Foto: Alejandro Zambrana.
Publicado originalmente pelo site da PMA, em 14/06/11.
Festejos juninos inspiram artistas sergipanos.
Por Michel Oliveira.
Seja pelo vermelho-alaranjado dos busca-pés e fogueiras, ou
pela fusão de cores dos vestidos e fitas, os festejos juninos servem de
inspiração para pintores sergipanos. O branco das telas é preenchido pelas
pinceladas coloridas desses artistas que, com sensibilidade e talento,
eternizam as cenas do período de forma particular. Cenas que remetem a um tempo
em que o São João era comemorado na porta das casas, com as ruas enfeitadas e
as famílias reunidas em volta das fogueiras.
Este tempo resiste nas telas de Joel Dantas, que retrata
seus personagens com o saudosismo de quem passou a infância no povoado Marcação
- atual município de General Maynard. Culto, o artista procura compreender seus
trabalhos e as manifestações populares através da mitologia. Vê no São João
diversas referências à religiosidade greco-romana, desde Prometeu - responsável
por entregar o fogo aos homens - aos cortejos a Baco - deus do vinho e das
festas.
"Eu pinto tradição com tradição", avalia Joel. Em
seus quadros, o retrato das guerras de busca-pé de Estância e o cortejo do
mastro e a guerra de bacamartes em Capela - antigas tradições que resistem ao
tempo, mesmo com algumas mudanças. Em frente à tela em branco, o artista se
deixa levar. "Pinto devagar, não tenho pressa. Respeito meu processo
criativo", define.
Para ele, a arte dá sentido à vida. Por isso, Joel se vale
do estudo constante para tentar compreender a complexidade dos signos e
significados ao seu redor. "A arte é a manifestação do desejo que a gente
traz no interior. Gosto de tentar absorver o sentido das coisas",
manifestou. Dos elementos característicos dos festejos juninos, encanta-se com
a simbologia do fogo. "Gosto de retratar o folclore de forma convincente,
de passar a carga de significado das coisas", disse.
Grandes detalhes.
Enquanto Joel Dantas desenvolve seus trabalhos baseados nas
cenas e personagens retratados de forma realista, a artista plástica Ana Denise
se vale da variedade de cores e da delicadeza do estilo naïf - pintura ingênua,
plana e de composição bidimensional. Em seus quadros, os detalhes compõem as
cenas, que vão das tradicionais quadrilhas às festas de massa, que reúnem
centenas de pessoas.
"Eu gosto muito de fazer meus trabalhos relembrando a
minha infância, o que eram os festejos juninos de verdade. O São João nosso é o
pé de serra. Eu me lembro das pessoas curtindo a festa com a família, sentadas
na porta. Hoje a gente não tem mais isso", analisa a artista. Retratar
essas lembranças demanda tempo. Ana já passou oito meses pintando um quadro.
Não podia ser diferente, pois cada tela apresenta uma infinidade de detalhes
que não se revelam de uma única vez. Cada figura tem uma história para revelar.
"Eu gosto de delinear as formas. Sou muito detalhista", avalia. Além
da pintura, o tema junino serve de inspiração para as xilogravuras que a
artista faz.
Trajetória.
Apesar das diferenças de estilo, ambos os artistas possuem
em comum o início de carreira. Participaram da primeira exposição de jovens
artistas da Galeria Álvaro Santos, alguns meses após a inauguração do espaço,
no ano de 1966. Lá, tanto Ana Denise quanto Joel Dantas já fizeram exposições
individuais. Devido ao grande destaque de seus trabalhos, e à recorrente
abordagem dos festejos juninos, são nomes obrigatórios na Coletiva Junina...
Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br
FOTOS/LEGENDAS/CRÉDITOS:
F/1 - Tela de Ana Denise retratando as festas juninas
F/2 - Ana Denise gosta de retratar como o São João era
festejado em sua infância
F/3 - Joel Dantas mostra a tela onde retrata a guerra de
busca-pés.
F/4 - Nesta tela, Joel retrata os bacamarteiros
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