quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

As peripécias do esporte sergipano, por Joel Batalha



Publicado no site do Portal Infonet/Esporte, em 11/07/2006.

As peripécias do esporte sergipano.

BIOGRAFIA DO AUTOR Joel José Viana de Carvalho Batalha nasceu em 8 de março de 1951 na cidade de Estância, Sergipe, filho de Joel de Carvalho Batalha e de Altina Viana Batalha. É bacharel em Direito pela UNIT-Universidade Tiradentes, jornalista

BIOGRAFIA DO AUTOR

Joel José Viana de Carvalho Batalha nasceu em 8 de março de 1951 na cidade de Estância, Sergipe, filho de Joel de Carvalho Batalha e de Altina Viana Batalha. É bacharel em Direito pela UNIT-Universidade Tiradentes, jornalista e radialista profissional. Na sua infância, estudou em escolas públicas e uma delas foi o Grupo Ferraz, no bairro Industrial. Na adolescência passou pelos Colégios Tiradentes, Atheneu Sergipense e Presidente Castelo Branco. Sua vida esportiva começou no final da década 60, aos 13 anos de idade, quando ingressou na escolinha de futebol do Fortaleza do bairro Santo Antonio e, ao mesmo tempo, participou dos tradicionais Jogos da Primavera pelo Colégio Tiradentes, sendo campeão na categoria A, na modalidade de futebol de campo. Em seguida, descoberto que foi pelo treinador Feola, o sergipano, e pelo professor Jouberto Uchoa de Mendonça, jogou na escolinha de futebol da Associação Desportiva Confiança, onde foi artilheiro. Foi logo promovido à equipe juvenil do time proletário do bairro Industrial, onde também foi um dos seus principais artilheiros. Batalha, seu apelido de “guerra”, serviu no Exército Brasileiro, no 28o Batalhão de Caçadores. Apesar ter simpatia pelo esporte, o autor não seguiu a carreira de jogador, preferindo bater suas peladas no time de futebol da Associação dos Cronistas Desportivos de Sergipe - ACDS, por muito tempo, sendo seu artilheiro nato. Jogou nos principais clubes de bairros da capital sergipana, a exemplo do Penãrol do bairro Industrial, Corinthians da Rua Vitória, Ponte Preta da Vila João Costa, América da cidade de Nossa Senhora do Socorro, Agamenon Magalhães, Paulistano de Frei Paulo e tantos outros. Na Imprensa Esportiva, a carreira de Joel Batalha seguiu paralela à do futebol. Começou como “foca” (hoje, repórter), na Rádio Jornal de Sergipe, no programa Esporte ao Despertar, comandado pelo radialista Geraldo Chagas Ramos. Foi levado para a Rádio Jornal pelo radialista José Soares Pinto que, na época, cobria os treinos da equipe profissional do Confiança no velho Estádio Sabino Ribeiro. Mais tarde, Batalha foi convidado para trabalhar na editoria de esportes da Gazeta de Sergipe, pelos jornalistas Newton Porto, Lises Alves Campos e Ivan Valença. Atuou como editorista do esporte amador no conceituado matutino Gazeta de Sergipe, por 20 anos. Também foi editor amadorista e Editor Geral-substituto de esporte do Jornal da Cidade por quatro anos, Editor de Esportes na Rádio Liberdade de Sergipe, Rádio Cultura de Sergipe e Rádio Difusora de Sergipe. Hoje, o autor faz parte da Assessoria Jurídica da Associação dos Cronistas Desportivos de Sergipe-ACDS, na administração de Roberto Silva, ao lado dos colegas advogados Carlos Alberto Garcia Leite e Geraldo Chagas Ramos. Ainda na ACDS, respondeu pelo cargo de Diretor de Esportes nas administrações dos colegas Jorge Araújo, Gilson Rolemberg, Jurandi Santos, Geraldo Chagas Ramos, Roberto Silva e Hermínio Matos. Este autor foi presidente da Sociedade dos Amigos da Marinha-SOAMAR por 8 meses, substituindo o titular, empresário e advogado José Alves Dantas Filho. Na política partidária, Batalha não foi bem sucedido. Em 1988, pela primeira vez, foi candidato a vereador por Aracaju. Foi bem votado pelo Partido Liberal-PL mas não foi sufragado nas urnas. Foi presidente da executiva estadual do Partido Social Democrático-PSD. Atualmente, contando com 51 anos de idade, por sinal bem vividos, casado com Dona Erine Luce, tem como filhos: Everton, Evelyne e Ana Priscila. O POR QUÊ DAS PERIPÉCIAS ? Há mais de 30 anos, atuando na crônica esportiva sergipana, chegou a hora de, finalmente, o leitor ficar por dentro