Publicado originalmente no site da SECULT, em 23 de junho de 2018
Animação da torcida marca abertura do Arraiá do Gonzagão
Quadrilhas apresentaram enredo que discute xenofobia, seca
no sertão e cultura identitária
Ao som da zambumba, triângulo e sanfona, o espetáculo de
quadrilhas foi a principal atração que encantou todo o público. As
arquibancadas foram lotadas e, enquanto os integrantes dançavam no salão,
crianças se divertiam imitando os seus passos. Na última noite de sexta-feira,
22, foi dado início ao concurso de quadrilhas realizado no Gonzagão, em
Aracaju. O evento é integrado ao Encontro Nordestino de Cultura 2018 e a sua
maior proposta é manter uma tradição viva.
Os festejos juninos marcam uma época na qual o sentimento de
pertencimento perpetua uma tradição. Pensando nisso, quadrilhas se preparam
durante muito tempo para apresentar coreografias que espelham a busca por
sobrevivência em tempos de seca, o trabalho no campo, a luta contra o
preconceito e a alegria de um povo que não baixa a cabeça facilmente frente às
dificuldades.
“Sou nordestino, sim senhor!” entoavam em alto e bom tom os
quadrilheiros no meio do salão com cartazes que apresentavam comentários
preconceituosos contra o povo do nordeste. “Nós queremos mostrar a importância
que o Nordeste exerce para todo o país, as belezas da região e quebrar
estereótipos”, afirma Renan Torres, marcador da quadrilha Balanço do Nordeste
de Umbaúba.
Outro destaque da noite por suas cores diversas e passos
tradicionais foi a quadrilha da cidade de Tobias Barreto, Meu Chamego. “Temos
orgulho em falar que somos da capital do bordado! Nosso traje é todo trabalhado
na chita, pois queremos trazer a essência da quadrilha tradicional”, frisa
Anderson Darlan, marcador da quadrilha cujo tema visa enaltecer a essência do
São João antigo por intermédio das cores.
Retirantes do Sertão, de Frei Paulo, evidenciou o sofrimento
do sertanejo, a luta pela sobrevivência no período de seca, a colheita na
fartura do milho e a fé do pedido de chuva pra molhar a terra e abençoar a
plantação. Por sua vez, Xodó da Vila de Aracaju, buscou homenagear Raimundo
Jacó o vaqueiro nordestino com os santos juninos. Para este fim, cavalheiros
usaram trajes de couro e as damas incluíram o chapéu em seu figurino.
Todo o empenho investido pelas quadrilhas e organização da
festa foi reconhecido pelo público presente. Adultos, jovens e crianças
prestigiaram o evento, as arquibancadas se mantiveram cheias do início ao fim.
Para Givanildo Lima que acompanha a festa há vários anos, os festejos juninos
são uma forma de preservar a cultura no estado. “A edição deste ano está muito
melhor; ampliaram o número de arquibancadas, tem muita segurança no local e
corpo de bombeiros, vários quiosques vendendo comidas e bebidas”, reconhece.
Odete Alves frequenta o Gonzagão desde a sua criação e,
consequentemente, os festejos também. “As quadrilhas são sempre encantadoras e
este ano não foi diferente, todas as quatro que se apresentaram estão de
parabéns”, constata. Vários comerciantes estavam presentes dentro e fora do
local, Cristina Vasconcelos foi uma delas. Vendedora de churros há três anos
neste período de junho dentro do espaço, atenta para a relevância em dar
continuidade às quadrilhas para não perder a tradição, como também continuar
com os concursos todos os anos, pois, de acordo com ela: “a competividade entre
as quadrilhas só deixa tudo mais interessante”.
Texto e imagens reproduzidos do site: cultura.se.gov.br
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