Imagem extraída do youtube.com
Foto reproduzida do Google
Imagens postadas pelo blog Isto é SERGIPE
Texto reproduzido do site do Portal Infonet, em 24 de agosto de 2018
Agonalto Pacheco: Um militante do Partido Comunista
Brasileiro
BLOGSGETEMPO
Kátia Patrícia Santos Seixas
E-mail: kpvaluar@hotmail.com
Graduada em História pela Universidade Federal de Sergipe
Pós graduada em “educação de jovens e adultos” pela UNB
Mestranda do Profhistoria pela UFS
Em conversas informais e em vários meios de comunicação,
podemos presenciar discussões acerca da democracia e da ditadura. É fácil
constatar a existência de uma bipolarização de pensamentos que geram constantes
atritos entre as pessoas. Muitos chegam
a duvidar do fato de que teria ocorrido no Brasil uma ditadura. Diante dessas
questões, faz-se necessário dar maior visibilidade àqueles que presenciaram e
sofreram o autoritarismo praticado por agentes do governo militar entre os anos
de 1964 e 1985.
Nesse sentido, apresentaremos um relato sobre a trajetória
de Agonalto Pacheco da Silva, enfatizando sua participação política em Sergipe
e as consequências de defender as doutrinas do Partido Comunista em um período
no qual vigorava uma demonização acerca do comunismo.
Agonalto Pacheco da Silva nasceu em 28 de fevereiro de 1927,
no município de Aquidabã, Estado de Sergipe, filho de José Francisco da Silva e
Eudóxia Pacheco da Silva. Fez parte do movimento estudantil quando ainda
estudava o equivalente ao ensino fundamental. Participou de movimentos que
protestavam contra a guerra e o nazismo. Tais atividades despertaram sua
simpatia pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), filiando-se ao mesmo em 1944.
A atitude, rebeldia e defesa dos interesses que estavam
sendo colocados pelo Partido naquele período, muito influenciaram a opção
política de Agonalto. Naquele momento, os comunistas passaram a ser vistos com
simpatia por vários segmentos da sociedade brasileira, especialmente ao
criticar ferozmente o nazismo. Assim, os comunistas começaram a aparecer como
os antifascistas mais decididos e vistos como patriotas, prontos a qualquer
sacrifício em nome dos interesses nacionais.
Ao ingressar no Partido Comunista Brasileiro, afasta-se do
Movimento Estudantil e passa então a se dedicar ao Movimento Popular de Bairro,
passando, através desse movimento, a ter os primeiros contatos com as
organizações de massa.
Em 1947 o presidente Eurico Gaspar Dutra cortou relações com
a União Soviética e pediu a extinção do Partido Comunista Brasileiro (PCB) que
foi, pouco depois, declarado ilegal por decisão judicial.
Agonalto foi diretor do jornal sergipano “Folha Popular” em
1954 e entre os anos de 1958 a 1961, exerceu o mandato de vereador do município
de Aracaju, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), já que o PCB tinha se tornado
ilegal.
A partir dos acontecimentos desencadeados com o golpe
civil-militar de 1964, Agonalto Pacheco é, então, processado. Passa a viver na
clandestinidade em Aracaju. No inquérito aberto pelo Departamento de Ordem
Política e Social do 28º BC, em 15 de setembro 1964, havia uma gama de
acusações que procuravam aponta-lo como o mais influente instigador de greves
dos trabalhadores e de passeatas contra o governo. Apresentaram seu nome como
autor de todos os editoriais do jornal do PCB, “Folha Popular”,
caracterizando-o, assim, como elemento de personalidade exaltada e responsável
por todas as atividades consideradas subversivas no Estado.
Diante da impossibilidade de continuar com suas funções em
Sergipe, transferiu-se para São Paulo, onde passou a integrar o movimento
revolucionário Aliança Libertadora Nacional (ALN), chefiado por Carlos
Marighela, atuando junto aos movimentos sindicais. Em 08 de janeiro de 1969 foi
preso e levado ao Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), onde
permaneceu detido por oito meses, sendo submetido a vários tipos de tortura. Em
1969, membros da Aliança Libertadora Nacional e do Movimento Revolucionário 08
de Outubro (MR-8) sequestraram o embaixador norte americano, Charles Elbrick e
exigiram do governo, para a libertação deste, a saída de 15 presos políticos da
cadeia. Entre esses, Agonalto Pacheco, que foi levado para o México no dia 06
de setembro, passando um mês nesse país. Posteriormente, recebeu um convite do
governo cubano e foi recebido por Fidel Castro no aeroporto. Passou a trabalhar
no Ministério das Construções de Cuba, onde permaneceu por dez anos. Cursou
filosofia em Havana e retornou ao Brasil em setembro de 1979, após a
promulgação da Lei de Anistia, durante o governo de João Baptista Figueiredo.
Em 1985, Agonalto fez parte da equipe administrativa do
prefeito José Carlos Teixeira, exercendo a função de secretário de governo.
Nesse mesmo ano foi eleito Presidente da Associação dos Moradores do Conjunto
D. Pedro I.
Sua luta alcançou reconhecimento nacional, além de estar
imortalizado na foto que expõe os treze ex-militantes que foram permutados pelo
Embaixador americano e que é considerada por alguns jornalistas, o retrato de
formatura da oposição radical ao regime militar. Sua figura também foi imortalizada
no Museu da Liberdade de São Paulo, apontando o mesmo como um dos defensores da
liberdade brasileira.
Para saber mais:
SEIXAS, Kátia Patrícia Santos. Memórias de um Militante do
PCB: Agonalto Pacheco. São Cristóvão, 2003.
Texto reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs/getempo
Quero agradecer a pesquisadora Kátia Patrícia Santos Seixa kpvaluar@hotmail.com, pela brilhante pesquisa. Uma pessoa extraordinária, de coração puro, sempre ajudando aos outros, não tinha tempo ruim, sempre tranquilo... Esse era Agonalto Pacheco... Muito obrigada em nome de toda minha família.
ResponderExcluir