do que se passa no esporte sergipano, nos bastidores, dos fatos que nunca foram comentados publicamente. Espelhei-me num amigo nosso, participante de vários congressos, patrocinados pela Associação Brasileira de Cronistas Esportivos-ABRACE. Eis que senti a necessidade de lançar um livro inédito na história do esporte sergipano. O amigo de que falo é um colega nosso de imprensa do Estado do Piauí, Deusdeth Nunes dos Santos, o “Garrincha” do Piauí que, com muito sucesso, lançou o seu primeiro livro intitulado “Um Prego na Chuteira”, que foi um sucesso total. Garrincha valorizou, em suas edições, o futebol piauiense, sem deixar de prestigiar os seus colegas de imprensa. Bravura de Garrincha, que precisava ser seguido por colegas de outros Estados. Nas minhas andanças pelo esporte sergipano, particularmente hoje, considero-me realizado como radialista e jornalista. Minha realização maior como profissional da imprensa dar-se-á a partir da publicação da primeira edição deste livro. Sei que não vou agradar a todo mundo, pois, nem Jesus Cristo chegou a tal ponto. Alguns colegas de imprensa ofereceram sugestões para que eu fizesse o livro só com as peripécias do futebol. Ouvi-os atentamente, mas, sentindo que nessas três décadas, tive participação em todas as modalidades de esportes, como homem de comunicação, atleta e torcedor, tinha que valorizar também o esporte amador. Foi aí, onde comecei como comunicador. Vinte anos, só de Gazeta de Sergipe e o restante em outros órgãos de imprensa. Não faço restrições aos meus colegas de imprensa. Você, caro leitor, vai compreender no andar da carruagem. A idéia surtiu efeito e veio a conhecimento público, no inicio deste novo milênio. Tive o incentivo de colegas comunicadores, cujos nomes prefiro guardar no anonimato, pois deixando de citar alguns, estaria cometendo injustiça. Comuniquei o intento ao meu amigo de longas datas, radialista e jornalista Roberto Silva, presidente da Associação dos Cronistas Esportivos de Sergipe-ACDS. Recebi o seu sinal verde, tendo o apoio particular dele e da entidade da que faço parte. Pessoas outras, sem pertencerem à imprensa, também me incentivaram: torcedores, ex-atletas, dirigentes, treinadores e amigos. Logo comecei a batalhar. Viajei ao interior do Estado para fazer pesquisas. O mesmo aconteceu na capital, centro de maior atenção nas atividades esportivas, quer no futebol profissional, no futebol amador, na pescaria, no voleibol, no basquetebol, no atletismo e em outras modalidades. Não sei se choquei alguém por lançar este livro. Não tive essa intenção. Este livro será inédito na história do esporte sergipano. Por que inédito? Inédito porque ninguém teve a audácia, a coragem ou mesmo a sorte de escrever um livro que surge, relatando fatos que aconteceram nos bastidores. O autor deste livro jamais entraria na privacidade dos personagens. A linha do autor não é criticar por criticar. É dizer, também, verdades sobre os personagens. Tivemos o cuidado de enaltecer cada personagem, seja ele em vida ou falecido. Preocupamo-nos, também, em publicar charges para pessoas fictícias e caricaturas para personagens vivos que ainda são amantes dos esportes. As fotos são exclusivas também para os personagens que passaram para o outro mundo e para outros nossos irmãos que ainda convivem neste planeta. Sei que nesta primeira edição não será possível publicar tudo que sei e que aprendi no esporte sergipano. Temos em mãos farto material para a segunda edição e que, se o Grande Arquiteto do Universo nos der saúde, vida e força de vontade, chegaremos à nossa pretensão. Quem sabe se virão a segunda, terceira e quarta edições...(?). De antemão, agradeço a minha equipe de trabalho: ao cartunista Edidelson, ao revisor, professor universitário Eduardo Ubirajara, Rubens Poderoso, Everton (meu filho) bem como a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a publicação deste livro. Sei que não me deixarão só na próxima edição. A todos que me derem o prazer de ler este trabalho e que nos passarem suas impressões, críticas e sugestões, antecipamos nossos sinceros agradecimentos. Joel Batalha

Prefácio:

