Publicado originalmente no site 93noticias, em 7 de setembro
de 2018
Esclarecendo a verdade da história e do bravo povo
Itabaianense
Por Carlos Mendonça
Nos últimos anos, depois que o cineasta, historiador e
escritor José de Almeida Bispo passou a alertar em suas publicações, para um
grave erro que havíamos, e estávamos cometendo sobre a data da Emancipação
Política de Itabaiana, devidamente comprovada como incerta; algumas pessoas, e,
notadamente agentes públicos, não deram a mínima importância a história real,
insistindo no erro, do qual todos nós fomos vítimas, mais uma vez dessa
malfadada história oficial. Errar sem saber é compreensível, persistir no erro
sabendo que está errado, é coisa pra quem vive na incerteza, ou pra quem não
observa o óbvio!
Partindo
do princípio e do ditado popular Itabaianense, de que (água mole em pedra dura,
tanto bate até que fura), diminuiu consideravelmente o número daqueles que
defendiam a tese de que nossa Emancipação Política era 28 de Agosto.
Entretanto, outros, passaram a defender a tese de que o Município de Itabaiana
estava, neste ano de 2018, completando apenas 130 anos de história. Os que
defenderam 130 anos de elevação á Cidade, estavam corretos! De história, não!
Gente,
dizer que Itabaiana só tem 130 anos de história, é nos resumir apenas ao
período republicano (1889-2018). E onde fica nossa história do tempo do Brasil
Imperial (1822-1889), e do Brasil Colonial (1500-1822)? Não se apaga uma
história! Na verdade, a história desse universo chamado Itabaiana, data de bem
antes do descobrimento do Brasil, com os filhos naturais e originais dessa
terra, os indígenas. Mas, como eles, bem como todos os índios nordestinos,
foram covardemente perseguidos e exterminados por mercenários paulistas
(bandeirantes), deixemos a história do antes, e vamos nos ater a partir de
1500, quando, seis anos depois, a Serra de Itabaiana era grafada no mapa
mundial em que aparecia o Continente Americano, do alemão Martim
Waldseenmuller.
Pois
muito bem. Nossa história propriamente dita começa aí, já que antes mesmo de
nosso território começar a ser distribuído em sesmarias (1601), Melchior Dias
Moreia, neto de Caramuru, já partia em busca da prata que se dizia haver nas
Serras de Itabaiana. A partir da exploração de nossas terras por parte dos
sócios de Garcia D’Ávila, da Casa da Torre, Itabaiana se transforma em um
verdadeiro oásis econômico, ao ponto de em 1612, ser considerada a maior
fornecedora de gado para o Brasil. Tanto, que em 1619, o Governador Geral, D.
Luiz de Souza, visita Itabaiana, e, por esse tempo, é construída a nossa
primeira igreja, localizada próximo ao Rio Jacarecica, atualmente em ruínas. Em
1628, o próprio dono da Casa da Torre, Francisco Dias D’Ávila, chega a
Itabaiana na companhia de Domingos Calabar, para verificar in loco, a quantas
ia a criação de gado, do qual era sócio proprietário, quanto a respeito das
minas de prata, que desejava explorar.
A nossa
história não para por aí. Em 1637, quando os holandeses invadiram o território
sergipano, tiveram como objetivo principal, buscar as pratas da Serra de Itabaiana
e o gado da Casa da Torre. Deram com os burros nas pedras da serra, e tiveram
que bater em retirada. Em 1656, os
criadores de gado de Itabaiana se rebela contra a cobrança abusiva de impostos
e invadem com suas boiadas, a Capital São Cristóvão, sendo este movimento
conhecido como a Rebelião dos Curraleiros. Nove anos depois, diante da nossa
religiosidade, era fundada a Irmandade das Santas Almas do Purgatório. Em 1674,
D. Rodrigo Castelo Branco chega a Itabaiana com dois objetivos: encontrar a
prata e fundar uma cidade. Como não encontrou a aludida prata, foi embora com
as mãos abanando. Entretanto, por uma artimanha do Vigário de São Cristóvão que
tinha terras em Itabaiana, Sebastião Pedroso de Gois, é criada na localidade, a
Freguesia de Santo Antônio e Almas de Itabaiana. Com o crescimento do Arraial e
por ordem do Rei, o Governo da Colônia faz da Freguesia de Itabaiana, uma vila
independente, até então subordinada a São Cristóvão, passando a chamar-se, Vila
de Santo Antônio de Itabaiana, sendo sua sede, o dito Arraial. Ao mesmo tempo
em que era criada a Câmara de Vereadores de Itabaiana, em 20 de Outubro de
1697, data da nossa Emancipação Política.
