Publicação apresenta as diversas vivências de cordelistas
Foto: Due Click Per Te/Divulgação
Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 20/03/2018
Elas querem e estão no Cordel
Primeira antologia que reúne histórias de 17 cordelistas sergipanas será lançada no próximo dia 22.
Por: Gilmara Costa/Equipe JC
Numa ação desafiadora de rimas, dezessete mulheres
cordelistas contam a própria história da vivência na Literatura de Cordel no
estado, compartilhando versos, medos, esforço, superação e, principalmente,
mostrando que o lugar da mulher é onde ela quiser. Das Neves às Nuvens - I
Antologia das Mulheres do Cordel Sergipano” abre as atividades literárias da
Academia Sergipana De Cordel (ASC) neste ano, com lançamento no próximo dia 22,
às 19h, no Clube da Caixa.
“É a primeira publicação inteiramente feminina, em que cada
participante se apresenta, numa espécie de autobiografia através do cordel.
Essa é a nossa primeira ação este ano, abrindo o cronograma de eventos
culturais das ASC, a academia com o maior número de mulheres cordelistas no
país e que lança a primeira antologia exclusivamente feminina. São 17
cordelistas, onze são membros da academia e outra seis foram convidadas, e
através das histórias, é possível observar como se deu a presença de cada uma
no gênero literário predominantemente masculino”, explicou a presidente da ASC,
Izabel Nascimento.
Do planejamento à palavra rimada, a publicação tem como
princípio fortalecer as mulheres, desde a autoestima à conquista de espaços na
sociedade. “É uma forma de empoderamento, de contar as histórias de mulheres que
foram silenciadas, que não podiam ler e escrever cordel. Daí ser uma homenagem
a Maria das Neves Batista Pimentel, primeira mulher cordelista que se tem
notícia, a partir de 1938, e que assinou a produção com o nome do esposo,
Altino Alagoano. Assim, desbravadora que teve a voz sufocada, ‘Das Neves’
intitula esta obra como pedra angular de uma construção permanente que busca,
nas partículas das nossas lidas, a fonte das águas finas, ‘as nuvens’ de paz”,
disse Izabel.
A presidente da ASC ainda ressalta a construção de todo o
processo de construção do projeto desafiador e pioneiro. “É um evento
totalmente feminino, numa ação coletiva de mulheres que se dispuseram a não
somente escrever, contar suas histórias, mas também organizar, preparar todo o
evento. E isso conta com o ensaio que fizemos em parceria com o trio de
fotógrafas Elayne Melo, Edmara Melo e Viveca, que proporcionou às participantes
registros lindos, e que não somente ajudam na divulgação do nosso trabalho, mas
também fortalecem a autoestima de cada uma. Isso gera um processo de força e
reafirmação dos desejos de cada uma”, revelou.
A publicação conta com o cordel de ‘calouras e veteranas’
cordelistas que encontram no gênero literário a forma de falar verdades,
expressar desejos, contar histórias. “São mulheres de 15 a 88 anos, numa
diversidade de experiências que e vivencias na literatura de cordel. Temos
pessoas que silenciaram o seu cordel em épocas passadas e que agora engrossam o
coro feminino, ecoando a voz da mulher, num permanente fortalecimento. O
evento, sem dúvida, será um marco para o nosso cordel, pois faremos com que a
voz da mulher cordelista será ouvida, numa celebração de conquistas e de não
mais se deixar silenciar”, afirmou.
Das Neves
Maria das Neves era Filha de Francisco das Chagas Batista,
um dos pais do cordel brasileiro, Maria das Neves Batista Pimentel acompanhou-o
na escalada da instalação da Popular Editora em João Pessoa (PB), sendo
testemunha da construção do cordel no Nordeste. Altino Alagoano foi o
pseudônimo utilizado para publicar os cordéis a partir de 1938, a exemplo de ‘O
Violino do Diabo’ e ‘O Preço da Honestidade’. Publicou ainda ‘O Amor Nunca
Morre’ e ‘O Corcunda de Notre Dame’.
Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net
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