O Hotel Palace ainda na fase áurea...
...e a situação em que se encontra hoje
Publicado originalmente no site do Jornal do Dia, em 18 de maio de 2018
João Machado Rollemberg Mendonça *
Julgo meu dever como Presidente da Comissão de Construção do
Hotel Palace de Aracaju, constituída pelo Governo do Estado de Sergipe saudoso
Governador Luiz Garcia, aviventar a memória dos sergipanos, sobretudo os mais
jovens, sobre a importância deste empreendimento, que muito contribuiu para o
desenvolvimento do Estado de Sergipe.
1. A construção é sólida, foi executada em 1960, cumprindo
as exigências das Normas Técnicas, em vigor. As fundações são em estacas
Strauss moldadas "in loco", onde cada furo é uma sondagem, e, foi
executada pela firma Estaqueamento Paulista S.A., especialista em fundações.
Havia controle e análise de todos os materiais usados no
concreto, cimento, ferro, a areia, com análises realizadas pelo Instituto de
Pesquisa e Tecnologia de Sergipe. A toda concretagem, era rompido um corpo de
prova, da fundação à última laje, e até prova de carga de blocos de fundação
foram executados por firmas especializadas.
2. A obra foi realizada com a modesta estrutura do
departamento de Obras do Estado de Sergipe e pela Comissão presidida pelo
engenheiro João Machado Rollemberg Mendonça então Secretário de Obras, com a
participação do Engenheiro José Augusto Machado de Almeida, Diretor de Obras,
Valter Oliveira, engenheiro do DER, e contador Pedro Rabelo do tesouro do
Estado de Sergipe.
3. O Estado não dispunha na época de recursos necessários à
execução da obra. Como possível fazer um empreendimento desse porte?
Fizemos uma incorporação vendendo em planta, lojas para
comércio, banco e consultórios médicos, dentários, escritórios representações.
Foram todas vendidas. A venda contribuiu em 70% dos recursos aplicados no total
da obra.
Não houve verbas federais, éramos oposição ao Governo
Central, não houve empréstimos, não existia o fundo de participação e foi
totalmente paga durante a execução.
4. Com a descoberta do campo de Petróleo de Carmópolis,
técnicos engenheiros, empresários, construtores passaram a ter um Hotel
confortável e moderno, tendo, portanto, o empreendimento participado e
contribuído ao desenvolvimento do Estado de Sergipe.
O Hotel foi explorado pelo grupo Lasar de Fortaleza,
ganhador da Concorrência Pública, com edital publicado nos mais importantes
jornais do Rio de Janeiro e São Paulo.
Lá se realizaram importantes encontros comerciais e sociais.
Lá se hospedaram todos os artistas que vinham à Sergipe,
empresários, autoridades, Clubes esportivos, Governadores e Ministros.
O Grupo Lasar, encerrou suas atividades pela concorrência de
outros hotéis: Grande Hotel, Hotel Serigy e outros construídos no Bairro
Atalaia.
Não houve mais conservação.
As obras públicas e privadas exigem do seu dono,
conservação, pintura, manutenção. Até o mais humilde cidadão sabe disso.
O que praticamente não houve por quase 30 anos.
Parabenizo o Poder Judiciário e Promotoria Pública pelas
decisões tomadas.
O Hotel é sólido e estável, merece atenções, manutenções e
recuperação das patologias existentes, podendo ser adaptado e adequado a outro
uso.
Lembraria a Universidade Federal de Sergipe ou outras
entidades que a inteligência dos Governantes pode e deverá descobrir.
Há também que se considerar a importância das lojas ali
implantadas, que vem prestando bons serviços ao comércio de Aracaju, cujos
donos vitoriosos, que confiaram no investimento, não poderão ser prejudicados.
* João Machado Rollemberg Mendonça é Engenheiro Civil,
Secretário de Obras do Governo Luiz Garcia e presidente da Comissão de
Construção do Hotel Palace de Aracaju
Texto e imagens reproduzidos do site: jornaldodiase.com.br
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