Pensam
que acabou! Agora é que tem história! Em 1700, no dia 16 de julho, são nomeados
para o Município de Itabaiana: João da Costa Feyo (Alcaide / Prefeito); Manoel
Silva de Souza (Escrivão / Secretário); Agostinho Ximenes Correia (Escrivão da
Câmara); e Manoel João do Cabo (Tabelião do 1° e 2° Ofício). Começava naquele
momento, a história administrativa de Itabaiana.
No
aspecto religioso, o Padre Francisco da Silva Lobo escreve ao Rei sobre
Itabaiana, pedindo que ali seja edificada a matriz de Santo Antônio. Pedido
feito e aceito. A igreja foi construída e inaugurada em 1764, dando início as
festividades católicas que até hoje são desenvolvidas.
A partir
do século XIX, o povo de Itabaiana começa a se destacarem no comércio, sendo
eles os responsáveis pela implantação de feiras livres em Laranjeiras e São
Cristóvão, além dos serviços de almocreve (troperagem), transporte de
mercadorias em lombo de animais. Na política, depois de se destacar com Machado
Mendonça em meados do século XVIII, surge em 1821, a liderança do Capitão José
Matheus da Graça Leite Sampaio, que comanda a rebelião contra a Capitania da
Bahia, a favor da independência de Sergipe, a qual ocorre em 1823, sendo, Leite
Sampaio, presidente por um mês. Neste mesmo ano, o Barão de Itabaiana, Manuel
Rodrigues Pessoa, na qualidade de Diplomata, vai a Inglaterra e convence aos
ingleses a reconhecer oficialmente a Independência do Brasil. Só que para isso,
teve que tomar, para o Brasil pagar, um empréstimo no valor de três milhões de
libras esterlinas. Início da agiotagem e da nossa impagável dívida externa. De
qualquer forma, a Independência do Brasil passou por Itabaiana!
Em 1826,
Leite Sampaio foi eleito deputado Imperial, com parlamento no Rio de Janeiro.
Em 1832, o Itabaianense João de Deus Machado, assume o Governo de Sergipe. Por
volta de 1848, em Pernambuco, enquanto Liberais e Conservadores disputavam o
poder á bala, através da Revolução Praieira, em Itabaiana, Liberais e
Conservadores fizeram a Revolução Ceboleira, com vários mortos e feridos. Em
1852, com quase treze mil habitantes, Itabaiana conta com 28 engenhos de
açúcar, e no ano seguinte, se registra no município, a primeira epidemia de
cólera, sendo que nesse mesmo ano, chega os correios em nosso território. Em
1854, Tobias Barreto chega a Itabaiana para ensinar humanidades e filosofia. Em
1855, ocorre em Itabaiana, a segunda epidemia de cólera, com 338 mortes só na
sede municipal.
Pense
numa história longa, viu! Em 1856, novamente Liberais e Conservadores brigam
pelo poder, à bala, com inúmeros opositores presos. No ano seguinte era
edificado um cemitério no fundo da Igreja Matriz de Santo Antônio. Também,
implantado um colégio só para moças. A comarca e a promotoria foi implantada em
1859, para em 1863, ocorrer a terceira epidemia de cólera, com quase mil
mortes. Em 1871, o censo registra que o território de Itabaiana tinha a maior
população escrava da província.
Por
ideia do então deputado provincial Guilhermino Bezerra, finalmente a sede do
município de Itabaiana, até então chamada de Vila, passa ao termo de Cidade,
mediante a resolução n° 1.331, de 28 de Agosto de 1888, aprovada pela
Assembleia Provincial e sancionada pelo presidente da Província, Francisco de
Paula Prestes Pimentel. Dessa data pra cá, é a história que todos já conhecem.
Visto que, pra muitos, só temos 130 anos de história.
Ainda
bem, graças a Deus, que Itabaiana dispõe de historiadores como José de Almeida
Bispo, Vladimir Souza Carvalho, entre outros, capacitados e interessados em
descobrir e publicar a verdade da nossa história real. Porque se dependermos da
malfadada história oficial, continuávamos sendo enganados, como fomos até
agora, e enganando as futuras gerações. Portanto, senhoras e senhores. Se nossa
emancipação política não data de 28 de Agosto, significa que não temos apenas
130 anos de idade, muito menos de história. Mas sim, a idade que realmente
temos, neste ano de 2018: 130 anos de Cidade, 197 anos de Independência da
Bahia, 318 anos de Administração, 321 de anos Emancipação Política, 343 anos de
fundação, e 512 anos de descobrimento. Logo, Itabaiana é tão antiga quanto o
Brasil, e, por isso, seja tão grande e famosa, cuja a história de seu povo,
está inserida no contexto da literatura, do cinema, da música e do teatro;
cantada, contada e encantada em prosa e verso. Afinal de contas, queiram ou
não, Itabaiana é o Centro do Universo.
Quem
quiser discordar, ou discutir o assunto, fiquem a vontade, porque á vontade e a
disposição, nós estaremos!
Texto e imagem reproduzidos do site: 93noticias.com.br
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