francisco
Ferreira, acenando com uma tentativa de consolo em direção à Secretaria de
Estado de Cultura.
“A Secretaria da Cultura, enquanto ponto administrativo,
acaba. Mas não acabam as ações de cultura, sua importância para o
estabelecimento da forma de dizer ao povo, sua forma de ser, com suas nuances,
suas necessidades, seus poderes em todas as manifestações, enfim, sua forma de
viver”, diz Ferreira. Leia a entrevista com ele.
Aparte - Como o senhor ver essa atribuição dada à Fundação
Aperipê de cuidar dos temas de cultura e arte de Sergipe?
Francisco Ferreira - Vejo com satisfação. A Fundação Aperipê
tem como missão o fomento à arte e à cultura, tendo como base o estabelecimento
da nossa identidade cultural que chamamos de sergipanidade. Até então, esse
fomento se ateve ao incentivo e à divulgação dos nossos bens culturais nas mais
variadas vertentes. A missão da nova Fundação não vai mudar. Vai, sim, ser
complementada com o fortalecimento desse fomento a partir da gestão direta
desse importante setor. O papel fundamental da Aperipê é informar e formar a
população a partir da fomentação dos nossos bens culturais.
Aparte - A estrutura física, material e humana atual da
Fundação comporta as futuras demandas de uma quase Secretaria?
FF - Não. Mas obviamente, devemos passar por uma
reestruturação e um ajuste, até porque estaremos em fusão com membros da atual
Secretaria de Cultura.
Aparte - Foi feita alguma consulta na instituição para saber
das suas capacidades para essas finalidades?
FF - Sim. Fomos contatados durante o processo por membros da
comissão de reestruturação e passamos as informações necessárias relativas
principalmente à lei de criação da Fundação e sua estrutura
organizacional.
Aparte - O senhor acha que classe artística e a que se
relaciona com os aspectos da cultura vão receber com naturalidade o fim da
Secretaria de Estado da Cultura?
FF - A ideia do governador foi colocar a atividades da
cultura mais próxima da Aperipê e vice versa. A Aperipê já tem em sua essência
o fomento, e que já exerce na prática, o abrigo aos nossos artistas que através
dos nossos veículos fazem chegar aos ouvintes e telespectadores o talento e a
realização dos seus eventos. A Secretaria da Cultura, enquanto ponto
administrativo, acaba. Mas não acabam as ações de cultura, sua importância para
o estabelecimento da forma de dizer ao povo, sua forma de ser, com suas
nuances, suas necessidades, seus poderes em todas as manifestações, enfim, sua
forma de viver. A casa da cultura muda de nome e endereço, mas a missão e as
atribuições apenas se ampliam.
Aparte - Não lhe parece estranho que no âmbito federal os 11
parlamentares nunca tenham destinado à Fundação Aperipê recursos do Orçamento
da União para atender às suas carências?
FF - Na verdade, o papel dos parlamentares é receber as
demandas. A princípio, não é definição dos parlamentares. Cabe aos gestores
apresentarem suas necessidades, seja o prefeito, o dirigente de órgão, o
presidente de instituição, o representante de classe e sobretudo o governador,
assim como fez Belivaldo Chagas ao propor à bancada uma emenda para a educação
no valor de R$ 69 milhões. Sua proposta foi discutida de forma exaustiva até o
ponto da sua definição, e o governador retornou ao Estado com a conquista do
seu pleito.
Aparte – Mas o senhor, em nome da Fundação Aperipê, não fez
esse movimento em busca de recursos do Orçamento da União?
FF - Seguindo orientação do governador pela captação de
recursos, estivemos também em Brasília, onde, dos 11 parlamentares da nossa
bancada, fomos recebidos por 10 - Laércio Oliveira, Fábio Reis, Fábio
Mitidieri, Valadares Filho, João Daniel, André Moura, Jony Marcos, Maria do
Carmo Alves, Antônio Carlos Valadares e Eduardo Amorim. Entregamos a todos eles
um ofício da nossa solicitação no âmbito de equipamentos broadcasts, construção
e reforma das nossas instalações. Juntamente, entregamos um documentário,
apresentando a importância da Fundação Aperipê, com a existência dos três
veículos - TV, AM e FM - e suas necessidades. Estamos confiantes na compreensão
e no compromisso de cada parlamentar. Vamos melhorar os nossos veículos de
comunicação, seja em sua parte física e tecnológica e, consequentemente, a
nossa cultura, porque somos verdadeiramente o espaço dos nossos artistas. É na
nossa programação que os sergipanos têm a oportunidade de conhecer os nossos
talentos. A Aperipê é a casa onde o sergipano se vê.
