Crédito/paraibaja.com.br.
Publicado originalmente no site Destaque Notícias, em
25/11/2015.
Nesta época o caranguejo está trocando a carapaça.
O caranguejo está “de leite”.
Os caranguejos estão “de leite”. A expressão popular
significa que o crustáceo está passando pelo processo chamado “equidíase”, ou
seja, trocando a carapaça para ficar maior. O “leite” é uma substância branca,
produzida pelo organismo do caranguejo no período que antecede a troca de
casco, que se inicia em setembro. Esse líquido é formado por uma substância
química composta por hormônios, proteínas, lipídios, fósforo, sódio, potássio,
cálcio, nitrogênio, magnésio, cobre, zinco, cromo e manganês, que formará a
nova carapaça. Portanto, nesta época do ano desaconselha-se consumir o
crustáceo, pois o “leite” pode causar diarréia.
Também é da cultura popular a afirmação que nos meses que
possuem letra “r” no nome (setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro,
março e abril) os caranguejos estão magros. A carne também fica mais mole e o
sabor é um pouco diferente. Segundo o feirante Robson José Cabral, nos meses
com a letra “r” o animal “fica fraco e sem gordura. E como morrem mais
facilmente, precisamos vender o mais rápido possível”, explica.
O mestre em Ecologia, Carlos José Esteves Gondim, explica
que a afirmação popular de que os meses com a letra “r” são de caranguejos
magros trata-se de uma coincidência. Nessa época, os crustáceos passam por um
processo chamado “equidíase”, uma espécie de evolução. Nessa fase, muita
energia é gasta e o crustáceo fica fraco e magro. “A equidíase costuma durar de
45 a 50 dias. Alguns demoram muito mais tempo. Como há o gasto de energia muito
elevado, os caranguejos morrem mais facilmente, até pelo calor ou pelo
transporte”, afirma.
Símbolo de Sergipe
Historicamente, Sergipe sempre teve o caranguejo como
símbolo da sua culinária e da cultura. Margeada por mangue, habitat dessa
espécie de crustáceo, a costa sergipana sempre produziu muitos caranguejos.
Hoje, o quadro no Estado é de recuperação da espécie caranguejo-uçá, que foi
bastante reduzida durante a mortandade ocorrida entre os anos de 2000 a 2003,
causada pelo fungo Exophiala cancerae.
Segundo o Ibama, nos finais dos anos 80 e início de 90 eram
registradas produções de 4,8 milhões de indivíduos capturados em todo o
manguezal sergipano. Mas, com o advento da mortandade de caranguejo, os números
foram sendo reduzidos para 500 mil crustáceos. Há alguns anos, a população da
espécie vem se recuperando. Levantamento feito pela Universidade Federal de
Sergipe mostrou que em 2012 a produção já era de 199.998,74 toneladas de
caranguejos, o equivalente a 1,1 milhão de caranguejo.
O caranguejo é presença forte na culinária sergipana, sendo
que Aracaju é a única cidade que têm uma rua dedicada a esse crustáceo: a
Passarela do Caranguejo, na Orla da Atalaia. A importância não é só cultural e
gastronômica, mas econômica e social. É um elemento de sustentação de várias
famílias e gerador de renda. Historicamente havia 1,8 mil famílias que
dependiam da coleta do caranguejo. Hoje essa quantidade aumentou muito por
conta do seguro-desemprego concebido no período do defeso.
Com informações do jornal Cinform.
Texto e imagem reproduzidos do site: destaquenoticias.com.br
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