Tintiliano desenvolve um trabalho com referências impressionistas.
Fotos: Silvio Rocha.
Ismael Pereira é uma das maiores referências do neo-regionalismo nordestino.
Foto: Alejandro Zambrana.
Galeria Álvaro Santos revela talentos com o 'Salão dos Novos.
Foto: Pedro Leite.
Publicado originalmente no site da PMA, em 02/09/2010.
Nova geração leva artes plásticas para as ruas
Por Gabriel Cardoso (estagiário)
Falar de artes plásticas em Sergipe e não lembrar de nomes
como Horácio Hora, Jenner Augusto, J. Inácio, Álvaro Santos e Florival Santos é
cometer um pecado. Os quadros desses artistas sempre serviram de inspiração
para as novas gerações, incansáveis na busca por meios de perpetuar e agregar
valores à tradição artística local. A riqueza das artes plásticas sergipana é
evidente; e Aracaju, sem exageros, concentra quase toda essa movimentação
artística.
É comum que os talentos das mais diversas modalidades saiam
de sua cidade natal, em direção à capital. Assim aconteceu com Horácio Hora,
nascido em Laranjeiras, e com J. Inácio, que veio de Arauá para Aracaju. Esse
movimento não se esgotou, nem deve cessar. Em Aracaju, concentram-se os
aspectos socioculturais de todo o estado, belas paisagens, oportunidades
econômicas e a maioria dos espaços voltados ao mundo das artes, como as
galerias e os ateliês.
Não são muitos os espaços direcionados ao universo das artes
plásticas na capital sergipana. Entretanto, tem-se percebido uma mudança, ainda
que sutil, de mentalidade, tanto do poder público, quanto da sociedade, no que
diz respeito a essa modalidade artística. Para o diretor da Galeria de Artes
Álvaro Santos (GAAS), Luís Adelmo Soares, a capital possui um inestimável
potencial de renovação artística.
"Nos últimos anos, a Galeria Álvaro Santos tem aberto
suas portas para levas de jovens artistas, através de projetos como o ‘Salão
dos Novos'. O que mais me chama atenção é a criatividade e a seriedade de
muitos desses artistas que, cada vez mais cedo, se preocupam em alavancar sua
trajetória no campo das artes plásticas", afirma Luís Adelmo.
O diretor da GAAS também destaca a participação da
Prefeitura de Aracaju nesse cenário de renovação. "A administração municipal
tem dado um suporte sem precedentes à Galeria Álvaro Santos. Recentemente,
fomos notícia na TV aberta em nível nacional, por conta de uma de nossas
exposições. Como consequência disso, o público se mostra mais presente e
entusiasmado", conta.
Emigrantes
Além da Galeria Álvaro Santos, espaços como as galerias do
Sesc, no Centro, e J. Inácio, na Biblioteca Pública Epifânio Dória; o Cultart,
na avenida Ivo do Prado; a Galeria Jenner Augusto, na Sociedade Semear, e o
Espaço Cultural da Escola de Idiomas Yazigi são os principais redutos das artes
plásticas em Aracaju. Nesses locais, os artistas dialogam e trocam experiências
em exposições coletivas ou individuais. Alguns, no entanto, acabam seguindo um
caminho diferente e vão desembocar além das fronteiras sergipanas.
Assim foi com o grande Jenner Augusto, que saiu de Aracaju
para integrar o movimento de renovação das artes plásticas na Bahia, na década
de 50, ao lado de figuras como Carybé, Mário Cravo Jr. e Genaro de Carvalho,
entre outros. Algo semelhante aconteceu com o pintor e escultor Ismael Pereira.
Grande referência para as novas gerações, o artista nasceu em Capela, em 1940,
e viveu alguns anos na capital sergipana, antes de ir construir uma sólida
carreira artística em Alagoas.
Ismael passou quase 40 anos no estado vizinho. Fixou-se em
Arapiraca entre 1968 e 2005. A presença do folclore alagoano na obra de Ismael
Pereira é marcante, mas é possível detectar também símbolos da sua terra natal,
como o caju. Hoje, ele desenvolve seu trabalho na própria casa, onde vive com a
mulher e os filhos, em Aracaju.
O artista, uma das maiores referências do neo-regionalismo
nordestino na pintura, se mostra otimista com o futuro das artes plásticas na
cidade onde vive. "Tem-se investido mais nas artes plásticas e acredito
que essa tendência continue. As artes mantêm acesas as chamas da memória de um
lugar e de seu povo. É preciso valorizá-las", argumenta.
Renovação
Os experientes artistas sergipanos tais como Adauto Machado,
Beto Pezão, Luis Adelmo, Antonio da Cruz e o próprio Ismael Pereira vêem surgir
nomes promissores no cenário aracajuano das artes plásticas. Fábio Sampaio e
Cléber dos Santos Tintiliano são dois exemplos. Os jovens artistas têm se
destacado nos últimos anos e possuem uma característica em comum: o entusiasmo
em levar arte para as ruas.
Fábio Sampaio, 30 anos, é idealizador de alguns projetos
artísticos, dentre os quais o Projeto Caju na Rua, que recebe apoio da Fundação
Municipal de Cultura, Turismo e Esporte (Funcaju). Natural de Santos (SP), o
artista reside em Aracaju desde os 21 anos e já participou de várias exposições
na capital sergipana. "Aracaju me acolheu e fez com que desenvolvesse meu
trabalho de maneira satisfatória. O apoio ao artista plástico local está
aumentando e espero aproveitar bem esse momento", afirma.
Já Cleber dos Santos Tintiliano, 29, é mais um que sai do
interior para a capital em busca de reconhecimento e novas inspirações. Nascido
em Propriá, Tintiliano logo se muda para Aracaju, depois de arriscar as
primeiras pinceladas na cidade natal, incentivado pela avó. "Eu comecei
observando as pinturas em cerâmica que minha avó fazia para vender aos
turistas, durante a festa de Bom Jesus dos Navegantes. Em seguida, passei a
acompanhá-la. Tudo começou ali, ainda em Propriá", conta.
Em Aracaju, Tintiliano desenvolve um trabalho com
referências impressionistas amparadas pelos cenários da capital sergipana. Suas
aquarelas retratando importantes pontos da cidade já adquiriram certa fama.
Outra especialidade do jovem artista é o óleo sobre tela de inspiração
impressionista. "Minha identificação com o impressionismo é muito forte,
pois gosto de sair do ateliê e retratar o que vejo. Os cenários aracajuanos
são, no momento, minha maior fonte de inspiração", revela.
Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br
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