quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Ocupe a Praça, sobre o cinquentenário das manifestações de 1968






 Presidente da Funcaju, Cássio Murilo

Ana Lúcia

 Larissa Carvalho

 Graziele Ferreira







Fotos: Edinah Mary

Publicado originalmente no site da PMA, em 5 de setembro de 2018

Jovens dialogam, no Ocupe a Praça, sobre o cinquentenário das manifestações de 1968

“Eu vejo o futuro repetir o passado. Eu vejo um museu de grandes novidades. O tempo não para. Não para não, não para”. Já dizia o cantor Cazuza na letra desta canção ‘O Tempo Não Para’, de 1988, que destaca as contradições da sociedade brasileira que, já livre da ditadura, permanecia moralista e conservadora. Replicando para ainda muito antes, a década 1968, o tempo não para mesmo. A música reflete acerca da inevitabilidade da passagem do tempo e o modo como ela acontece, sublinhando que a história se repete.

Após cinco décadas do 1968, estudantes, sociólogos, artistas, professores, um público formado, principalmente, por jovens, se juntam para dialogar a amplitude dos acontecimentos daquele ano no mundo. O palco para esse rico debate foi o ‘Ocupe a Praça’, projeto promovido pelo Núcleo de Produção Digital Orlando Vieira (NPD), unidade da Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju). O evento aconteceu nesta quarta-feira, 05, no Centro Cultural da capital, localizado na Praça General Valadão.

As manifestações de 1968 ainda influenciam diversos movimentos militantes que lutam pelas reivindicações feitas desde aquela época. Então, quais foram as conquistas resultantes desse marco histórico e o que ainda precisa ser conquistado? O Ocupe a Praça, por meio do quadro ‘Liquidifica Diálogos’, trouxe essa reflexão sobre questões relacionadas ao cinquentenário de protestos que ganharam as ruas de Paris e tornaram-se referência para protestos que repercutem com força e marcam o momento histórico atual no Brasil e no restante do mundo.

O presidente da Funcaju e professor, Cássio Murilo, foi um dos mediadores do Liquidifica Diálogos, e ressaltou que é preciso refletir sobre os acontecimentos de 1968 e as possíveis consequências em relação ao tempo presente. “Temos mais semelhanças do que diferenças. É um momento de curto circuito da história. Hoje nós temos um empoderamento das agendas de juventude, étnico-racial, de gênero e transgênero. Por outro lado, temos uma ascensão conservadora muito forte e uma dificuldade de diálogo. Esse curto circuito é sistêmico e esse debate não se esgota aqui”, pontuou.

Para a professora e deputada estadual, Ana Lúcia, a reação conservadora no Brasil e no mundo faz com que o legado dos protestos de 1968 precise ser revisitado 50 anos depois. “O Ocupe a Praça é uma das ações mais interessantes enquanto política pública. Ela vem agregando gerações a partir das temáticas e essa temática que trouxemos de 1968 é de extrema importância. A gente está buscando a memória dos acontecimentos históricos para entendermos o que aconteceu no passado e como está influenciando o agora, e daí ter dimensão do que pode acontecer no futuro”.

Documentário

Para amplificar ainda mais o debate, a programação do ‘Ocupe a Praça’ trouxe a exibição do documentário ‘Resistência’, dirigido por Eliza Capai. O filme dá vozes as ocupações, mostrando os movimentos e manifestações de luta por direitos constitucionais, como igualdade de gênero, educação, cultura e pela democratização da mídia. “Ele conta a história das ocupações político-culturais que ocorreram em todo país, após a votação ocorrida na Câmara dos Deputados, que consagrou o golpe de Estado de 2016”, explicou a coordenadora do NPD, Graziele Ferreira.

Frequentadora assídua do ‘Ocupe a Praça’, a socióloga Larissa Carvalho aprovou a escolha do tema, pois conseguiu discutir a expansão das liberdades, o recrudescimento do conservadorismo e as contradições do tempo atual. “As histórias acabam se repetindo. O legal deste Ocupe a Praça foi o de trazer, para um espaço cultural, um público jovem que conhece a década de 68 apenas na história. É fazê-los perceber a ligação entre o passado e o futuro. É importante estarmos sempre fazendo esse link do que foi a revolução de 1968 e o que está acontecendo em 2018, não só no Brasil, mas no mundo inteiro”.

O Ocupe a Praça desta semana, intitulado ‘M68/18’, reafirmou o verdadeiro objetivo do projeto que é o de levar ao público pautas de suma relevância social, não só no cenário regional, mas também nacional, abrindo espaço para o fomento de debates. Para além de uma programação rica em diálogos, o projeto contou também com o show da banda sergipana psicodélica Plástico Lunar, no palco montado na praça General Valadão, marco zero da capital.

Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário