Publicado originalmente no site do JornaldaCidade.Net, em
18/08/2014.
TURISMO.
Prato típico de SE: mangaba ou aratu.
Por: JornaldaCidade.Net.
O que vem à mente quando se fala em comida típica da Bahia?
Para muitas pessoas, uma das primeiras iguarias é o acarajé, seguido do vatapá
e caruru. Ao fazer a mesma pergunta sobre o Pará, o prato típico mais lembrado
vai ser o tacacá, assim como é o arroz carreteiro no Rio Grande do Sul e o pão
de queijo em Minas Gerais. Mas, e em Sergipe? Qual seria o prato que
representaria bem o nosso Estado? Para a coordenadora do curso de Gastronomia
da Universidade Tiradentes, Kátia Viana de Souza, que é especialista em
Gastronomia e Gestão de Alimentos e Bebidas, ainda não se pode dizer que
Sergipe tem apenas um prato típico, já que a variedade de iguarias bem
apreciadas tanto pelos sergipanos quanto pelos turistas é muito grande.
Claro que ela não nega que o caranguejo seja um alimento
bastante lembrado, mas considera melhor falar, neste momento, não em prato
típico, mas em alimentos típicos, especialmente porque existem iguarias que só
são encontradas aqui, ou há em quantidade muito superior a outros Estados do Nordeste,
a exemplo do aratu. Outro esclarecimento feito pela professora é a
diferenciação entre comida regional e prato típico. O primeiro caso engloba
tudo, ou seja, todo o contexto que influenciou para a elaboração, para a
criação daquela comida.
“Já o prato típico é o característico de cada Estado, de
cada região. Aqui no Nordeste ainda temos duas distinções, que são entre a
região litorânea e sertaneja. Esta semana, em sala de aula, estava debatendo
com os alunos justamente isso: qual seria o prato típico sergipano? E esse foi
um questionamento difícil de ser respondido”, comentou.
“Ainda não temos um prato que caracterize Sergipe, mas temos
elementos como o caranguejo sergipano; a fritada de aratu, que é muito mais
encontrado aqui no Estado que em outros do Nordeste; ou a mangaba, alimento que
tem uma representação muito forte e que pode ser utilizado de várias formas.
Sem esquecer de falar também no doce de araçá, do Município de Estância, da
fava e da farinha de mandioca”, comentou Kátia Viana.
A dificuldade em encontrar uma unanimidade existe porque
Sergipe sofreu várias influências de outros povos, a exemplo dos africanos,
portugueses e holandeses. Mas não só de estrangeiros, também de populações de
Estados vizinhos, como Bahia, Alagoas e Recife.
Todas essas possibilidades fazem com que, de acordo com a
professora da disciplina de Cozinha Regional, seja necessário buscar junto com
entidades do turismo uma divulgação maior sobre a culinária que o Estado
possui, porque, segundo ela, o que ajuda muito a criar um prato típico regional
é a divulgação, o marketing em torno da comida elencada. “Temos que buscar, se
for necessário, um prato típico para Sergipe, embora, repito, haja esse lado
positivo do Estado em relação aos outros, que é o de possuir vários ingredientes
que são elementos nossos”, frisou Kátia Viana.
Opinião.
Ainda de acordo com a professora, se essa escolha dependesse
dela, a disputa para o prato típico estaria entre a mangaba e o aratu, embora a
fruta, mais utilizada para fazer suco, tenha vantagem sobre o crustáceo. “Com a
mangaba posso fazer um molho para peixe, risoto, doce, pudim, bolo e outro
tanto de coisas. Ela pode, sim, ser a base para um prato salgado, para isso vai
depender da criatividade de cada um”, observou, dizendo ainda que no Estado
existem chefs maravilhosos e que vários gastrônomos estão ganhando o mercado.
Quem também diz ser difícil escolher apenas uma comida para
representar Sergipe é o maître Raimundo Lopes Souza, que trabalha há doze anos
num dos restaurantes mais conhecidos na Orla de Atalaia e que se destaca pela
grande quantidade de comidas regionais ofertadas. Segundo ele, o prato de
entrada para qualquer cliente, seja ou não turista, é o caranguejo, mas observa
que outras iguarias são muito bem aceitas, a exemplo do pirão de capão,
carneiro guisado, carne-de-sol, bode, as moquecas de frutos do mar e camarão.
“Somos um Estado rico em matéria de comida e por isso, para mim, fica difícil
escolher só uma para nos representar”, afirmou o maître.
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net
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