sexta-feira, 25 de maio de 2018

Hotel Palace de Aracaju

 O Hotel Palace ainda na fase áurea...

 ...e a situação em que se encontra hoje


Publicado originalmente no site do Jornal do Dia, em 18 de maio de 2018

João Machado Rollemberg Mendonça *

Julgo meu dever como Presidente da Comissão de Construção do Hotel Palace de Aracaju, constituída pelo Governo do Estado de Sergipe saudoso Governador Luiz Garcia, aviventar a memória dos sergipanos, sobretudo os mais jovens, sobre a importância deste empreendimento, que muito contribuiu para o desenvolvimento do Estado de Sergipe.

1. A construção é sólida, foi executada em 1960, cumprindo as exigências das Normas Técnicas, em vigor. As fundações são em estacas Strauss moldadas "in loco", onde cada furo é uma sondagem, e, foi executada pela firma Estaqueamento Paulista S.A., especialista em fundações.

Havia controle e análise de todos os materiais usados no concreto, cimento, ferro, a areia, com análises realizadas pelo Instituto de Pesquisa e Tecnologia de Sergipe. A toda concretagem, era rompido um corpo de prova, da fundação à última laje, e até prova de carga de blocos de fundação foram executados por firmas especializadas.

2. A obra foi realizada com a modesta estrutura do departamento de Obras do Estado de Sergipe e pela Comissão presidida pelo engenheiro João Machado Rollemberg Mendonça então Secretário de Obras, com a participação do Engenheiro José Augusto Machado de Almeida, Diretor de Obras, Valter Oliveira, engenheiro do DER, e contador Pedro Rabelo do tesouro do Estado de Sergipe.

3. O Estado não dispunha na época de recursos necessários à execução da obra. Como possível fazer um empreendimento desse porte?

Fizemos uma incorporação vendendo em planta, lojas para comércio, banco e consultórios médicos, dentários, escritórios representações. Foram todas vendidas. A venda contribuiu em 70% dos recursos aplicados no total da obra.

Não houve verbas federais, éramos oposição ao Governo Central, não houve empréstimos, não existia o fundo de participação e foi totalmente paga durante a execução.

4. Com a descoberta do campo de Petróleo de Carmópolis, técnicos engenheiros, empresários, construtores passaram a ter um Hotel confortável e moderno, tendo, portanto, o empreendimento participado e contribuído ao desenvolvimento do Estado de Sergipe.

O Hotel foi explorado pelo grupo Lasar de Fortaleza, ganhador da Concorrência Pública, com edital publicado nos mais importantes jornais do Rio de Janeiro e São Paulo.

Lá se realizaram importantes encontros comerciais e sociais.

Lá se hospedaram todos os artistas que vinham à Sergipe, empresários, autoridades, Clubes esportivos, Governadores e Ministros.

O Grupo Lasar, encerrou suas atividades pela concorrência de outros hotéis: Grande Hotel, Hotel Serigy e outros construídos no Bairro Atalaia.

Não houve mais conservação.

As obras públicas e privadas exigem do seu dono, conservação, pintura, manutenção. Até o mais humilde cidadão sabe disso.

O que praticamente não houve por quase 30 anos.

Parabenizo o Poder Judiciário e Promotoria Pública pelas decisões tomadas.

O Hotel é sólido e estável, merece atenções, manutenções e recuperação das patologias existentes, podendo ser adaptado e adequado a outro uso.

Lembraria a Universidade Federal de Sergipe ou outras entidades que a inteligência dos Governantes pode e deverá descobrir.

Há também que se considerar a importância das lojas ali implantadas, que vem prestando bons serviços ao comércio de Aracaju, cujos donos vitoriosos, que confiaram no investimento, não poderão ser prejudicados.

* João Machado Rollemberg Mendonça é Engenheiro Civil, Secretário de Obras do Governo Luiz Garcia e presidente da Comissão de Construção do Hotel Palace de Aracaju

Texto e imagens reproduzidos do site: jornaldodiase.com.br

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