Eliane Aquino, vice-prefeita e secretária da Assistência.
Lídia Anjos, diretora da Diretoria de Direitos Humanos.
Maria Nely, historiadora.
Fotos: Danillo França.
Publicado originalmente no site da PMA, em 29/09/2017.
Negritude e empoderamento são tema da III Conferência da
Igualdade Racial
Aracaju é negra. Basta olhar com atenção para o seu povo,
para os seus traços, formas e cores. Aracaju é negra e não se envergonha de sua
tez. Para reafirmar e discutir os direitos das pessoas negras, levando, posteriormente,
as propostas a nível estadual e federal, a Prefeitura de Aracaju, por meio da
Secretaria Municipal da Assistência Social, realizou a III Conferência
Municipal em promoção da Igualdade Racial com o tema “Aracaju na Época dos
Afrodescendentes”, no auditório da Escola Municipal de Ensino Fundamental
(Emef) Presidente Vargas, durante toda esta sexta-feira, 29.
A batida dos tambores pulsava seca enquanto as saias rodavam
cadenciadamente. Os rostos coloridos pela noite, adornados pelas cores
vibrantes dos tecidos, colares e turbantes se misturavam e formavam um só povo,
que tomou assento para dialogar a respeito de Reconhecimento, Justiça,
Desenvolvimento e Igualdade de Direitos. O recorte feito para a escolha da
temática a ser trabalhada nesta Conferência se deve à resolução da Organização
das Nações Unidas (ONU) que, percebendo o genocídio e as desigualdades contra a
população afrodescendente, entendeu que essas questões devem ser encaradas como
prioritárias pelos países. Por esse motivo, foi tomada a decisão de tornar o
decênio 2015/2024 em década dos afrodescendentes, fazendo com que os países se
empenhem em uma série de políticas públicas ligadas aos direitos desses povos.
A vice-prefeita e secretária da Assistência Social de
Aracaju, Eliane Aquino, saudou a todas as pessoas que caminharam os direitos
constitucionais pudessem ter validade atualmente e discorreu sobre o momento
importante que a sociedade como um todo vivencia. “Eu aprendi uma oração de
agradecimento aos ancestrais por tudo que a nossa sociedade evoluiu até aqui.
Eu tenho certeza que muitos deles derramaram suor e sangue para que nós
pudéssemos dialogar sobre esse tema. Não é uma conferência simplesmente para cumprir
papel, mas para romper com as barreiras. As outras conferências não aconteceram
em um momento tão decisivo quanto o que estamos vivendo agora. Nós precisamos
estabelecer em nossas mentes e corações que não vamos deixar os nossos direitos
se esvaírem, como se as nossas conquistas e dos nossos ancestrais, ao longo dos
anos pudessem ser jogadas fora. Por tanto, uma das primeiras coisas que nós
fizemos quando assumimos essa secretaria foi criar a diretoria de Direitos
Humanos, para que as ditas minorias pudessem ter vez e voz. Avançar nesse
momento não é condicional, é urgente e necessário”.
Na Prefeitura como diretora de Direitos Humanos, Lídia
Anjos, assistente social e ativista do movimento negro, acredita que o ambiente
das Conferências Municipais é extremamente favorável ao diálogo. “Quando eu
assumi essa tarefa nós tínhamos um único propósito: compreender que quando
discutimos sobre as políticas públicas para os negros, as pessoas com
deficiência, as mulheres, à população LGBT e para os idosos, estamos falando de
direito humanos, compreendendo que existem realidades diferenciadas em cada
vivência e esse é um momento fundamental para falarmos da vivência das pessoas
negras na cidade de Aracaju”.
A historiadora Maria Nely dos Santos foi uma das palestrantes
do evento e ela entende que as pessoas negras precisam ser representadas nos
vários âmbitos da sociedade. “Nós precisamos ocupar muitos espaços e sermos
reconhecidos. Hoje, infelizmente, nós continuamos vendo poucos negros em cargos
de poder e nós temos pessoas extremamente categorizadas e capazes. Existe um
leque muito grande de intelectuais e empreendedores negros, que poderia trazer
representatividade, mas isso ainda não acontece. A conferência é um espaço
bastante importante para estarmos e que daqui nós possamos colocar em prática a
maioria das resoluções porque o nosso povo precisa deixar de somente resistir
para existir, democraticamente falando”.
Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br
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