Foto: arquivo pessoal.
Publicado originalmente no site Click Sergipe, em
09/12/2016.
ClickSergipe entrevista JOSÉ LIMA SANTANA: Por que a
ordenação sacerdotal aos 61 anos de idade?
[José Lima Santana foi ordenado Presbítero (Padre), no dia
9/12/2016, na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores].
Advogado há 36 anos. Professor da Universidade Federal de
Sergipe. Membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Sergipana de
Letras Jurídicas, da qual é Vice-presidente. Sócio Efetivo do IHGSE. Autor e
coautor de vários livros literários e jurídicos. No passado recente, foi
técnico de nível médio concursado do Tribunal de Contas do Estado, Advogado
(hoje aposentado) e Diretor (Financeiro, Administrativo e Presidente) da DESO,
Secretário de Administração, de Governo e Superintendente da SMTU, atualmente,
SMTT, todos de Aracaju, Juiz do Tribunal Regional Eleitoral, Presidente do IPES
e Secretário de Estado da Saúde, dentre outros cargos e funções, exercidos
desde 1973. Além de professor no Departamento de Direito da UFS, é Coordenador
de Relações Institucionais da mesma Universidade e Vice-Presidente da Diretoria
Geral da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade – CNEC, com sede em João
Pessoa e escritório de representação em Brasília, entidade sem fins econômicos
que mantém um Centro Universitário, dezoito Faculdades e mais de uma centena de
Colégios em dezoito estados da Federação.
Graduado em Direito, Especialista em Metodologia do Ensino,
Mestre em Direito e Doutorando em Educação. Em 2012, incentivado pelo Arcebispo
Metropolitano, Dom José Palmeira Lessa, passou a estudar Teologia no Seminário
Maior Nossa Senhora da Conceição. Ordenado Diácono em junho último, será
ordenado Presbítero (Padre), nesta sexta-feira, dia 9, na Igreja Matriz de
Nossa Senhora das Dores, terra natal de José Lima.
Confira entrevista completa com José Lima Santana.
Por que a ordenação sacerdotal aos 61 anos de idade?
A minha atividade na Igreja Católica começou em 28 de
janeiro de 1976, quando, com outras duas pessoas, eu fundei o grupo de jovens
“Juventude Unida na Fé”, na Paróquia Nossa Senhora das Dores. De 1976 a 1982,
eu fiz parte da coordenação do Treinamento de Liderança Cristã – TLC,
responsável pela Pastoral da Juventude na Arquidiocese de Aracaju. Naquela
época, o Bispo Auxiliar de Aracaju, Dom Edvaldo Gonçalves do Amaral, hoje,
Arcebispo Emérito de Maceió, dizia-me que eu deveria ir para o Seminário
porque, na visão dele, a minha vocação sacerdotal era latente. E dizia: “Você
será um dos bispos mais jovens do Brasil”. Eu ria. Mas, no fundo, acalentava o sonho
de ser um ministro do Altar de Deus.
Em abril de 1981, tornei-me Ministro Extraordinário da
Eucaristia e da Palavra. Depois de tanto tempo, Dom Lessa convidou-me, em 2011,
para que eu ingressasse na Escola de Preparação para o Diaconato Permanente. Aceitei.
No fim do ano, ele sugeriu que eu fizesse disciplinas de Teologia, no Seminário
Maior. Comecei em 2012. E, agora, eis que estou às portas da ordenação
sacerdotal, exatamente, aos 61 anos. Pronto para cumprir da melhor maneira
possível as funções do meu sacerdócio.
Não é um encargo pesado para começar a desempenhá-lo nessa
faixa etária?
Desde 1975, eu trabalho ou trabalho e estudo, ao mesmo
tempo, nos três períodos do dia: manhã, tarde e noite. Não me sinto exaurido.
Que o digam, por exemplo, os meus alunos, na UFS, especialmente aqueles que
estudam ou estudaram comigo no último horário noturno. O meu entusiasmo, nos
últimos minutos da última aula, ainda é o mesmo dos primeiros minutos da
primeira aula. Eu sei que posso e devo fazer muito pelo Reino de Deus.
Como será esse “fazer muito” pelo Reino de Deus?
Para nós cristãos católicos, o Reino de Deus é “construído”,
por assim dizer, no dia a dia por cada um e por todos, a partir da exortação de
Jesus Cristo, que nos disse: “Ide pelo mundo inteiro, anunciai o Evangelho a
todas as nações, fazendo discípulos e batizando em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo”. Todos nós cristãos devemos ser como o semeador da parábola.
Devemos estar sempre dispostos a sair e a semear. Como diz o Papa Francisco, é
preciso constituir uma Igreja em saída, que se aproxime das periferias
geográficas e existenciais. Uma Igreja que saia da “segurança” e do “conforto”
das paredes do templo. Uma Igreja missionária, permanentemente em missão.
Quais os seus planos iniciais, como presbítero?
Na verdade, os planos iniciais serão aqueles que o Espírito
Santo vier a me inspirar. Verei o que a Arquidiocese vai querer de mim, desde o
Plano de Pastoral que está sendo elaborado para o triênio 2017-2019 e de cuja
comissão central eu faço parte. A partir daí eu procurarei dar o máximo para cumprir
as funções do meu ministério com desvelo, seriedade, acolhimento, amor feito
serviço e serviço feito com amor. Todavia, o grande plano é simplesmente
servir. Servir sempre. Servir bem. Servir a Deus e ao próximo. Se não for
assim, de que adianta ser padre?
O que o senhor mais tem pedido a Deus?
Desde a minha ordenação como diácono, eu tenho pedido a
Deus, em orações, que me faça um padre simples, acolhedor, transmissor da
essência do Evangelho, não vaidoso, não orgulhoso, não soberbo. Tenho pedido
pelo Papa Francisco, para que ele seja firme na fé, na transmissão da fé e dos
ensinamentos de Jesus. Tenho pedido por Dom Lessa, que se aposentará em breve,
para que Deus continue abençoando a sua vida, pelo muito que ele fez. Tenho
pedido a Deus que conceda saúde, firmeza, sabedoria e discernimento a Dom João
José Costa, que assumirá o comando da nossa Arquidiocese, para que o seu
episcopado seja frutuoso. Por fim, tenho pedido a Deus que não nos desampare a
nós brasileiros, neste momento difícil que atravessamos, e que vele por todos
aqueles que, no mundo inteiro, são vítimas das guerras, da violência
localizada, da injustiça, da impunidade e da exploração do homem pelo homem.
Por Ronaldo Ramos - ClickSergipe.
Texto e imagem reproduzidos do site: clicksergipe.com.br
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