quarta-feira, 4 de novembro de 2015

“A arte sempre foi um mercado promissor”


Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade.Net, em 28/09/2015.

CULTURA.

“A arte sempre foi um mercado promissor”
Por: Gilmara Costa/ Equipe JC

Desde aos 10 anos de idade, Marcelus Fonseca esteve rodeado pela arte, especialmente a sergipana, tendo em vista a atividade de seu pai, Osvaldo Santos, na fabricação de molduras que logo enquadrariam as emoções dos mais diversos artistas. Na década de 80, a Galeria Zé de Dome foi criada, com um acervo constituído por obras de grandes nomes da arte sergipana, a exemplo de Jenner Augusto, Horário Hora e J. Inácio. Com o falecimento do pai, Marcelus decidiu manter os trabalhos na galeria, hoje assumida pela sua esposa |Morgana Vieira, enquanto ele se dedica à atividade de leiloeiro. Conhecedor de arte e do mercado de obras artísticas, ele é o entrevistado deste domingo para falar um pouco mais sobre a produção e o consumo de arte pelos sergipanos.

Jornal da Cidade - Como, quando e o que fez o senhor enveredar pelo mercado de arte em Sergipe?

Marcelus Fonseca - Com 10 anos de idade, comecei a trabalhar junto com meu pai Osvaldo Santos nas confecções de molduras para os artistas e particulares. Depois que meu pai faleceu, assumi a Galeria Zé de Dome, hoje comandada por minha esposa, Morgana Vieira, e eu sou leiloeiro público oficial.

JC - Como avalia a produção de artes no estado atualmente?

MF - A produção é boa e constante, mas considero muito confusa no momento para um público que não consegue distinguir entre uma obra de arte e uma pintura.

JC - E quanto ao consumo de arte por aqui? Como se comporta o público sergipano?

MF - É um público muito seleto, mas com frequência de aquisição, como colecionadores, arquitetos e decoradores e particulares amantes da arte.

JC - E lá fora? Qual a receptividade de apreciadores para com a arte de Sergipe?

MF - Temos muitas obras de artistas sergipanos espalhados por todo o Brasil e mundo. Nossos artistas são muito talentosos, sempre estou vendendo para fora, a exemplo dos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Bahia e também para Brasília, entre outros.

JC - A arte é um mercado promissor no estado?

MF - A arte sempre foi um mercado promissor. Ainda temos muito público a ser alcançado. Todo mundo gosta de obra de arte, mas a maioria da população não tem o costume de frequentar uma galeria de arte, por receios, por não conhecer, e não há uma cultura voltada para a arte por parte dos nossos governantes.

JC - Na semana passada foi realizado o ‘Leilão de Oportunidades’ da Galeria Zé de Dome, tendo como ferramenta a internet. É uma forma segura de aquisição de obras de arte?

MF - O leilão foi presencial e online, dando a oportunidade aos interessados de participar na galeria ou no conforto do seu lar. Trabalhamos com a maior plataforma de leilões de arte do Brasil na internet que é a Leilões BR, uma empresa séria que dá total confiabilidade ao cliente, não só de Sergipe como em qualquer lugar do mundo. Assinamos um contrato rigoroso para podermos oferecer total segurança.

JC - Foi a primeira vez que realizou aqui em Sergipe um leilão online de arte?

MF - Como leiloeiro público oficial, sim. Mas a galeria já havia realizado outros com o leiloeiro Joel Cocenza.

JC - E resultado do leilão foi positivo? Houve a arrematação por parte de apreciadores de outros estados?

MF - O resultado foi muito positivo, pois alcançamos um público novo e vendemos para São Paulo , Pernambuco , Rio de Janeiro, mas a maioria foi vendido aqui no estado de Sergipe.

JC- O país atravessa um momento econômico delicado. Como isso se reflete no mercado de obras de artes?

MF - Obviamente atinge diretamente este setor, ele diminui, mas não para. Por isso, colocamos o título de ‘Leilão de Oportunidades’ e atingimos a venda de 70% dos lotes ofertados.

JC - Já existem planos para a realização de um novo leilão?

MF – Sim. Temos previsão para um leilão no final do mês de outubro na Galeria Zé de Dome.

JC - No processo de formação dos lotes, a prioridade são os artistas sergipanos?

MF - Nos leilões da Galeria Zé de Dome, sim . Mas como leiloeiro público oficial, estou à disposição para realizar qualquer tipo de leilão.

JC - Quais são os nomes sempre presentes nas artes plásticas de Sergipe?

MF - Zé de Dome, Jordão de Oliveira, Jenner Augusto, José Fernandes, Melciades, Adauto Machado, Pythiu, Bene Santana, Fábio Sampaio, Caã , Vitor Fabiano entre outros.

JC - E quais aqueles que estão despontando na atualidade?

MF - Na atualidade, Caã e José Fernandes.

JC- Quanto aos espaços para exposição, eles estão sendo bem ocupados?

MF - Vejo que temos bons espaços, mas com pouca preocupação em vendas. Na verdade, a única galeria comercial que tem esta preocupação com acervo próprio e sempre com obras à disposição de vendas é a Galeria Zé de Dome, inclusive com venda em nível nacional através do site www.galeriazededome.com.br . Os outros espaços existentes, por serem governamentais, cumprem o seu papel em divulgação. A importância da venda é muito maior do que o pagamento propriamente dito, pois ela traz a satisfação do cliente, a circulação da obra, a satisfação do artista, levando-o a produzir cada vez mais. Já que não temos incentivo por parte dos governantes em nível nacional, o seu maior incentivo é a venda.

Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net

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