Ninguém mais indicado do que Joel Batalha para escrever sobre as “PERIPÉCIAS DO ESPORTE SERGIPANO”. Já se falou que o Repórter Esso, um dos mais importantes noticiosos do Rádio e da TV brasileiros, era a “testemunha ocular da História”. O seu titular era o saudoso Heron Domingues, uma das legendas das comunicações sociais em nosso país. Pois bem, o nosso Batalha, com mais de 35 anos de janela, é um observador atento, que não se limita ao campo do esporte, como um todo, mas que também se debruça sobre fatos envolvendo companheiros da crônica esportiva. O amigo Batalha destacou-se como atleta nos times juvenis do Fortaleza e Confiança, além das equipes de futebol de campo da ACDS, Ponte Preta, América, e Socorrense, todas elas no âmbito amadorista. No time dos cronistas esportivos, segundo ele, os treinadores recebem a orientação de Roberto Silva para nunca vencer. Um empate já esta bom demais, de acordo com a filosofia do “rei da mordomia”. Os relatos de Batalha são saborosos. Além do futebol, o seu forte, também trata, em seu oportuno livro, de outras modalidades, como futebol de salão, futebol de várzea, pugilismo e pesca. Como cronista esportivo, teve passagem significativa pelas equipes da Gazeta de Sergipe, Jornal da Cidade, Radio Jornal de Sergipe, Rádio Cultura, Rádio Liberdade e Rádio Aperipê. Na equipe de futebol da ACDS, foi autor de jogadas memoráveis, nas preliminares do Baptistão, especialmente na década de 70. Pena que a famoso camisa 7 tenha-se aposentado sob os efeitos do tempo, que são inexoráveis. Hoje, uma protuberante barriga não permite mais que o velho Batalha mostre, no gramado, suas reais aptidões. As estórias de Almiro Bigodinho, o árbitro coluna do meio, o episódio especial sobre os pescadores, as trapalhadas de Lacerda (Alberto), as peripécias do mestre Gustinho, de Ariston Dias, Aldemário Maynard Dias, Juan Cely, Nilson Brás, Amaute, Motinha, Chico de França, Wellington Elias, Carlos Magalhães, a venda da sede do Sergipe, a vinda de Almir ao Confiança, e sobre o Rei da Mordomia, são alguns dos pontos altos do saboroso livro de autoria de Joel Batalha. Sem dúvida, o livro “AS PERIPÉCIAS DO ESPORTE SERGIPANO”, de Joel Batalha, veio preencher uma lacuna, para resgatar parte das memórias do nosso esporte. Em tempo: seu estilo simples, aliado a uma linguagem concisa, objetiva, facilita o entendimento por parte do leitor. Aracaju, 20 de novembro de 2001. Alceu Monteiro (Presidente da Associação Sergipana de Imprensa) O GRANDE LIDER DJENAL QUEIRÓZ O General Djenal Tavares de Queiroz teve uma grande participação na política e no esporte sergipano. A sua trajetória seja na política, seja no esporte, tem o reconhecimento da sociedade sergipana. Na década 40, fez parte do Conselho Regional dos Desportos. No antigo campo Tobias Barreto, foram construídas arquibancadas de madeira, armadas tal qual um circo, cercado de pano com capacidade um pouco mais de duas mil pessoas. Portanto, era pequeno, mas salvou, na ocasião, o futebol de Aracaju do caos total. Na qualidade de Secretário da Justiça, no primeiro Governo de José Rolemberg Leite, Djenal conseguiu convencer o chefe do executivo do Estado a iniciar a construção do Estádio Estadual. Na década 60, integrou o Conselho Superior da antiga Liga Sergipana de Esportes Atléticos. Depois, ficou sendo denominada de Federação Sergipana de Desportos. Ele foi uma figura proeminente do Olímpico Futebol Clube, ligado ao 28º Batalhão de Caçadores, desde a década de 40, quando era Tenente daquela corporação militar. Juntamente com o empresário e desportista Joaquim Sabino Ribeiro Chaves, da Fábrica Confiança, teve a iniciativa de construir um improvisado campo de futebol “Tobias Barreto”, onde treinava o Olímpico, clube mais tarde denominado de “Leão da Caserna”. A construção do referido campo aliviou a crise do futebol sergipano da època, provocada pelo péssimo estado de degradação do Estádio Adolfo Rolemberg. No antigo Estádio Estadual de Aracaju, está instalado o Estádio Estadual Governador Lourival Batista. Por sinal, o projeto esteve engavetado por mais de quatro anos. Para iniciar a construção do antigo Estádio Estadual, o então Secretário da Justiça, Djenal Queiroz, teve a grande iniciativa de utilizar a mão de obra de presos da penitenciária de Aracaju. Os presos tinham bons comportamentos. Tal iniciativa do Secretário da Justiça diminuiu, sobremaneira, as despesas da construção do Estádio de Aracaju. Durante os primeiros anos do Estádio de Aracaju, Djenal Queiroz foi um incansável batalhador junto ao Governador José Rolemberg Leite, para que as obras de construção do principal Estádio de futebol do