Imagem Cabral Machado: Divulgação.
Publicado originalmente no site do Palácio Olímpio Campos,
em 12/04/2016.
Estudantes conhecem o Palácio-Museu e o legado de Manoel
Cabral Machado.
Manoel Cabral Machado tinha uma memória e uma capacidade
intelectual prodigiosas. Leitor voraz e com uma sede de conhecimento enorme,
era dono de uma vasta biblioteca que guardava exemplares raros. Nascido em
1916, faleceu aos 92 anos, cego, porém lúcido. Nessa quarta-feira, 25, o
professor, intelectual e político sergipano de Rosário do Catete foi
homenageado pelo Palácio-Museu Olímpio Campos, abrindo a primeira de uma série
de rodas de leitura que o PMOC pretende promover ao longo de 2012. Estudantes
do ensino médio e familiares de Manoel Cabral Machado, que empresta o nome à
Biblioteca e Centro de Pesquisa do PMOC, foram convidados para participar da
primeira Roda de Leitura do PMOC que teve como mediadora nessa edição a
professora Roseneide Santana, da coordenação do PROLER da Universidade Federal
de Sergipe.
A tarde contou ainda com a apresentação musical do maestro
Daniel Freire, membro da Orquestra Sinfônica do Estado de Sergipe que executou,
dentre outras, ?Luar de Capela' de autoria de Manoel Cabral Machado. O
intelectual da Academia Sergipana de Letras, Estácio Bahia proferiu palestra
relembrando as principais contribuições do homenageado da tarde. Além dos
estudantes, representantes da sociedade civil, Academia Sergipana de Letras e
da Biblioteca Epifânio Dória marcaram presença no evento.
A grande capacidade intelectual levou Manoel Cabral Machado
a ocupar assento na Academia Sergipana de Letras. Foi a mente brilhante e a capacidade
para cuidar da coisa pública que o fez Deputado da Assembleia Legislativa em
três legislaturas e vice-governador do Estado de Sergipe, no Governo de
Lourival Batista (1966 a 1970). Como político foi responsável pela fundação de
quatro faculdades no Estado - Ciências Econômicas, Direito, Filosofia e Serviço
Social - na Universidade Federal de Sergipe.
Amante das letras, escreveu diversos ensaios, poesias e
artigos sobre a sociedade sergipana, tendo sido um dos mais atuantes
intelectuais sergipanos. Mesmo depois de ficar cego, Cabral Machado não parou
de "ler" nem de "escrever". Contam os relatos
bibliográficos que as secretárias liam, ele ouvia e, com sua memória
prodigiosa, elaborava na cabeça os textos e os ditava para elas as palavras a
serem ordenadas na tela do computador e depois impressas no papel.
Exemplo
Manoel Cabral Machado manteve durante toda a sua vida uma
importante biblioteca que foi doada integralmente pela família para compor o
acervo do Palácio-Museu Olímpio Campos, um anos após a sua morte. As obras
escritas por ele, e o acervo de livros que guardava foram apresentados aos
participantes da roda que saíram encantados do evento. "Foi maravilhoso
conhecer esse sergipano. Já tinha vindo aqui no Palácio-Museu, passado por essa
biblioteca, mas nunca me ative a esse sergipano ilustre. Que maravilha! Essa
vontade de aprender e de conhecer sempre deve servir de exemplo para todos. Eu
já tomei esse exemplo para mim", disse a estudante Ana Paula Freitas.
Cronista, ensaísta, poeta, cientista, ficcionista,
palestrante e eloqüente orador , Manoel Cabral Machado era filho de um médico
de Brejo Grande e de uma herdeira da família Cabral de Capela, cidade em que
foi criado e que considerava sua verdadeira terra natal. Graduou-se em Direto pela
então Escola de Direito da Bahia e retornou a Aracaju para ser secretário do
prefeito José Garcez Vieira.
Foi diretor do Serviço Público a convite do secretário
Francisco Leite Neto, no governo Maynard Gomes, secretário da Fazenda e
secretário chefe da Casa Civil no primeiro governo José Rollemberg Leite,
secretário da Educação no governo Celso de Carvalho e procurador geral no
governo Antônio Carlos Valadares. Foi diretor, já na idade madura, do
Departamento Jurídico do Tribunal de Justiça nas gestões de Luiz Rabelo Leite e
Clara Leite de Rezende, de onde se retirou quando se agravou o problema da
cegueira.
Manoel Cabral Machado faleceu em janeiro de 2009, a nove
meses de completar 93 anos. Católico fervoroso casou-se com Dona Lourdinha, com
quem teve seis filhos.
Texto e foto do evento reproduzidos do site:
palacioolimpiocampos.se.gov.br
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