Aparte – Mas nunca haviam sido formulados pedidos neste
sentido?
FF - Não, nunca. Somamos a questão da orientação do
governador na busca de recursos para um melhor funcionamento das nossas
emissoras, levei em minha bagagem também um pouco da nossa experiência, fruto
da nossa passagem profissional pela Câmara dos Deputados e pelo Senado. Nas
duas casas, tive a oportunidade de vivenciar sempre ao final de cada ano a
romaria de prefeitos e dirigentes de instituições na busca de recursos para
seus munícipes ou suas instituições. E estando na Fundação Aperipê, não poderia
perder a oportunidade de pleitear recursos através de emendas para a melhoria
da nossa Fundação. Recentemente, a nossa TV saiu do sistema analógico para digital.
Um grande avanço promovido pelo Governo do Estado. O que demanda a partir dessa
evolução um acompanhamento tecnológico para nossa estrutura. Neste dezembro de
2018 a nossa FM completa 23 anos, a TV 34 anos em janeiro e a AM, que é a
pioneira, completa em julho de 2019, 80 anos de bons serviços à comunidade
sergipana.
Aparte - O senhor não teme que essas novas atribuições
possam abortar a função de comunicação da Fundação Aperipê?
FF - Não, porque o principal ator das nossas missões e
atribuições é o fomento e disseminação da cultura e da arte do nosso povo. Essa
reestruturação só reforça esse compromisso.
Aparte - Como comunicador, o senhor se sente no perfil de
permanecer na Presidência desta nova Fundação potencializada por cultura e
arte?
FF -Sou movido pelos desafios. Ao longo dos meus quase 36
anos de profissão sempre procurei me preparar para enfrentá-los e entendo que a
vida é uma excelente faculdade. Já passei por várias missões e dei conta delas.
Ocupei vários cargos na Câmara, no Senado, por exemplo. Já estive à frente da
comunicação de diversos órgãos do governo, a exemplo da Secretaria da Saúde,
Detran, Secretaria de Comunicação do Município, Secretaria de Comunicação do
Estado, na Comunicação da Secretaria de Educação, dentre outras situações e
condições profissionais, e me sinto preparado a trabalhar esse desafio de forma
confiante. Entendo que, como o governador Belivaldo Chagas está tendo essa
visão de enxugamento da máquina administrativa, fazendo essa ampla reforma para
que o Estado tenha uma vida financeira, administrativa e de atendimento às
necessidades do povo em busca da melhoria contínua, criando para isso uma
comissão para essa reforma, é o governador quem vai escolher os mais preparados
e com perfis adequados para administrar as pastas dentro dessa reforma, criando
novas, extinguindo outras, juntando algumas em uma só, a exemplo da nossa
Fundação Aperipê que agora se junto à Cultura.
Aparte – Mas não vê nenhum senão nesta fusão?
FF – Não. Considero o casamento da Cultura com a Aperipê
perfeito. Até então, a Cultura esteve como fomentadora e gestora de todas as
ações culturais junto ao Governo do Estado e a Aperipê esteve como fomentadora,
apoiadora e veiculadora dessas ações culturais para conhecimento do povo,
tratando a arte, a cultura, os artistas e os promotores diretos dessas ações.
Agora, esse ajuntamento nos torna em um amálgama da sustentabilidade da arte,
da cultura e da sergipanidade. Então entendo que, quando o governador pensou
dessa maneira, ele, além de estreitar caminho de estabelecimento desses pontos
importantes da história de um povo, starta a fluidez dos processos culturais e
artísticos da nossa comunidade. Um exemplo disso é a nossa incursão de
parceria. Recentemente, a Aliança Francesa nos procurou para um apoio na
realização da edição do Festival da Música Francesa, e tinham como opção de
realização o Teatro Atheneu ou o Tobias Barreto. Sugerimos que o evento fosse
realizado na Concha Acústica do Centro de Criatividade e ressaltamos as
necessárias ações de resgate e inclusão social daquela tradicional comunidade
do entorno do Centro. O diretor da Aliança acatou a ideia e contatou a
Secretaria da Cultura. O pleito foi acatado e o festival um sucesso, e teve
como expectadores quase 800 pessoas entre comunidade do entorno e convidados.
Ele será exibido na grade de Especiais de Fim de Ano da TV Aperipê. A
realização desse Festival foi um exemplo dessa necessária parceria, que agora,
na condição da reestruturação, ficará ainda melhor e com ações mais efetivas.
Fomos, inclusive, homenageados pela Aliança em evento que aconteceu no último
dia 4, no Café da Gente.
Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica.com.br
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