sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Festejos juninos inspiram artistas sergipanos



Foto: Alejandro Zambrana.


Publicado originalmente pelo site da PMA, em 14/06/11.

Festejos juninos inspiram artistas sergipanos.

Por Michel Oliveira.

Seja pelo vermelho-alaranjado dos busca-pés e fogueiras, ou pela fusão de cores dos vestidos e fitas, os festejos juninos servem de inspiração para pintores sergipanos. O branco das telas é preenchido pelas pinceladas coloridas desses artistas que, com sensibilidade e talento, eternizam as cenas do período de forma particular. Cenas que remetem a um tempo em que o São João era comemorado na porta das casas, com as ruas enfeitadas e as famílias reunidas em volta das fogueiras.

Este tempo resiste nas telas de Joel Dantas, que retrata seus personagens com o saudosismo de quem passou a infância no povoado Marcação - atual município de General Maynard. Culto, o artista procura compreender seus trabalhos e as manifestações populares através da mitologia. Vê no São João diversas referências à religiosidade greco-romana, desde Prometeu - responsável por entregar o fogo aos homens - aos cortejos a Baco - deus do vinho e das festas.

"Eu pinto tradição com tradição", avalia Joel. Em seus quadros, o retrato das guerras de busca-pé de Estância e o cortejo do mastro e a guerra de bacamartes em Capela - antigas tradições que resistem ao tempo, mesmo com algumas mudanças. Em frente à tela em branco, o artista se deixa levar. "Pinto devagar, não tenho pressa. Respeito meu processo criativo", define.

Para ele, a arte dá sentido à vida. Por isso, Joel se vale do estudo constante para tentar compreender a complexidade dos signos e significados ao seu redor. "A arte é a manifestação do desejo que a gente traz no interior. Gosto de tentar absorver o sentido das coisas", manifestou. Dos elementos característicos dos festejos juninos, encanta-se com a simbologia do fogo. "Gosto de retratar o folclore de forma convincente, de passar a carga de significado das coisas", disse.

Grandes detalhes.

Enquanto Joel Dantas desenvolve seus trabalhos baseados nas cenas e personagens retratados de forma realista, a artista plástica Ana Denise se vale da variedade de cores e da delicadeza do estilo naïf - pintura ingênua, plana e de composição bidimensional. Em seus quadros, os detalhes compõem as cenas, que vão das tradicionais quadrilhas às festas de massa, que reúnem centenas de pessoas.

"Eu gosto muito de fazer meus trabalhos relembrando a minha infância, o que eram os festejos juninos de verdade. O São João nosso é o pé de serra. Eu me lembro das pessoas curtindo a festa com a família, sentadas na porta. Hoje a gente não tem mais isso", analisa a artista. Retratar essas lembranças demanda tempo. Ana já passou oito meses pintando um quadro. Não podia ser diferente, pois cada tela apresenta uma infinidade de detalhes que não se revelam de uma única vez. Cada figura tem uma história para revelar. "Eu gosto de delinear as formas. Sou muito detalhista", avalia. Além da pintura, o tema junino serve de inspiração para as xilogravuras que a artista faz.

Trajetória.

Apesar das diferenças de estilo, ambos os artistas possuem em comum o início de carreira. Participaram da primeira exposição de jovens artistas da Galeria Álvaro Santos, alguns meses após a inauguração do espaço, no ano de 1966. Lá, tanto Ana Denise quanto Joel Dantas já fizeram exposições individuais. Devido ao grande destaque de seus trabalhos, e à recorrente abordagem dos festejos juninos, são nomes obrigatórios na Coletiva Junina...

Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br

FOTOS/LEGENDAS/CRÉDITOS:
F/1 - Tela de Ana Denise retratando as festas juninas
F/2 - Ana Denise gosta de retratar como o São João era festejado em sua infância
F/3 - Joel Dantas mostra a tela onde retrata a guerra de busca-pés.
F/4 - Nesta tela, Joel retrata os bacamarteiros

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