Publicado originalmente no site Expressão Sergipana, em
03/08/2016.
Você sabe quem foi Ivo do Prado?
Ivo do Prado Montes Pires de França, militar, político e
historiador (São Cristóvão/Sergipe 20.05.1860 - Rio de Janeiro/RJ 25.04.1924),
teve destacada participação no movimento da Proclamação da República, exercendo
diversas funções militares relevantes.
De Osvaldo Ferreira Neto.
Ivo do Prado Monte Pires da França nasceu em São Cristóvão
(SE) no dia 20 de maio de 1860, filho de Deusdeti Pires da França e de Lina
Leonor do Prado Montes da França. Em 1875 mudou-se para a Bahia e em janeiro de
1878 ingressou como praça no 16º Batalhão de Infantaria Motorizada (16º BI) em
Natal. Transferindo-se para o Rio Grande do Sul, em 8 de março de 1884,
tornou-se alferes-aluno na Escola de Cavalaria e Infantaria.
Em 1885 voltou a Sergipe e passou a servir na companhia
militar fixa da província, na qual permaneceu até o ano seguinte. Em 1887
mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império, onde se
matriculou na Escola Militar da Praia Vermelha, na qual foi promovido ao posto
de segundo-tenente. Ainda no final de 1887 desligou-se da escola por
envolvimento na chamada Questão Militar, uma série de episódios protagonizados
pelos coronéis Antônio de Sena Madureira e Ernesto Augusto da Cunha Matos, que
recorreram à imprensa para defender direitos que entendiam ameaçados pelo
governo, que resultaram em sérias punições aos reclamantes.
Contra essas medidas, oficiais de várias guarnições se
mobilizaram, em especial às gaúchas, sendo autorizados pelo comandante das
armas e vice-presidente da província do Rio Grande do Sul, general Manuel
Deodoro da Fonseca, que, em consequência, foi demitido de seus cargos. Na
Corte, a situação provocou reuniões de oficiais, sob a liderança ascendente do
major Benjamin Constant Botelho de Magalhães, professor de matemática na Escola
Militar do Brasil. Depois da exclusão, Ivo do Prado matriculou-se na Escola
Geral de Tiro do Rio de Janeiro, mas em 1888 foi reintegrado à Escola Militar
da Praia Vermelha, onde concluiu o curso de Estado Maior de Primeira Classe.
Já em 1889 foi transferido para o Segundo Regimento de
Artilharia de Campanha, teve destacada participação no movimento da Proclamação
da República tornando-se secretário. Em dezembro de 1889, o Governo Provisório
o colocou à disposição do Ministério do Interior e por este foi nomeado
auxiliar técnico do Governador de Sergipe. Ao chegar a Aracaju, foi designado
para organizar e comandar o Corpo Militar da Polícia do Estado.
Eleito deputado à Constituinte da República exerceu o
mandato com dedicação e honra, de 1890 a 1894. Foi o grande pesquisador na
geografia sobre os limites de Sergipe e Bahia trazendo a questão para o debate
nacional. Ivo do Prado foi um dos idealizadores do Canal Santa Maria ligando
duas grandes bacias hidrográficas que eram os rios Sergipe e o Rio Vaza-Barris,
sendo o mentor da toponímia do canal que foi inaugurado em 1892, ano que se
comemoravam os 400 anos da descoberta da América. Em razão deste fato Ivo Prado
sugeriu o nome de Canal Santa Maria em homenagem a grande nau que trouxe
Cristóvão Colombo à América. Posteriormente a nomenclatura do Canal vai ser
dado ao grande Bairro Santa Maria e o Aeroporto de Aracaju que está nas
cercanias do Canal.
Em 1895, foi nomeado professor e chefe do ensino de
artilharia na Escola de Sargentos, em Realengo, no mesmo ano fundou e tornou-se
redator do Jornal de Aracaju, na capital sergipana, onde serviu até 1897,
quando foi extinta a referida Escola. Transferido para o Mato Grosso, serviu no
2º Batalhão de Artilharia de Posição, comandou o forte de Coimbra, montou o
Laboratório Pirotécnico de Cuiabá e terminou comandando o batalhão. Em 1902,
serviu na capital federal e, no ano seguinte, voltou para o Mato Grosso, por
força dos boatos que corriam sobre a provável invasão de Corumbá pelas forças
do General Pando. De Corumbá voltou para a capital da República, onde foi
confirmado no posto de major do Estado Maior de Artilharia e chefe de gabinete
da Intendência Geral do Ministério da Guerra, assim permanecendo até 20 de
novembro de 1906, quando foi nomeado assistente do chefe do Estado Maior do
Exército.
Durante esse período, em 1919 foi designado pelo presidente
de Sergipe, José Joaquim Pereira Lobo (1918-1922), para representar o estado no
VI Congresso de Geografia, realizado em Belo Horizonte. Sua missão, juntamente
com Manuel dos Passos de Oliveira Teles e Lima Júnior, era discutir a
delimitação territorial de Sergipe, em face da perda para a Bahia de terras
situadas do lado sul e oeste da fronteira entre os dois estados. Apresentou um
trabalho sobre a posição geográfica do rio Real, situado ao sul da fronteira,
que mais tarde foi publicado com o título de “A capitania de Sergipe e suas
ouvidorias: memória sobre questões de limites”.
Em 1921, já como general de divisão, voltou a ser eleito
deputado federal pelo estado de Sergipe. Assumindo, em maio desse ano, sua
cadeira na Câmara dos Deputados no Rio de Janeiro, cumpriu seu mandato até o
final da legislatura, em dezembro de 1923. Foi também membro da Sociedade Emancipadora
Rio Branco, do Clube Acadêmico de Porto Alegre, do Clube Militar do Rio de
Janeiro e sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.
No campo jornalístico, colaborou com os jornais Luta, Voz do
Trabalhista, Lábaro, Mercantil, Século, todos do Rio Grande do Sul, e também na
Folha do Trabalhador, Gazeta Oficial, Estado, Rebate, Sertanejo e A Pátria, de
Mato Grosso. Publicou ainda: “A capitania de Sergipe e suas ouvidorias”, “Eu e
o Dr. Leandro Maciel”, “Ao eleitorado sergipano”, “Aos meus contemporâneos e
Limites de Sergipe e da Bahia”. Faleceu na capital dos Estados Unidos do Brasil
que era o Rio de Janeiro em 25 de abril de 1924. Suas exéquias foram uma
glorificação nacional sendo sugerida pelos seus conterrâneos que moravam no Rio
a cidade que lhe homenageou como nome de uma das principais vias do bairro
Campo Grande, o mais populoso da cidade maravilhosa.
Em 21 de julho de 1929 na administração do saneador o
coronel Teófilo Correia Dantas assinou o decreto de lei 13 que mudou o nome da
Rua da Frente para Avenida Ivo do Prado, que margeia o Rio Sergipe e passa pelo
Centro e o Bairro São José. A avenida começa na esquina da Assembleia Legislativa,
na Praça Fausto Cardoso e vai acabar na esquina da OAB-Sergipe (antigo casarão
dos Rollemberg), na Praça Getúlio Vargas, que por muito tempo foi um dos pontos
mais importantes e nobres da capital sergipana. A avenida também foi escolhida
para receber a Família Real, que aportou na Ponte do Imperador 1860.
Texto e imagens reproduzidos do site:
expressaosergipana.com.br
Créditos fotos:
F/1 - Divulgação.
F/2 - André Moreira
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