Publicado originalmente no site do Portal Infonet, em
30/01/2017.
Moacir Freitas: um cirurgião de escol.
Deixou seu nome gravado, indelével, na Medicina sergipana.
Por Lúcio A Prado Dias/Blog Infonet.
Nascido em 19 de abril de 1934, em Salvador, filho de Ângelo
Basílio e Djanira Pinto da Silva, Moacir José da Silva Freitas colou grau como
médico pela vetusta Faculdade de Medicina da Bahia, primaz do Brasil, em 1961,
especializando-se desde então na área da cirurgia geral.
Alto, esguio, elegante, médico humanista e muito caridoso,
começou a operar os primeiros casos na sua cidade natal, mais diretamente no
Hospital Prof. Edgar Santos, até meados de 1963, quando então se transferiu
para Aracaju, atendendo ao convite do colega Wilson Franco Rocha, então diretor
do Hospital Sanatório de Aracaju.
No mesmo ano, levado também por Franco, passou a operar no
Hospital Santa Isabel, à época dirigido pelo Dr. Gileno Lima, que subitamente
assumiu o comando da instituição em substituição ao Dr. Carlos Firpo,
tragicamente assassinado.
O hospital passava, naquela oportunidade, pela maior transformação
de sua história, modernizando-se e montando um corpo clínico do mais alto
nível, centrado no conhecimento científico desenvolvido a partir dos debates e
discussões que ocorriam no Centro de Estudos “Dr. Carlos Firpo”, cuja atuação
rivalizava de forma espetacular com o Centro de Estudos do Hospital Cirurgia.
Não foi sem motivo que o 1º Congresso Médico de Sergipe, reconhecido pela
Sociedade Médica e ocorrido em 1966, teve como organizadores principais a
equipe do corpo clínico do Hospital Santa Isabel, liderada pelo Dr. Gileno
Lima.
Nos primeiros anos da década de 60, a equipe cirúrgica do
mais antigo hospital de Aracaju voltou ao cenário médico com toda a pujança,
depois do triste episódio que motivou a saída traumática do Dr. Augusto Leite
da instituição, na década de 20, em função de decisão equivocada do Conselho
Administrativo da Associação Aracajuana de Beneficência, mantenedora do
hospital, que suprimia as cirurgias de grande porte do hospital, num golpe
fatal para as pretensões do eminente cirurgião.
A inauguração do Hospital Cirurgia em 1926, no governo de
Graccho Cardoso, cuja pedra fundamental foi batida em 1922, foi uma resposta (
e uma vitória) do velho cirurgião contra seus desafetos, mandatários do Santa
Isabel, ao “oferecer a Sergipe, finalmente, uma meio cirúrgico adequado,
moderno e preparado para os novos procedimentos que surgiam”, nas palavras
dele. A saída dele do Santa Isabel fez com que a instituição parasse no tempo,
passando a realizar, após sua saída, apenas cirurgias de baixa complexidade.
A retomada veio somente a partir da segunda metade da década
de 50, nas administrações de Carlos Firpo e Gileno Lima. Graças a doações de
organismos internacionais, eles começaram a empreender transformações
substanciais na estrutura física do prédio, inaugurando um novo centro
cirúrgico ( que Gileno Lima habilmente denominou de “Centro Cirúrgico Dr.
Augusto Leite”), ampliando as enfermarias, implantando serviços modernos de
diagnóstico, criando assim um ambiente favorável para a prática moderna da Medicina.
Nesse contexto, quando Moacir Freitas chegou ao hospital, já
encontrou uma equipe cirúrgica formada por médicos do porte de Wilson Rocha,
Hugo Gurgel, Juliano Simões, Aristóteles Augusto, Francisco Rollemberg, Adelmar
Reis, entre outros. E o seu nome foi se destacando como um exímio cirurgião,
habilidoso, rápido nas decisões, sem perder o porte elegante ao operar. Formou
uma dupla (que fez história) com outro cirurgião de escol, o Dr. José Augusto
Bezerra, que treinou uma plêiade de novos médicos, como Marcos Prado, Fernando
Maynard, Eduardo Bastos, Sérgio Lopes.
Moacir Freitas (Moca, como era conhecido pelos colegas) foi
ainda cirurgião do Pronto Socorro do Hospital de Cirurgia por onze anos. A
partir de 1964, passou a atuar na Companhia Leste Brasileira onde permaneceu
até 1991. Foi mestre do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e manteve-se atuante
por muitos anos. Teve a sua atuação profissional reconhecida pela Academia
Sergipana de Medicina, numa solenidade que ficou conhecida como A Noite dos Cirurgiões,
recebendo dos seus pares o “Bisturi de Prata”, pelos relevantes serviços
prestados à população e a todos que dele precisaram para resolver os seus
problemas de saúde, a maioria deles equacionados.
Esse “gigante” baiano sergipano da cirurgia faleceu nas
primeiras horas do dia 18 de janeiro de 2017, deixando o seu nome gravado, de
forma indelével, na história da nossa Medicina.
Texto e imagem reproduzidos do site:
infonet.com.br/blogs/lucioapradodias
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