segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Moacir Freitas: um cirurgião de escol


Publicado originalmente no site do Portal Infonet, em 30/01/2017.

Moacir Freitas: um cirurgião de escol.
Deixou seu nome gravado, indelével, na Medicina sergipana.

Por Lúcio A Prado Dias/Blog Infonet.

Nascido em 19 de abril de 1934, em Salvador, filho de Ângelo Basílio e Djanira Pinto da Silva, Moacir José da Silva Freitas colou grau como médico pela vetusta Faculdade de Medicina da Bahia, primaz do Brasil, em 1961, especializando-se desde então na área da cirurgia geral.

Alto, esguio, elegante, médico humanista e muito caridoso, começou a operar os primeiros casos na sua cidade natal, mais diretamente no Hospital Prof. Edgar Santos, até meados de 1963, quando então se transferiu para Aracaju, atendendo ao convite do colega Wilson Franco Rocha, então diretor do Hospital Sanatório de Aracaju.

No mesmo ano, levado também por Franco, passou a operar no Hospital Santa Isabel, à época dirigido pelo Dr. Gileno Lima, que subitamente assumiu o comando da instituição em substituição ao Dr. Carlos Firpo, tragicamente assassinado.

O hospital passava, naquela oportunidade, pela maior transformação de sua história, modernizando-se e montando um corpo clínico do mais alto nível, centrado no conhecimento científico desenvolvido a partir dos debates e discussões que ocorriam no Centro de Estudos “Dr. Carlos Firpo”, cuja atuação rivalizava de forma espetacular com o Centro de Estudos do Hospital Cirurgia. Não foi sem motivo que o 1º Congresso Médico de Sergipe, reconhecido pela Sociedade Médica e ocorrido em 1966, teve como organizadores principais a equipe do corpo clínico do Hospital Santa Isabel, liderada pelo Dr. Gileno Lima.

Nos primeiros anos da década de 60, a equipe cirúrgica do mais antigo hospital de Aracaju voltou ao cenário médico com toda a pujança, depois do triste episódio que motivou a saída traumática do Dr. Augusto Leite da instituição, na década de 20, em função de decisão equivocada do Conselho Administrativo da Associação Aracajuana de Beneficência, mantenedora do hospital, que suprimia as cirurgias de grande porte do hospital, num golpe fatal para as pretensões do eminente cirurgião.

A inauguração do Hospital Cirurgia em 1926, no governo de Graccho Cardoso, cuja pedra fundamental foi batida em 1922, foi uma resposta ( e uma vitória) do velho cirurgião contra seus desafetos, mandatários do Santa Isabel, ao “oferecer a Sergipe, finalmente, uma meio cirúrgico adequado, moderno e preparado para os novos procedimentos que surgiam”, nas palavras dele. A saída dele do Santa Isabel fez com que a instituição parasse no tempo, passando a realizar, após sua saída, apenas cirurgias de baixa complexidade.

A retomada veio somente a partir da segunda metade da década de 50, nas administrações de Carlos Firpo e Gileno Lima. Graças a doações de organismos internacionais, eles começaram a empreender transformações substanciais na estrutura física do prédio, inaugurando um novo centro cirúrgico ( que Gileno Lima habilmente denominou de “Centro Cirúrgico Dr. Augusto Leite”), ampliando as enfermarias, implantando serviços modernos de diagnóstico, criando assim um ambiente favorável para a prática moderna da Medicina.

Nesse contexto, quando Moacir Freitas chegou ao hospital, já encontrou uma equipe cirúrgica formada por médicos do porte de Wilson Rocha, Hugo Gurgel, Juliano Simões, Aristóteles Augusto, Francisco Rollemberg, Adelmar Reis, entre outros. E o seu nome foi se destacando como um exímio cirurgião, habilidoso, rápido nas decisões, sem perder o porte elegante ao operar. Formou uma dupla (que fez história) com outro cirurgião de escol, o Dr. José Augusto Bezerra, que treinou uma plêiade de novos médicos, como Marcos Prado, Fernando Maynard, Eduardo Bastos, Sérgio Lopes.

Moacir Freitas (Moca, como era conhecido pelos colegas) foi ainda cirurgião do Pronto Socorro do Hospital de Cirurgia por onze anos. A partir de 1964, passou a atuar na Companhia Leste Brasileira onde permaneceu até 1991. Foi mestre do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e manteve-se atuante por muitos anos. Teve a sua atuação profissional reconhecida pela Academia Sergipana de Medicina, numa solenidade que ficou conhecida como A Noite dos Cirurgiões, recebendo dos seus pares o “Bisturi de Prata”, pelos relevantes serviços prestados à população e a todos que dele precisaram para resolver os seus problemas de saúde, a maioria deles equacionados.

Esse “gigante” baiano sergipano da cirurgia faleceu nas primeiras horas do dia 18 de janeiro de 2017, deixando o seu nome gravado, de forma indelével, na história da nossa Medicina.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs/lucioapradodias

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