Museu Afro-Brasileiro de Sergipe, em Laranjeiras,
recebe a exposição “A Lenda dos Ybeji e o Caruru”
Foto: Divulgação.
Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 13/09/2017
É primavera nos museus!
Iniciativa criada pelo Ibram chaga à 11ª edição, convidando
a sociedade a alinhavar memórias
Com o tema “Museus e suas Memórias”, o Sistema Estadual de
Museus de Sergipe promove hoje, 13, a partir das 9h, a abertura da 11 ª Primavera
dos Museus em frente ao Museu Palácio Olímpio Campos, com uma diversidade de
atividades culturais. É Primavera dos Museus, iniciativa criada pelo Instituto
Brasileiro de Museus (Ibram) que acontece todos os anos no mês de setembro, e
que nesta edição convida público e instituições participantes a juntos
alinhavarem trajetórias, processos e resultados de presença e atuação, abrindo
espaço para a inclusão da produção na malha diversa que é a memória coletiva.
Em Sergipe, quatro unidades da Secretaria de Estado da
Cultura (Secult) participam da programação, juntamente com o Centro Cultural de
Aracaju, unidade da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), que
participam da ação que acontece em todo o país, simultaneamente, de 18 a 24
deste mês. Por aqui, o calendário de atividades foi antecipado, com a chegada
da exposição “A Lenda dos Ybeji e o Caruru”, no Museu Afro-Brasileiro de
Sergipe, que aborda a festa de origem africana, que acontece todos os anos no
dia 27 do mês de setembro. A festa, que homenageia os orixás crianças, surgiu
de uma história de devoção muito antiga, associada aos gêmeos São Cosme e São
Damião, santos da Igreja Católica pelo sincretismo.
Também na programação, o Museu de Arte Sacra de Laranjeiras
recebe a exposição “Mês Doloroso: Do Cantar ao Vestir”. A mostra exibe a
devoção dos laranjeirenses à Senhora das Dores no mês de setembro. E na Casa de
Cultura Joao Ribeiro, também em Laranjeiras, acontece a mostra “Memorias de
João Ribeiro”, que abre no dia 20, às 9h. Já o Museu Histórico de Sergipe, em
São Cristóvão, realiza uma atividade no dia 19 de setembro, com uma Roda de
Leitura sobre o “Crime da Mata”, dentro do projeto “Dentro da Memória”, que
acontece a partir das 14h. Outros museus sergipanos também estarão
desenvolvendo atividades dentro da Primavera dos Museus.
No Centro Cultural de Aracaju, a Primavera no Museus será
composta por palestras, rodas de conversa e exposição, fazendo parte da
iniciativa devido à instalação do Museu Viana de Assis no prédio. De acordo com
o presidente da Funcaju, Silvio Santos, essa é uma forma de aproximar as
pessoas das instituições que guardam a história. “É sempre bom enaltecer os
instrumentos históricos e essa temporada é justamente uma forma de trazer a
comunidade para os estabelecimentos históricos, onde parte de nossa história
está registrada e sendo contada. A Funcaju não poderia deixar de apoiar esse
evento tão importante”, explica.
Memórias e museus
Os museus têm muitas e diferentes memórias, que merecem e
necessitam ser reveladas e preservadas. E num percurso cronológico, necessário
se faz lembrar que no próximo ano será comemorado os 200 anos da criação da primeira
instituição museal brasileira, o Museu Nacional/UFRJ, no Rio de Janeiro (RJ).
Desde então, milhares de museus foram fundados no Brasil – o Instituto
Brasileiro de Museus (Ibram) tem mapeado mais de 3,7 mil deles.
E cada um deles carrega consigo histórias, contextos,
objetivos e memórias. Exatamente por isso, o Ibram escolheu o tema Museus e
suas memórias para comemorar a 11º Primavera do Museus. Diferentemente do tema
da 9ª Semana de Museus, em 2011, quando foi aderido o tema Museu e memórias, lançado
pelo Conselho Internacional de Museus (Icom), a proposta que ora se apresenta
busca estimular reflexões a partir das memórias da própria instituição –
questão que ainda não recebeu o merecido espaço nas preocupações cotidianas de
muitos museus.
Um dos objetivos é que museus, e demais instituições
culturais participantes, possam ‘olhar para dentro’ e refletir, junto com os
grupos sociais presentes nos territórios nos quais estão inseridos, sobre os
processos e resultados de sua própria constituição e produção. Como, ao longo
do tempo, as transformações em sociedade propiciaram debates que impactaram as
instituições? A partir dessa perspectiva, os museus também passaram por
processos que alteraram sua missão? É possível, em meio a tantas e rápidas mudanças,
se reposicionar enquanto espaço capaz de acompanhar uma nova dinâmica social
sem, contudo, perder a linha do tempo de sua própria história? Os
questionamentos são importantes para que os museus se revisitem e se mostrem
para a sociedade, resgatando experiências que estão em seu âmbito e da qual
participaram, de forma orgânica, os trabalhadores dos museus e seus diversos
públicos.
Desta vez, o tema da 11ª Primavera dos Museus destaca a
importância de se valorizar a memória institucional como elo essencial nessa
ampla cadeia de sentidos, em contínua transformação, que é a memória construída
e compartilhada a partir de diferentes perspectivas sociais – e que tem no
museu um importante ponto de conexão.
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net
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