Estado não sofressem paralisação. Em setembro de 1950, eram inaugurados os refletores e completado a oval das arquibancas e geral, aumentando de 7 mil e 500 para 13 mil torcedores. Pela sua autoridade militar, já que era coronel, pelo seu amor ao futebol e sua influência entre os poderes do Governo, tinha também participação decisiva nos quadros diretivos da Federação Sergipana de Desportos, notadamente após a Revolução de 1964, quando o presidente Robério Garcia teve que abandonar o cargo. Pela sua influência, reforçada pelo regime militar, o Coronel Djenal, era uma espécie de “comandante” da política esportiva em Sergipe e muitos amigos dele, seus seguidores, aproveitaram-se da situação, formando a tradicional “Oligarquia”, quando o professor Manoel Cardoso Barreto tornou-se um líder. Djenal não gostava de dirigir diretamente a FSD. Essa oligarquia, assim denominada pela imprensa, perdurou desde 1964 ao final de 1980. Embora não ocupasse cargos diretivos no Olímpico Futebol Clube, Djenal era a principal figura, influenciando nas nomeações de seus diretores. Atletas, militares, faziam parte do seu Olímpico. Dezenas de atletas, quando deixavam a caserna, já tinham empregos garantidos nas empresas públicas e privadas, devido a sua grande influência. Quando, já cansado de tanta luta pelo seu Olímpico e dedicado aos afazeres da vida pública, passando por Deputado Estado, eleito em vários pleitos, chegando a Vice-Governador, sucedendo o Governador Augusto Franco, quando este se encontrava fora do Estado e do país, Djenal preferiu afastar-se do esporte. O Olímpico e o futebol sergipano perderam o seu maior líder. O ÁRBITRO COLUNA DO MEIO Almiro de Oliveira Pinto, o conhecidíssimo “Bigodinho”, é um dos árbitros de futebol mais antigo da Liga Sergipana de Futebol de Bairros de Aracaju. Jogador, peladeiro, na década 80, no time do América de Nanã, clube já extinto. Jogava de lateral esquerdo no time de aspirantes e nunca chegou a atuar na equipe principal. Era um péssimo zagueiro. O América de Nanã dificilmente perdia em seu campo localizado na Avenida Maranhão, nesta capital, onde situava o campo da Vila Izabel. Nanã, uma conhecida “mãe de santo”, adorava o futebol. Desgostoso por não se consagrar como jogador de futebol, eis que Almiro Bigodinho, aconselhado por amigos, achou por bem abraçar a carreira de árbitro de futebol, fato ocorrido no final da década 80. Adora apitar futebol de várzea e praiano. Leva sempre consigo, aos domingos e feriados, seu uniforme de árbitro, não se esquecendo do apito. Se for possível, paga para apitar. Faz questão de divulgar as notas dos times de bairros nas emissoras de rádios, televisão e nos principais jornais de Aracaju, sempre citando o seu nome como árbitro aonde vai apitar. Almiro Bigodinho é, de fato, um adepto do esporte amador sergipano. Quase seria aproveitado na crônica esportiva, na época, quando não existia ainda faculdade de comunicação. “Dormiu de touca na mão”, como diria o saudoso zagueiro do Brasília Futebol Clube, de nome Chico Bruto. Onde o time da Associação dos Cronistas Desportivos de Sergipe–ACDS vai-se apresentar, o Bigodinho dá o seu nome para apitar, seja na capital ou no interior. Não nega que é um ferrenho torcedor do time de futebol da crônica esportiva. É diretor-tesoureiro da equipe de Veteranos do Eduardo Gomes. Ainda hoje, Almiro Bigodinho não perde o costume, continua participando dos campeonatos de quarentões. É denominado “árbitro coluna do meio”, principalmente nos jogos em que os times da ACDS e Veteranos do Eduardo Gomes participam. O que muita gente admira é capacidade física de Almiro Bigodinho. Dentro de campo? Não. Em suas andanças nos bairros da capital sergipana, caminhando quase diariamente a pé, cumprindo sua atividade profissional, que é a de representante comercial. Dentro de campo, torna-se diferente, apita sem sair do meio do gramado. Sua visão parece de menino, mesmo com seus 50 anos de idade. Por não ter condições ideais físicas, às vezes, o polêmico juiz do Século XX causa a maior confusão dentro de campo, na marcação de impedimentos, anulando gols, deixando em pânico os atletas, dirigentes e torcedores litigantes. Certa feita, um jogador, não gostando de sua arbitragem, ameaçou-o colocando o dedo indicador da mão direita rente ao seu famoso bigode de “guidom de bicicleta”. Não o expulsou. Bigodinho, achando que a violência também está predominando no futebol de bairros, tomou a iniciativa de apitar jogos com colete à prova de balas. A moda está pegando...

Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br/noticias/esporte

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